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Bayer sem vacinas

Empresa deixa de fabricar vacinas para aftosa alegando custos elevados de produção. Concorrentes devem garantir o abastecimento.

A alemã Bayer deixou de produzir vacinas contra febre aftosa no Brasil. Um dos mais lucrativos segmentos do mercado de saúