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Sustentabilidade

As 50 Empresas do Bem

Um dos maiores desafios do Brasil, a gestão de resíduos virou lei. Conheça algumas companhias que saíram na frente.

Durante muito tempo, os brasileiros jogaram no lixo, literalmente, uma montanha de dinheiro, estimada em R$ 8 bilhões por ano pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Essa conta se refere apenas aos recursos que deixam de ser ganhos com o reaproveitamento dos resíduos no próprio sistema produtivo da empresa ou com a venda de insumos, como plástico, alumínio e vidro, para reciclagem. Além do aspecto financeiro, essa postura ajuda a agravar o quadro de doenças e tragédias que assolam o País. É que aquela inofensiva garrafa PET largada nas ruas de uma cidade como São Paulo pode ter um efeito desastroso na vida dos cidadãos, especialmente em dias de chuva. A partir de junho, porém, essa história tem grandes chances de mudar.

E a mola propulsora é a Lei de Resíduos Sólidos (12.305/2010). Em linhas gerais, ela obriga todas as companhias a montar um esquema para recolher e dar destino correto aos insumos gerados por sua atividade. Em outras palavras, a chamada logística reversa. Apesar de chegar atrasado nessa corrida países como Estados Unidos, Japão e Alemanha adotaram dispositivos semelhantes a partir da década de 1970 , o governo brasileiro espera recuperar o tempo perdido. Nossa lei é baseada nas últimas diretrizes da União Europeia, diz Silvano Silvério da Costa, secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente.

Mas, antes mesmo da vigência completa da lei, prevista para 2016, diversas empresas vêm desenvolvendo mecanismos para obter dividendos da gestão correta de seus resíduos. E isso inclui todos os setores. Do bancário à confecção, passando pelos fabricantes de eletroeletrônicos. Em sua edição 2011 de “As 50 Empresas do Bem”, a DINHEIRO lança luzes sobre alguns exemplos marcantes nesta área. Não se trata de um ranking, mas sim de uma seleção de iniciativas voluntárias que surpreendem pela criatividade e pelo compromisso com a sustentabilidade. Tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico.

Sabesp
 
Oito fábricas do setor químico, instaladas em Mauá, na Grande São Paulo, vão começar a receber água de reúso para uso industrial, tratada na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Sabesp, no bairro de Heliópolis, zona sul da capital. A água sairá dos reservatórios da empresa de saneamento básico e chegará por meio de uma tubulação de 17 quilômetros de extensão até o complexo empresarial.
 
Diferentemente da água para beber, o insumo para fins industriais é utilizado para lavar maquinários, chão de fábrica ou para geração de vapor utilizado no processo fabril. As empresas ainda compram água potável para uso industrial, diz o engenheiro Guilherme Paschoal, diretor da Aquapolo Ambiental, uma sociedade da Sabesp com a Foz do Brasil, empresa do grupo Odebrecht, criada para atender o polo petroquímico de Mauá.
 
Além de ser ambientalmente responsável, o insumo reciclado custará bem menos para as empresas: em vez de R$ 10 o metro cúbico (preço da água para consumo), as empresas vão gastar R$ 3 por metro cúbico. Com a adição de produtos químicos, a qualidade fica excelente, só não pode ser consumida por ausência de minerais, afirma Paschoal. A Aquapolo está investindo R$ 253 milhões no projeto, que entrará em operação em julho do ano que vem. 
 
2 – Marfrig/Seara
 
Em meados de 2010, a Seara Alimentos, do grupo Marfrig, iniciou o processo de troca do combustível utilizado em suas caldeiras industriais. Nas fábricas de Jacarezinho, (PR) e de Criciúma (SC), o óleo BPF, derivado do petróleo, foi substituído por um óleo vegetal feito à base de resíduos de soja.
 
Com isso, a empresa substituiu um combustível fóssil por outro renovável e ecologicamente correto. A previsão é de que mais cinco plantas de São Paulo e de Mato Grosso do Sul passem a utilizar o produto até o final de 2012. A velocidade da implementação do projeto nessas unidades depende de dois fatores: encontrar os fornecedores adequados dos resíduos do grão e empresas que transformem essa matéria-prima em bióleo. 
 
Temos mais de 50 plantas no Brasil e a maioria já utiliza soluções sustentáveis como combustível, diz Clever Ávila, diretor de desenvolvimento industrial e sustentabilidade do grupo Marfrig.  Além da soja, biomassa de cana e de eucalipto são as outras fontes utilizadas. Segundo Ávila, a empresa levou um ano e meio para desenvolver a tecnologia do bióleo.
 
 
3 – McDonald’s
 
O mesmo óleo que frita as batatas, nuggets e tortinhas do McDonald’s  vai movimentar  os veículos que levam os alimentos às unidades da rede de fast-food em São Paulo. A Arcos Dourados, que controla a rede americana de lanchonetes na América Latina desde 2007, e sua operadora logística Martin-Brower  passaram os últimos 18 meses desenvolvendo e testando um projeto para reutilizar o óleo de fritura no transporte e permitir a economia de combustíveis.
 
O projeto-piloto abrange dez unidades em São Paulo, abastecidas pelo centro de distribuição em Osasco (SP), responsável por 70% dos insumos. Os parceiros são a Volkswagen e as fabricantes de motores Cummins e MWM International, que produziram quatro veículos com 20% de biodiesel e um veículo capaz de rodar apenas com o combustível sustentável.
 
Após um ano de testes, percebemos que os caminhões com 20% de biodiesel consumiram apenas 5% mais do que os alimentados por diesel comum, afirma Celso Cruz, diretor da cadeia de suprimentos da Arcos Dourados. Ficou dentro do esperado porque, embora o biocombustível tenha menor poder calórico, por ser mais barato que o diesel, ainda traz recompensa econômica.
 
O processo de transformação do óleo em biodiesel acontece em uma usina em Sumaré, no interior de São Paulo. Com o projeto-piloto aprovado, a empresa estuda, no momento, a ampliação da iniciativa.
 
Está sendo avaliado quantas das 620 lojas da rede poderão adotar a prática e se ela será expandida para o Nordeste, onde existe um centro de distribuição no Recife. No futuro, o McDonald’s pretende substituir, com biocombustível, dois milhões do total de cinco milhões de litros anuais de diesel consumidos pelos caminhões da Martin-Brower.
 
4 – Solví
 
Aos olhos da maioria da população, os aterros sanitários não passam do destino final do lixo doméstico produzido diariamente. A partir da introdução de novas tecnologias, porém, esses depósitos estão deixando de ser sinônimo de poluição. Administradora de oito aterros na região Sul, a Solví apresenta hoje uma das melhores experiências de redução de impactos ao meio ambiente em sua unidade de São Leopoldo (RS), onde são processadas 130 toneladas de lixo por dia.
 
Desde 2007, a empresa adota um processo de evaporação do chorume, um líquido negro e tóxico resultante da decomposição do lixo. Para gerar o calor necessário, a Solví, subsidiária do grupo Veja,  capta o metano um gás combustível gerado pelo aterro e o canaliza para um evaporador.
 
A cada dia, 18 metros cúbicos de chorume são evaporados, num processo limpo que libera vapor para a atmosfera e deixa apenas 2% de resíduos sólidos, que são devolvidos ao aterro. Já fazíamos o tratamento do chorume, que agora está sendo queimado em condições adequadas, eliminando qualquer risco de contaminação, diz Idacir Pradella, gerente operacional da regional sul da Solví.
 
A experiência deu tão certo que será replicada no aterro da cidade gaúcha de Giruá. Serão investidos R$ 2 milhões no sistema, que reduzirá de oito para dois o número de tanques de contenção do chorume.

5 – Embaré
 
A empresa mineira de laticínios Embaré resolveu gerar a sua própria energia. E fez isso por meio do tratamento de suas sobras industriais. Desde 2008, a estação de tratamento localizada no município de Lagoa da Prata, a 200 quilômetros de Belo Horizonte, conta com um gerador que permite a queima do gás metano, gerando 1,3 quilowatt (KW) de energia diariamente.
 
Dessa forma, a empresa economiza R$ 15 mil mensais, que antes eram gastos com a conta de luz. Futuramente, a Embaré pretende acrescentar mais um gerador no local, que permitirá também fornecer energia para o clube dos seus funcionários, localizado perto da estação.
 
Esse projeto consumiu investimentos de R$ 5,5 milhões. Outra iniciativa é o tratamento do líquido que resta da produção de leite em pó e de outros produtos lácteos fabricados pela empresa. Tratamos a água extraída do leite e a devolvemos limpa à natureza, diz Hamilton Antunes, vice-presidente de gestão e finanças da Embaré.
 
6 – Monsanto
 
A Monsanto, produtora de sementes e defensivos agrícolas que se tornou sinônimo de alimentos geneticamente modificados, já foi vista com desconfiança pelos ambientalistas, devido à  polêmica em torno dos transgênicos.  Para reverter essa imagem negativa e revigorar sua marca, a empresa americano resolveu apostar na sustentabilidade.
 
Um dos projetos nessa área utiliza um plástico reciclável, denominado Ecoplástica Triex, proveniente de galões de defensivos agrícolas em parte das embalagens de 20 litros de sua linha de herbicidas.
 
Com a utilização de cada embalagem, a Monsanto contribui para reduzir a emissão de 3,6 kg de CO² na atmosfera, o que representa cerca de 45% menos na comparação com outros recipientes. Por meio do processo de reciclagem e transformação, para cada 100 bombonas Ecoplástica Triex fabricadas, duas árvores deixam de ser cortadas ou um barril de petróleo é economizado.
 
Essa é uma ação não apenas ambiental, mas econômica, em sintonia com nossa filosofia de negócios, diz Leonardo Mattos, gerente-geral da unidade da Monsanto em São José dos Campos, no interior de São Paulo. A economia gerada para a Monsanto chega a 13% nos custos de produção das embalagens. A intenção agora é ampliar o uso do Ecoplástica Triex em recipientes de tamanhos variados. Para isso, a empresa já trabalha na criação de novos moldes.
 
7 – Vale
 
Olha, olha o trem. Ele vem surgindo por trás das montanhas azuis movido com uma mistura chamada de B20 (20% biodiesel e 80% de diesel comum), acima do estipulado pela legislação brasileira.
 
Esse é o projeto da paraense Biopalma da Amazônia,  cujo controle foi assumido em janeiro pela Vale, que pagou R$ 173,5 mi-lhões por uma fatia de 70% do capital. A companhia, que começa a produzir biocombustível neste ano, usará o óleo de palma para alimentar a frota de locomotivas, máquinas e equipamentos de grande porte da maior mineradora brasileira.
 
Do ponto de vista ecológico, trata-se de uma energia renovável. Optamos pela palma, pois é a cultura que tem a maior produtividade de óleo vegetal por área plantada, diz Ivo Fouto, presidente interino da Biopalma. 
 
A Biopalma possui seis polos em implantação na região do Vale do Acará e Baixo Tocantins, no Pará. Até 2019, o objetivo é atingir uma produção anual de 500 mil toneladas de óleo de palma, que será depois transformado em biocombustível. A empresa vai também apoiar os pequenos produtores. Em projeto-piloto, que teve início em 2010, 24 famílias já  começaram a plantar a palma. Neste ano, mais 100 famílias vão ser incorporadas ao programa.
 
8 – Petrobras
 
Uma iniciativa que começou no Com-plexo Petroquí-mico do Rio de Janeiro, em Ita-boraí, será levada para todas as operações da Petrobras. Trata-se da Agenda 21, que propõe a formação de fóruns municipais de debates, unindo a empresa à iniciativa pública e aos representantes das comunidades envolvidas.
 
Trata-se da nossa mais moderna ferramenta de relacionamento da Petrobras com as comunidades, diz Ricardo Frosini, diretor da Petrobras, responsável pela Agenda 21. Entre as propostas do programa se destacam  o cuidado com o saneamento básico e a preservação ambiental.
 
Na prática, as ações previstas pela Agenda 21 devem ser implementadas pelos governos locais, regionais e nacionais, em articulação com os demais setores, como ONGs. Nesse processo, a Petrobras atua apenas como um fomentador dos debates, contribuindo para o desenvolvimento social e econômico das populações que vivem próximas às unidades. Após um diagnóstico do município, ajudamos a elaborar um planejamento, com foco no desenvolvimento sustentável, afirma Frosini.
 
9 – Souza Cruz
 
Praticamente não há cestos de lixo na fábrica da Souza Cruz, em Uberlândia (MG), uma das duas unidades industriais da empresa. Ou melhor, há cestos, mas o que eles coletam não é lixo. Não existe lixo, mas um insumo que não foi aproveitado, diz Jorge Augusto Rodrigues, gerente de meio ambiente da Souza Cruz.
 
Com a intenção de aproveitar ao máximo tudo o que entra na empresa, a unidade iniciou em 2000 um programa para reciclar pó de fumo e outros resíduos resultantes da produção do cigarro. Naquela época, eram enviados para o aterro sanitário 40% dos resíduos.
 
No ano passado, o reaproveitamento foi de 99,6%, o que rendeu à unidade de Uberlândia o prêmio Benchmarking Ambiental Brasileiro e uma economia de R$ 225 mil. Este ano, o aproveitamento deve subir para 99,9%. Das 7.155 toneladas de resíduos, apenas 40 toneladas devem seguir para aterros sanitários.
 
O resultado foi obtido por meio de uma parceria com a Conspizza, empresa de soluções ambientais que recolhe materiais como pó de fumo, lodo do tratamento de esgoto, cascas de lenha usadas na geração de vapor, sem custos para a empresa, e utiliza o material em usinas de compostagem. O resultado é, então, vendido como adubo a outras empresas.
 
Embalagem
 
10 – Copel
 
A concessionária de energia elétrica paranaense Copel foi a primeira a comprar, de forma organizada e por meio de contratos de longo prazo, energia gerada por criadores de suínos.
 
Os dejetos desses animais são um potente poluidor de cursos d’água na re-gião Sul, especialmente no Paraná. Mas, graças à instalação de biodigestores, esses insumos estão se tornando uma fonte de lucro para os fazendeiros e de energia elétrica limpa para a sociedade.
 
Em um processo anaeróbio, o material orgânico é convertido em gás metano, utilizado para movimentar turbinas de geração de energia para uso próprio dos criadores de suínos. A potência de energia disponível é de 524 KW, capaz de iluminar 100 moradias de padrão médio.
 
A Copel firmou com os produtores rurais seis contratos para a compra dos excedentes de eletricidade. O objetivo da experiência é fornecer elementos para a formulação de um programa nacional de geração de energia distribuída que aproveite, de forma racional e produtiva, os recursos naturais disponíveis.
 
Essas unidades de biodigestão são, na verdade, pequenas centrais geradoras descentralizadas, diz Francisco José de Oliveira, gerente de energias renováveis da Copel. Ao final do processo, os dejetos já livres do gás metano podem ser usados como adubo de primeira linha pelos agricultores.   
 
Embalagem
 
11 – Baram
 
De cada 24 toneladas de entulho moído, é possível construir uma casa de 52 metros quadrados. Foi com essa estatística em mente que Josely Rosa, diretor do grupo gaúcho Baram, especializado em oferecer equipamentos e soluções sustentáveis com foco na construção civil, desenvolveu uma máquina de moer resíduos de construção e demolição o popular entulho. Mais de 60% desse material é descartado irregularmente. A aceitação da máquina foi boa, mas o mercado queria mais, diz Rosa.
 
Essas são apenas algumas das iniciativas voltadas à sustentabilidade do grupo Baram. Ao longo de onze anos, a companhia, que faturou R$ 75 milhões em 2010, apostou nessa área. O primeiro projeto foi o de um tapume ecológico feito com sacolas plásticas, utilizadas principalmente em supermercados, e com o papel revestido com camada de alumínio do interior de embalagens de alimentos.
 
A vantagem é que o tapume tem durabilidade superior a dois anos, afirma Rosa. Segundo ele, os tapumes ecológicos são utilizados em 3,8 mil obras. Atualmente, o grupo, que já exporta para Venezuela, Bolívia, Chile e  países da África, está em negociação para vender no mercado chinês. No Brasil, o Baram tem representação em nove Estados.
 
12 – Nestlé
 
Se você encontrar alguém passeando com uma bolsa parecida com um chocolate Suflair, saiba que se trata de uma iniciativa da Nestlé para dar um fim digno para as suas embalagens projeto que nasceu de uma ideia do empreendedor americano da sustentabilidade Tom Szaky e da sua empresa, TerraCycle.
 
Voltada a dar uma finalidade a produtos mais dificilmente recicláveis, a TerraCycle encontrou na Nestlé sua principal parceira no Brasil. Com apenas cinco meses de existência, o projeto já atraiu 580 brigadas de coleta, normalmente organizadas em condomínios. O objetivo é ampliar o número de grupos de reciclagem em 20% por ano, diz Marco Bassani, gerente de marketing de chocolates da Nestlé. 
 
Assim que cada um deles acumula, pelo menos, 100 embalagens, a Nestlé recolhe os resíduos. A TerraCycle paga R$ 0,02 por  peça, valor que é direcionado para uma ONG escolhida pelo próprio consumidor. A confecção da bolsa fica por conta de ONGs e cooperativas. Por enquanto, os volumes ainda são baixos. Até agora, foram coletadas 85 mil embalagens, que embrulharam 3,4 toneladas de chocolate. Com isso, a TerraCycle doou R$ 1,8 mil.
 
13 – Pão de Açúcar
 
O maior grupo de varejo do Brasil, o Pão de Açúcar, foi um dos pioneiros no Brasil no uso de práticas de sustentabilidade. Além dos chamados três Rs reduzir, reutilizar e reciclar a companhia colocou na equação mais três elementos: conscientizar, engajar e educar.
 
Elegemos três públicos-alvo para levar esta estratégia a cabo: os clientes, os colaboradores e os participantes da cadeia de valor, como fornecedores e provedores de soluções, afirma Hugo Bethlem, vice-presidente executivo do grupo. A rede varejista lançará oficialmente um programa no Dia do Meio Ambiente, em junho, destinado a estimular os consumidores a reduzirem a utilização de sacolas plásticas em prol das retornáveis.
 
A questão básica deste programa é a educação, diz o executivo. Para ele, o problema não são as sacolas plásticas em si, mas sim a forma como os consumidores a descartam. Serão concedidos pontos a clientes que utilizarem sacolas retornáveis, que poderão ser trocados por produtos.
 
O grupo também está investindo em projetos-piloto de energia alternativa para suas lojas, como eólica e  solar. Trata-se de um complemento ao bem-sucedido experimento com biomassa. Ao todo, 56 lojas Extra são alimentadas por energia negociada no mercado livre, vinda de biomassa, afirma Bethlem.
 
14 – Natura
 
Presente em mais de 15 países, com faturamento de R$ 5,1 bilhões em 2010, a Natura é uma empresa conhecida por ter a sustentabilidade em seu DNA. E uma das principais referências da empresa nessa área é o programa de Logística Reversa, que compreende uma série de estudos e ações para monitorar o ciclo de vida das embalagens recicláveis de seus cremes, xampus e maquiagens. O projeto consiste em utilizar a logística já existente para retirar de circulação essas embalagens e materiais de divulgação já usados, para encaminhá-los à reciclagem.
 
Criada em 2007, a Logística Reversa da Natura recolheu, em quatro anos, 500 mil toneladas de resíduos em São Paulo, Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Esse programa faz parte de uma série de ações para reduzir o impacto  de nossos produtos ao meio ambiente, afirma Andressa de Mello, gerente de sustentabilidade da Natura.
 
Outro projeto importante  é o Carbono Neutro, que tem como objetivo reduzir as emissões provenientes das atividades em toda a cadeia de negócios da empresa. Desde 2001 é feito um monitoramento a partir do método de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) dos produtos, que permite quantificar e mensurar os impactos ambientais. Uma das principais iniciativas, fruto desse programa, foi o desenvolvimento de embalagens de polietileno verde, produzido a partir da cana-de-açúcar 100% reciclável. 
 
15 – Green Business
 
O empresário Guilher-me Brammer foi um dos pioneiros em transformar embalagens em produtos descolados. A TerraCycle, uma ONG americana que Brammer comanda no País, já possui acordos com gigantes como Nestlé, BR Foods e Quaker.
 
Agora, o executivo criou uma empresa de projetos e soluções de logística reversa: a Green Business. Atualmente, dois projetos estão em curso. O primeiro é um site chamado descola aí. A ideia é incentivar o empréstimo de produtos pouco utilizados, como furadeiras. Nos Estados Unidos, existem 50 milhões de furadeiras que são usadas, em média, por 6 a 13 minutos, diz Brammer.
 
No site, as pessoas poderão emprestar seus bens e receber um pequeno pagamento por isso. Os investimentos no empreendimento online serão de R$ 1 milhão e o retorno se dará por meio de porcentagens sobre os negócios realizados. Queremos evitar o consumo desnecessário, afirma Brammer.
 
O segundo projeto em curso, que deve receber quase o mesmo investimento, é de uma carpintaria verde. O objetivo é usar resíduos de fábricas de móveis na fabricação de outras peças, que serão assinadas por artistas e designers famosos. A mão de obra será formada por ex-detentos e pessoas de baixa renda. Apesar de parecerem projetos de ONGs, Brammer garante que a ideia é ganhar dinheiro com as iniciativas. É um investimento de risco, mas com alta lucratividade.
 
 
16 – Novelis
 
A Novelis, empresa americana  de laminados de alumínio,  é hoje uma das maiores recicladoras de latas de alumínio do Brasil. Originada após o desmembramento da unidade do grupo canadense Alcan, em 2005, e atualmente controlada pela indiana Hindalco, a companhia foi um dos principais motivos que levou Pinda-monhangaba (SP), onde está uma de suas unidades de produção de chapas e bobinas de alumínio, a ser batizada de Capital Nacional da Reciclagem do Alumínio.
 
Esse processo é parte fundamental do nosso modelo de negócios, afirma Alexandre Almeida, presidente da subsidiária brasileira da Novelis.  É fácil de entender. O material  reciclado é reutilizado na produção e hoje essa matéria-prima já responde por 55% das vendas da empresa.
 
No País, a Novelis elevou sua capacidade de reciclagem do material de 80 mil toneladas anuais em 2008 para 200 mil toneladas em 2010, com investimentos de US$ 15 milhões no ano passado. Segundo Almeida, o processo de reciclagem gera todo ano uma economia de energia de 300 MW, equivalente a uma usina hidrelétrica de médio porte. Atualmente, a companhia está montando oito centros de coleta de materiais no Brasil.
 
17 – O Boticário
 
Conscientizar vendedores, consultores e consumidores da marca sobre a importância da reciclagem das embalagens dos produtos, impedindo o descarte na natureza, é a missão do Programa Bioconsciência, colocado em prática pela empresa de cosméticos paranaense O Boticário.
 
Os consumidores levam as embalagens vazias a um coletor, instalado no interior das lojas credenciadas. Esses resíduos são enviados a empresas especializadas, que fazem a reciclagem da embalagem e sua reinserção como matéria-prima em diversos ciclos produtivos. Além de reduzir o impacto ambiental, o programa também beneficia comunidades que trabalham com reciclagem nas regiões de atuação da marca, diz Malu Nunes, gerente de sustentabilidade do Boticário.
 
Nos primeiros 18 meses do programa, que começou de maneira experimental em lojas do Recife (PE), Campinas (SP), Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR), foram recolhidas 80 mil embalagens. Graças aos bons resultados obtidos, o Programa de Bioconsciência já está implantado em mais de 3 mil lojas de 1.550 municípios do País.
 
O Estado campeão de recolhimento de embalagens é São Paulo. Antes de a Política Nacional de Resíduos Sólidos entrar em vigor, O Boticário já havia implantado esse programa em 66% das suas lojas, afirma Malu. 
 
18 – Merial Brasil
 
Assim como as pilhas não devem ser descartadas em lixo comum, embalagens de produtos de uso veterinário, como pipetas de antiparasitários e se-ringas para vermifugação, também precisam de destinação adequada. Para incentivar o correto descarte de embalagens e produtos veterinários para cães e gatos, a empresa de saúde animal Merial Brasil está promovendo o bom e velho escambo.
 
A cada quatro embalagens vazias do antipulgas Frontline devolvidas nas clínicas ou petshops credenciados, o cliente recebe um produto novo na troca. O projeto começou em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, em meados de 2009. No começo de 2010, foi estendido para o Estado do Paraná.
 
A aceitação foi tão boa que o projeto já conquistou a adesão de distribuidoras e mais de 100 lojas. O engajamento, tanto das lojas quanto dos clientes, foi muito bom, afirma Luiz Luccas, diretor de operações da Unidade de Animais e Cia. Da Merial. Lançado juntamente com o programa de recolhimento de resíduos das clínicas veterinárias do Paraná, o projeto tem perspectiva de expansão para todas as regiões do País, ao longo dos próximos dois anos. As embalagens usadas dos medicamentos, que não podem ser recicladas e reutilizadas, de acordo com a legislação brasileira, são recolhidas pela Merial e incineradas. 
 
19 – Bombril
 
O gerenciamento dos resíduos sólidos é um dos temas mais importantes da política de sustentabilidade da Bombril. Por isso, a companhia paulista participa ativamente do projeto Dê a Mão para o Futuro, desde 2009.
 
A ação faz parte do Movi-mento Limpeza Consciente, promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Produtos de Higiene Pessoal (Abipla), que conta com mais de 20 parceiros, entre pequenas, médias e grandes empresas.
 
O projeto, que começou no Rio de Janeiro em 2008 e hoje contempla também o Estado do Paraná, procura alternativas para equalizar as demandas ambientais levando em consideração também os aspectos sociais e econômicos, por meio da coleta das embalagens dos produtos,  em parceria com cooperativas de catadores.
 
No Rio de Janeiro, a atuação da Bombril ocorre em seis municípios: Niterói, Barra Mansa, Teresópolis, Mesquita, Resende e região central do Rio de Janeiro e conta com a participação de dez cooperativas. No Paraná, o projeto original envolve 11 municípios e uma cooperativa. Até o momento, sete localidades assinaram o convênio: Jacarezinho, Apucarana, Umuarama, Telêmaco Borba, Cascavel, Foz do Iguaçu e Londrina.
 
Enquanto as entidades ficam responsáveis pela capacitação das associações ou cooperativas de catadores, o compromisso das prefeituras é implantar ou melhorar a coleta seletiva municipal. A iniciativa proporciona ainda o aumento da conscientização da população sobre a importância do consumo responsável e da cooperação com a separação do lixo. 
 
20 – Philips
 
A Philips decidiu, em 2008, revisar todas as suas atividades de reciclagens de produtos de sua operação global. Como parte dessa estratégia, criou um projeto para que os consumidores possam dar o destino adequado a seus equipamentos inutilizados e, assim, contribuir para a redução do lixo eletrônico.
 
O programa está presente em mais de 30 países e consiste na coleta de todos os aparelhos da Philips, como televisores, cafeteiras e aparelhos de vídeo, entre outros, que os consumidores desejam aposentar. Chamado no Brasil de Ciclo Sustentável Philips, o programa começou com uma fase-piloto em Manaus, ainda em 2008, e foi expandido, em março de 2010, para 26 cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador.
 
O projeto funciona da seguinte forma: pelo telefone ou site da empresa, o consumidor descobre onde há postos credenciados para coleta de equipamentos, que, exceto no caso de lâmpadas, pilhas e baterias, devem obrigatoriamente ser da marca Philips. Em seguida, encaminha até um desses locais o seu aparelho.
 
Os materiais recebidos são repassados à Oxil, parceira da Philips e responsável por desmontar e definir o destino final das peças que não serão reaproveitadas. Em um ano, o Ciclo Sustentável Philips coletou 130 toneladas de equipamentos, como tevês e liquidificadores. Devemos fechar 2011 com o recolhimento de 300 toneladas de aparelhos, afirma Walter Duran, diretor de sustentabilidade da Philips. 
 
Reciclagem
 
21 – Camargo Corrêa
 
Em meio aos problemas enfrentados recentemente em um dos maiores canteiros de obras do País, o da Usina Hidrelétrica de Jirau, localizada a 120 quilômetros de Porto Velho (RO), a construtora Camargo Corrêa criou um plano de gerenciamento para controlar o descarte do que é gerado pela construção da usina, que produz, em média, 90 toneladas  de resíduos sólidos por dia. 
 
Nesse volume estão restos de concreto,  madeira, lixo comum, resí-duos orgânicos e metais, entre outros materiais. O concreto representa a maior quantidade: 33% do total, diz Ricardo Sampaio,  engenheiro ambiental da área de projetos internos de meio ambiente da Camargo Corrêa. A empresa investiu R$ 700 mil no plano de controle, manipulação e descarte desses materiais.
 
Nesse valor estão incluídos treinamento de pessoal, compra de um britador de resíduos de concreto, de um picotador de madeira e implantação de um incinerador para resíduos perigosos. Com o gerenciamento total dos resíduos, já é possível prever uma economia de R$ 2,6 milhões nos quatro anos da obra, afirma.     
 
22 – Vulcan
 
Em agosto do ano passado, uma nova unidade industrial começou a funcionar no complexo da fabricante de produtos plásticos Vulcan, no Rio de Janeiro. Trata-se da primeira fábrica de reciclagem da empresa, um investimento de R$ 300 mil.
 
A partir dela,  as 50 toneladas de so-bras das plantas da empresa no Rio de Janeiro e em São Roque, no interior de São Paulo  onde são fabricadas lonas para toldos, entre outros itens , são recicladas e vendidas a produtores de calçados, que  fabricam solas para botas, por exemplo. 
 
No futuro, a Vulcan pretende desenvolver produtos a partir desses materiais. Estamos desenvolvendo itens que possam ser feitos a partir da matéria-prima reciclada, diz Edson Marques, diretor de novos negócios da Vulcan. Entre eles, há uma lona ecológica e alguns tipos de pisos.
 
 
23 – Santander
 
Para o banco espanhol Santander, a responsabilidade com o meio ambiente deve estar no dia a dia de todos os seus funcionários.  A missão da diretoria de sustentabilidade é desaparecer, diz Maria Luiza de Oliveira Pinto e Paiva, responsável pela área de desenvolvimento sustentável do banco.
 

Explica-se: é ali que as ideias sustentáveis surgem e se desenvolvem, para depois serem encaminhadas para as áreas que mais se relacionam com cada projeto. Foi assim que engenheiros do banco manifestaram a vontade de criar uma agência bancária sustentável. A primeira delas foi inaugurada, em 2006, na Granja Viana, em Cotia (SP).
 
Essa agência foi construída com recolhimento de água para reúso, captação de energia solar, maior número de vidros na estrutura para utilizar menos energia elétrica  e mobília de madeira certificada. A experiência,  realizada ainda na época do Banco Real, deu tão certo que hoje, sempre que uma unidade do Santander precisa ser construída ou reformada, o banco busca utilizar o máximo possível desses recursos. 

24 – HSBC
 
Assim como os objetivos financeiros típicos de um banco, metas como reduzir a geração de resíduos e o impacto ambiental são traçadas e cobradas pela matriz inglesa do HSBC. Enviamos relatórios trimestrais e realizamos audioconferências com frequência para mostrar os resultados, diz Claudia Malschitzky, diretora do Instituto HSBC Solidariedade. 
 
De acordo com Claudia, o banco fez um levantamento das cidades que possuem coleta seletiva e também das que contam com grandes cooperativas de catadores. No total, são 100 ONGs que participam desse projeto e recolhem o lixo em 270 agências no Brasil. Até o final deste ano, o programa atenderá a 400 agências, cerca de metade da rede.
 
25 – Renault
 
Aos 58 anos, Alain Tissier, vice-presidente da montadora francesa de carros Renault, diz ficar impressionado com a importância dada pelas crianças às questões da sustentabilidade. “Um carro elétrico pode não agradar a alguém mais velho”, diz ele. Mas, para um menino de 10 anos, é um sonho de consumo.
 
Tissier sabe, também, que esse garoto é o consumidor do futuro. E é de olho nessa demanda futura que a montadora, que tem fábrica em Curitiba,  começa a colocar em prática no Brasil um modelo de produção sustentável. O Renault Sandero é o primeiro veículo fabricado no País a receber o selo Eco2, indicador criado pela empresa para identificar veículos ecologicamente responsáveis.
 
Para isso, o carro é fabricado com 46% de material reciclado, possui 25 quilos de fibras naturais e dois quilos de plástico reciclado, o equivalente a 14% do total. Quando o Sandero não tiver mais condições de ser utilizado, 97% dos materiais poderão ser reciclados.
 
26 – Fiat
 
A fábrica da Fiat, em Betim (MG), inaugurou em outubro o Complexo de Tratamento de Efluentes Líquidos. Por trás desse nome pomposo está um dos mais modernos centros de limpeza de água industrial do País, capaz de tratar 99% de toda água utilizada pela unidade.
 
Este avanço é mais uma demonstração dos esforços que temos realizado para alcançar um resultado que traduza o necessário equilíbrio entre as lógicas industriais e a responsabilidade social, na justa ponderação entre os ganhos econômicos, sociais e ambientais, disse o presidente da Fiat, Cledorvino Belini, na ocasião.
 
Além do tratamento da água, a montadora construiu uma ilha de reciclagem de materiais no centro da fábrica. Na Ilha Ecológica, como é chamada, são processadas diariamente 400 toneladas de material descartado das linhas de montagem.
 
A corrida verde da Fiat inclui, também,  a redução do desperdício de matérias-primas. Em 1996, cada carro que saía da fábrica de Betim gerava 400 quilos de resíduos. Hoje, esse volume foi reduzido a pouco mais da metade. Por outro lado, o percentual de resíduo reciclado subiu de 70% para 93%.
 
27 – WTorre
 
Maior geradora de resíduos sólidos do País, a indústria da construção civil tem papel singular na formação de uma nova consciência ambiental. E o programa de reaproveitamento de refugos de obras da construtora WTorre tem feito escola. Um exemplo é o novo projeto do Parque do Povo, em São Paulo.
 
Degradado por 20 anos de ocupações irregulares, o parque de 112 mil metros quadrados foi revitalizado com entulho processado das obras do WTorre Shopping Iguatemi. As novas pistas de caminhada, corrida e ciclismo e três quadras poliesportivas foram construídas com 30 mil metros cúbicos de cimento aproveitado da estrutura.
 
Parte do material também veio dos escombros de edifícios da Cracolândia, região que abrigava drogados, no centro da capital paulista, demolidos pela prefeitura. Foi um presente para São Paulo urbanizar o parque, diz Francisco Caçador, diretor de operações da WTorre Properties.
 
Era uma região que estava muito degradada. Ele conta que a reutilização de resíduos de obras é uma prática antiga nos canteiros da empresa. Há sete anos, a base das ruas de um condomínio em Duque de Caxias (RJ) foi feita com brita extraída de outra obra. 
 
28 – Denovo
 
A união de garrafas PET com retalhos transforma-se em moda para a fabricante de tecidos Denovo. Não há um único fio produzido pela empresa que não seja fruto de reciclagem.
 
Criada em 2009, a Denovo reutiliza, anualmente, 400 mil garrafas PET e 600 toneladas de sobras de tecidos, compradas em outras tecelagens, para produzir suas malhas. Depois de coletadas, as garrafas são higienizadas, moídas, derretidas e transformadas em poliéster.
 
O mesmo acontece com os tecidos, que viram fio novamente. A combinação de resistência e elasticidade desse poliéster com a maciez do algodão proveniente dos retalhos  compõe os tecidos da Denovo. Reciclando resíduos, reduzimos o volume de lixo nos aterros sanitários, economizamos petróleo e geramos mais empregos e renda, afirma Ric Viana, gerente de marketing da Denovo.
 
 
29 – Bradesco
 
Mais do que abrigar sua diretoria, a matriz do Bradesco,  localizada em Osasco (SP), é um polo gerador de políticas socioambientais para a instituição. Na Cidade de Deus, como é conhecida, os 11 mil funcionários participam de ações de conscientização e de projetos que vão desde reciclagem até a redução do consumo de energia.
 
A Cidade de Deus testa as ideias e as ações, diz Ivani Benazzi de Andrade, gerente do departamento de relações com o mercado do Bradesco. Depois, os projetos são reproduzidos para o Brasil. No ano passado, depois de verificar a eficácia em sua sede, o Bradesco implantou um projeto de sustentabilidade nas agências. Como resultado, o banco reduziu o consumo de energia elétrica em 4,19% em 2010. O consumo de água caiu 30,72%.
 
O Bradesco também começa a dar os primeiros passos para implantar construções sustentáveis. Em 2008, a matriz ganhou um novo centro de TI baseado nesses princípios, que foram aplicados na construção de uma agência em Perdizes, bairro de SP. 
 
30 – Banco do Brasil
 
A atuação do Banco do Brasil (BB) no manejo de resíduos sólidos se dá em duas frentes. Uma, interna, envolvendo toda a rede de agências e as unidades administrativas. Outra, externa, no financiamento da implantação de programas de manejo para empresas e prefeituras.
 
Na frente interna o BB implantou um projeto-piloto de coleta seletiva de lixo em suas agências no Paraná. Nossa intenção é estender esse projeto para a rede em todo o País até dezembro de 2012, diz Rodrigo Nogueira, gerente-geral da unidade de desenvolvimento sustentável do BB.
 
Segundo ele, o trabalho vai começar nas 300 agências consideradas médias e grandes. As outras 4.700 unidades serão inseridas posteriormente nesse projeto. A atuação externa, porém, é a que produz mais impacto no meio ambiente. Nesse ponto, o BB pode atuar tanto como financiador dos projetos como orientador de boas práticas. A meta é apoiar 3.920 municípios com menos de 20 mil habitantes na implantação de programas de manejo de resíduos. 
 
Gestão de resíduos

 
31 – Walmart
 
Há cinco anos, a destinação de resíduos sólidos gerados por suas 80 lojas  era um dos maiores problemas da rede de supermercados americana  Walmart,  no Brasil. E não era para menos. Segundo Felipe Antunes, gerente de sustentabilidade da empresa, só em 2009, o total de resíduos gerados foi de 90 mil toneladas 60% dos quais de resíduos orgânicos.
 
Como as lojas não têm espaço físico para tratar esse material e a empresa queria reduzir o envio de resíduos para os aterros sanitários, o caminho foi desenvolver parcerias. No Rio Grande do Sul, a Walmart trabalha com uma cooperativa de compostagem, para a qual envia mais de 300 toneladas de resíduos por mês, transformadas  posteriormente em adubo.
 
De acordo com Antunes, parte do adubo é vendido  e outra parcela é distribuída aos cooperados,  que também são fornecedores de hortifrutigranjeiros da própria Walmart. A empresa está também iniciando um projeto-piloto em Recife que vai transformar os resíduos orgânicos em ração animal. Ainda temos um longo caminho pela frente, mas os resultados que já obtivemos são animadores, diz o executivo.
 
32 – Ambev
 
Não é só com a venda de cervejas que a Ambev, donas das marcas Brahma e Antártica, engorda seu caixa. No ano passado, 98,2% de todos os subprodutos gerados no processo de fabricação de bebidas foram reaproveitados. Na ponta do lápis, a empresa gerou uma receita extra de R$ 80,3 milhões só com a política de redução de impactos ambientais, como a reciclagem de garrafas PET.
 
No caso da água, que representa 95% da cerveja, os cuidados são ainda maiores. Segundo Beatriz Oliveira, gerente corporativa de meio ambiente da Ambev, todas suas 33 fábricas têm estações de tratamento de efluentes industriais, com capacidade para tratar até 240 mil metros cúbicos por dia. Nossa meta é chegar em 2012 com pelo menos 99% de reaproveitamento, diz Beatriz.
 
A Ambev lançou, no ano passado, o Movimento Cyan. O projeto começou com o trabalho de recuperação de nascentes da Bacia do Paranoá-Corumbá, no Distrito Federal, com a participação das comunidades locais. Ao completar um ano, em março, foi dado mais um importante passo. Em São Paulo, a Ambev firmou parceria com a Sabesp para criar uma espécie de programa de milhagem para os mais de 23,6 milhões de consumidores da companhia paulista que economizarem água.
 
33 – Spal
 
A engarrafadora Spal, que pertence ao grupo mexicano Femsa, com produção de 1,6 bilhão de litros por ano, conseguiu reduzir a quantidade de água que gasta no seu processo de produção em Jundiaí (SP). Em 2003, eram seis litros para cada litro de refrigerante produzido. Em 2011, apenas 1,43 litro. Colocamos em prática as ferramentas existentes, dentro e fora da linha de produção, para diminuir o consumo de água, afirma o Alexandre Tortorelli, gerente da Coca-Cola Femsa, na unidade de Jundiaí.
 
Uma das estratégias para alcançar a economia de água no processo produtivo foi a utilização de novas tecnologias. Além do moderno maquinário para o engarrafamento do refrigerante, equipamentos de tratamento de água em setores como cozinha e banheiro foram instalados na unidade para produzir água de reúso, que volta a ser utilizada para serviços de limpeza. O bom exemplo chamou a atenção da matriz americana, em Atlanta, que lhe concedeu, em 2008, o Troféu Planeta, seu mais importante prêmio ambiental. 
 
34 – Baxter
 
Fabricante de produtos farmacêuticos que muitas vezes são aplicados diretamente nas veias de seus pacientes, a Baxter precisa controlar rigidamente a qualidade de seus produtos. O descarte e o recolhimento de materiais como bolsas e máquinas utilizadas em transfusões sanguíneas são questões de saúde pública.
 
Os principais resíduos gerados pela Baxter são o papelão das embalagens e plásticos usados nas bolsas de soro. Entre as medidas de redução de resíduos, a empresa implantou projetos para a otimização das embalagens e para o recolhimento dos equipamentos utilizados nos atendimentos em domicílio. Mandamos até barcos no Amazonas para pegar máquinas na casa do paciente, diz Patrícia Maria dos Santos, supervisora de segurança, saúde e meio ambiente da Baxter.
 
35 – Codesp
 
Além de administrar o movimento dos navios que entram e saem diariamente no Porto de Santos, o principal do Brasil, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), é a encarregada de controlar os resíduos gerados por eles.
 
Só na fiscalização e acompanhamento dos programas ambientais, atuam cerca de 60 funcionários de várias áreas. Para reduzir ao máximo a geração de resíduos e compensar o ambiente e a comunidade da melhor forma possível, a companhia investe pesado em pelo menos 24 diferentes programas de monitoramento ambiental.
 
Até agora, já foram mais de R$ 18 milhões nesses projetos. Isso não é custo adicional, diz Paulino Vicente, diretor de infraestrutura e serviços da Codesp. É fundamental investir no meio ambiente e as medidas ainda ajudam a agregar valor aos nossos empreendimentos.
 
Muitos dos programas buscam casar a área social e ambiental. A empresa inaugurou, por exemplo, um posto de coleta de óleo lubrificante, que tem seu uso destinado a pescadores locais. A sucata e outros resíduos de construção civil, materiais comuns no porto, são encaminhados para comunidades pesqueiras, onde são utilizados na reforma e construção de decks.  
 
36 – BM&FBovespa
 
Servir de modelo para as 467 empresas cujas ações são negociadas em seu pregão é o objetivo da BM&FBovespa ao publicar seu relatório anual de acordo com o modelo Global Reporting Initiative (GRI), referência mundial na área de  sustentabilidade. A bolsa tem também como meta tornar-se carbono zero até 2012.  
 
No ano assado, a empresa concluiu seu primeiro Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa, com base na metodologia do Programa Brasileiro GHG Protocol. Os resultados mostram que a BM&FBovespa emitiu, em 2009, 1.577 toneladas de CO2 equivalente, medida utilizada para padronizar as emissões de vários gases de efeito estufa. A bolsa vem trabalhando, em especial na redução de energia elétrica, responsável por 28,73% de suas emissões. O inventário referente a 2010 será divulgado em maio deste ano.
 
37 – White Martins
 
Até 18 meses atrás, o sicilicato de alumina, ou perlita, era o único resíduo industrial produzido na unidade da White Martins  no bairro de Cordovil, no Rio de Janeiro,  que não era reciclado ou reaproveitado. Hoje, o pó branco, um poderoso isolante térmico, deixou de ser refugo para se tornar matéria-prima na maior empresa de gases industriais e medicinais da América do Sul.
 
Nascido da iniciativa de funcionários, o projeto pioneiro da White Martins já reaproveitou 4,5 toneladas de perlita para reparos na fábrica. Os técnicos da empresa descobriram que, ao fim de sua vida útil como revestimento de tanques criogênicos onde gases são armazenados a -196º C, o material poderia ser usado como substituto da areia na fabricação de cimento.
 
Já são mais de 800 metros quadrados de calçadas e pavimentação refeitos com o concreto perlítico. Ao reaproveitarmos a perlita, passamos a dar um destino sustentável para todos os nossos resíduos, afirma Giovanni Campos, gerente da fábrica de Cordovil.
 
Ele relata que o projeto teve custo mínimo. A remoção da perlita já era um procedimento padrão e foi preciso apenas investir nos testes de resistência do novo tipo de concreto, concluídos em apenas 30 dias. Só o fato de evitarmos devolver o material à natureza já foi um enorme ganho, diz Campos. A inovação garantiu aos autores da ideia o prêmio interno da White Martins na categoria sustentabilidade. 
 
38 – Cyberlar
 
Fazer o descarte, ambientalmente correto,  da geladeira ou do celular que já não funciona mais, é uma preocupação crescente entre os consumidores. Atenta a essa demanda, a rede varejista Cybelar criou o projeto Descarte Certo. Com 86 lojas no interior de São Paulo e faturamento na casa dos R$ 400 milhões, a Cybelar foi uma das primeiras redes do País a oferecer esse tipo de serviço.
 
Esse projeto é uma prova do nosso compromisso com o futuro do nosso negócio e do nosso planeta, afirma Ubirajara José Pasquotto, presidente da empresa fundada em Tietê (SP), em 1952.
 
O serviço é oferecido ao consumidor em duas modalidades. A primeira é o Descarte Presente, no qual o cliente paga para que produtos já comprados e usados sejam retirados de sua casa. No Descarte Futuro, o consumidor compra o produto com a garantia de que ele será retirado e descartado quando ao final de seu ciclo de utilização.
 
39 – Levi’s
 
A produção de algo trivial como uma calça jeans pode ajudar a reduzir o consumo de água. A confecção de uma peça da coleção Waterless, por exemplo, da Levi’s, gasta o equivalente a um copo desse precioso líquido durante o processo de acabamento, contra 42 litros usados no processo tradicional.
 
A redução do consumo de água foi possível graças a alterações simples, afirma Maurício Busi, diretor de marketing da Levi’s. Entre elas a redução do número de ciclos da máquina lavadora e processamento com ozônio na lavagem de roupas a etapa de produção que deixa a calça com aparência batida.
 
Pesquisas mostraram que no ciclo de vida de um jeans Levi’s 501, o modelo mais famoso da marca, o maior impacto de água vem do processo de cultivo do algodão. Desde 1991, a empresa audita seus fornecedores e só compra matéria-prima dos que tratam 100% dos efluentes. Em 2005, ela passou também a exigir esse manejo dos fornecedores.
 
40 – ArcelorMittal
 
A política de gestão de resíduos valeu uma economia de  R$ 100 milhões à siderúrgica Arce-lorMittal no ano passado. É pouco,  diante dos R$ 16,4 bilhões faturados pela empresa no Brasil,  em 2009. Mas não é no lucro que a ArcelorMittal está interessada, ao vender 60% de sua escória siderúrgica aos produtores de cimento no mercado doméstico.
 
O material, que não pode mais voltar à cadeia de produção da siderurgia, será usado na recuperação de estradas e ferrovias, substituindo argila, cascalho e brita, com mais durabilidade e menor custo de manutenção. Na fábrica de Tubarão (SC), o reaproveitamento de resíduos é superior a 95%, acima da média de 80% do setor.
 
Com esse trabalho, as unidades brasileiras da ArcelorMittal Aços Longos ganharam o Selo Ecológico do Instituto Falcão Bauer de Qualidade em 2010. O mercado vai valorizar cada vez mais esse tipo de selo, diz José Otávio Franco Andrade, gerente de meio ambiente da ArcelorMittal.
 
Equipamentos
 
41 – Estre Ambiental
 
O nome é sugestivo e não é à toa. O tiranossauro parece mesmo um gigante pré-histórico em tamanho, mas sua semelhança com o passado termina por aí.  Também conhecido como T-Rex, é um equipamento dotado da mais alta tecnologia, parte da primeira  fábrica brasileira que transforma lixo em combustível, utilizado no processo produtivo das empresas dos mais diversos segmentos. Construída pela Estre Ambiental, em Paulínia (SP), a fábrica é a única da América Latina e uma das 50 em operação no mundo.
 
A unidade custou cerca de R$ 50 milhões e tem capacidade de processar mil toneladas de lixo por dia, o que representa a geração de 500 toneladas de combustível, que vão substituir os combustíveis fósseis ou naturais empregados para alimentar caldeiras e fornos industriais. Esse combustível gera uma economia de cerca de 20% em relação aos fósseis, diz Pedro Stech,  diretor de tecnologia ambiental da Estre.
 
42 – Braskem
 
Nos últimos dez anos, a direção da  gaúcha Plásticos Suzuki viveu uma espécie de obsessão. O que fazer com o plástico descartado em seu processo produtivo A resposta surgiu há três anos, com a criação de uma máquina capaz de transformar esse material em ripas de plástico madeira.
 
O equipamento, resultado de um investimento de R$ 50 milhões, chamou a atenção da gigante Braskem,  braço petroquímico do grupo Odebrecht, que fez uma parceria com a Suzuki. Graças a esse acordo, lixeiras, bancos e floreiras podem ser vistos hoje em praças e escolas públicas de Porto Alegre, São Paulo, Paulínia (SP) e Maceió.
 
Esse trabalho é o embrião de um projeto maior de sustentabilidade no qual a Braskem pretende apostar nos próximos anos. Isso será feito por meio da doação de equipamentos para separar e pré-processar os diversos tipos de plástico, transformando-os em grãos, por exemplo. Com isso, esperamos melhorar a renda média dos cooperados, afirma Jorge Soto, diretor de desenvolvimento sustentável da Braskem.
 
43 – Chevron Brasil
 
A petrolífera americana Chevron deixou de lançar 6,5 toneladas de óleo ao meio ambiente no ano passado. Esse é o saldo do processo de reaproveitamento de água realizado pela empresa no Campo de Frade, na Bacia de Campos (RJ) em 2010.
 
A Chevron é pioneira no Brasil na adoção da reinjeção, nos próprios poços, de toda água produzida e utilizada no processamento de petróleo. Quando coletado dos poços, o óleo cru vem acompanhado por gases e água salgada, que, separada do petróleo, costuma ser reencaminhada ao meio ambiente, mas com resquícios do óleo.
 
Reinjetar 100% da água é uma prática desafiadora, mas a Chevron está comprometida em fazer a coisa certa em termos ambientais, afirma George Buck, presidente da Chevron no Brasil. Além de preservar o meio ambiente, a reinjeção de água extraída nos reservatórios contribui para manter a pressão dos poços quando o óleo é extraído. Em 2010, cerca de 4,5 milhões de barris de água foram reinjetados nos poços, dos quais 1,6 milhão de barris são provenientes do processo de tratamento, realizado desde junho de 2009, quando o poço foi inaugurado.
 
44 – SulAmérica
 
Aproveitar um recurso já disponível para melhorar seus métodos de trabalho foi o que a seguradora SulAmérica fez para economizar 21 toneladas de papel,  no ano passado,  com os clientes de seus planos de saúde. Uma pessoa internada precisa de exames e medicamentos, diz Marco Antunes, diretor de operações da seguradora.Tudo precisa ser documentado. Recebíamos vans lotadas de papéis.
 
Com o objetivo de reduzir esse gasto, a companhia digitalizou o processo, no final de 2008.  Para garantir a autenticidade dos arquivos, a seguradora passou a usar certificados digitais, recurso que seus parceiros hospitais, médicos e prestadores de serviços já utilizavam.
 
Os arquivos digitalizados ganham uma assinatura digital, que dá garantia jurídica, como se fosse uma autenticação em cartório, afirma Antunes. O bom resultado da iniciativa incentivou a SulAmérica a financiar a certificação digital dos fornecedores. Além de economizar com a impressão e com o envio de documentos, o fim da burocracia e da papelada agilizou o pagamento pelos serviços, que tem sido 20% mais rápido.
 
45 – Light
 
Para distribuir a energia gerada, a Light utiliza uma rede complexa de transformadores, postes, isoladores, ferragens e fios. Em 2009 a companhia do Rio de Janeiro iniciou uma parceria com a empresa Reluz, do município de Dorândia, a 130 quilômetros da capital fluminense, para reciclar e reaproveitar todo material defeituoso.
 
Os postes de madeira são reciclados e vendidos a empresas de móveis rústicos.  Os postes de concreto são moídos e o material é utilizado em bases para construção de rodovias. Todo material de ferro vai para a fundição e a porcelana dos isoladores é moída e usada como insumo para cimento. Além de gerar benefícios ao meio ambiente, a reciclagem traz receita.
 
Após uma série de estudos e negociações, conseguimos implementar um programa de reciclagem economicamente viável, diz José Paulo Sarmento, gerente de operações logísticas da Light. Mesmo o reparo dos transformadores compensa financeiramente, pois custa até 40% o preço do equipamento novo.
 
46 – Itautec
 
A Itautec reciclou, no último ano, o equivalente a 140 mil computadores de mesa e 5,6 mil terminais bancários de autoatendimento, equipamentos que pesam mais de 700 quilos cada um. Essa carga pesada, que somou ao todo 3,8 mil toneladas de resíduos eletrônicos, fez do programa de logística reversa da empresa, controlada pelo grupo Itaú, um destaque no mundo das fabricantes de computadores. Esse resultado representa um aumento de 524% em toneladas recicladas em relação ao ano anterior.
 
No relatório do Instituto Brasileiro de Defesa do Consu-midor (Idec) de 2010, a Itautec foi a única das 13 fabricantes de notebooks avaliadas a ter seu processo de logística reversa  considerado bom.
 
Estamos dando soluções para fazer a reinserção desses elementos na cadeia produtiva, seguindo o processo evolutivo da sociedade, afirma Mário Anseloni, presidente da Itautec. Reciclar não é barato, agrega custos na cadeia de produção, mas esperamos que no futuro a sociedade exclua as empresas que não se preocupam com isso.
 
O lixo eletrônico do setor é altamente tóxico, além de conter metais preciosos. No Brasil, são 26 empresas homologadas para fazer a reciclagem dos produtos com a marca Itautec. Do volume de equipamentos que chegam ao centro de reciclagem da empresa, na sua fábrica, em Jundiaí, no interior de São Paulo, apenas 7% são compostos de materiais não reutilizáveis.
 
47 – Café Bom Dia
 
Obter rentabilidade e contribuir para o desenvolvimento de boas práticas de sustentabilidade, em princípio, não parecem ser ações convergentes. Mas a mineira Café Bom Dia provou que as duas práticas podem caminhar juntas ao obter bons resultados com a implantação do selo Fair Trade.
 
O selo internacional certifica toda a cadeia produtiva, desde as associações de pequenos produtores até o atacadista. O café com essa certificação costuma ser cotado entre 60% e 100% acima dos produtos convencionais. Para consegui-lo, o produtor deve preencher requisitos como ser de pequeno porte, usar apenas mão de obra familiar e estar engajado em projetos de inclusão social em suas comunidades.
 
A produção precisa ter um baixo nível de utilização de agrotóxicos e não pode fazer uso de transgênicos. Todos ganham, diz Sydney Marques de Paiva, presidente da Café Bom Dia. Em sua visão, o produtor é educado sobre as questões ambientais e de qualidade e ainda ganha um prêmio por isso.
 
A indústria passa a trabalhar com um produto com maior valor agregado. O consumidor ganha um produto fabricado com preocupações ambientais. Para Paiva, aos poucos o consumidor brasileiro está começando a perceber e dar mais valor a empresas que possuem essa preocupação. 
 
48 – Naturalis Brasil
 
Onde muita gente viu uma fonte de problemas, na lei que criou a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a Naturalis Brasil enxergou um filão promissor. Por isso, antes mesmo que a lei fosse sancionada, a Naturalis, baseada em Itupeva (SP), importou dos Estados Unidos um equipamento que ficou conhecido como Papa-lâmpadas.
 
A engenhoca é uma usina móvel de transformação,  que retira e faz o transporte do resíduo considerado não perigoso das lâmpadas. Levamos o Papa-lâmpadas até a empresa solicitante e, lá mesmo, fazemos a sua descontaminação, afirma Plínio César, diretor-geral da Naturalis Brasil. Nesse processo, são separados o vidro, o alumínio e o mercúrio.
 
Atualmente, a Naturalis atua em todo o País e atende, diretamente, cerca de 2,7 mil empresas.  A comercialização de lâmpadas que contêm mercúrio é superior a 200 milhões de unidades por ano no Brasil.  A Naturalis descontaminou, no ano passado, cerca de 2,6 milhões de lâmpadas.  
 
49 – Itaú Unibanco
 
Computadores, monitores e caixas eletrônicos antigos: tudo isso agora é reciclado pelo Itaú Unibanco, em vez de ser jogado no lixo. Só no ano passado foram 3,7 mil toneladas desses equipamentos vindos da rede de agências, prédios administrativos e almoxarifado. Foi um salto em relação às 15 toneladas de 2009, primeiro ano em que a iniciativa foi adotada.
 
O crescimento é explicado pelo grande investimento em tecnologia feito para  integrar a rede do Itaú a do antigo Unibanco, que trocou grande parte dos caixas eletrônicos e foi feito seguindo os preceitos do programa de TI verde da instituição. O reaproveitamento do material descartado chega a 98%, incluindo plásticos e outros componentes.
 
Agora fazemos programas de inclusão digital de maneira mais sustentável, afirma João Bezerra Leite, diretor de infraestrutura do Itaú Unibanco. O próximo passo, segundo Bezerra Leite, será comprar os PCs de empresas que se comprometam a recebê-los de volta para reciclagem, no fim do período de utilização.  
 
50 – Tetra Pak
 
Apesar de não reciclar diretamente, a fabricante de em-balagens Tetra Pak fomenta  cooperativas de catadores e desenvolve tecnologias,  como a que permite que o material de suas embalagens seja reutilizado na produção de telhas. Atualmente, 17 fábricas brasileiras já se baseiam nessa tecnologia para produzir telhas, que são 25% mais baratas do que as de amianto e fibrocimento.
 
Os materiais reaproveitados das embalagens da Tetra Pak também são transformados em produtos, como caixas de papelão, placas para construção civil, canetas e vassouras. A reutilização destes  materiais, contudo, esbarra na baixa coleta seletiva. Apesar de ser 100% recicláveis, apenas 25% das embalagens produzidas pela companhia são recicladas. É preciso elevar a coleta desse material, diz Fernando von Zuben, diretor-executivo de Meio Ambiente da Tetra Pak.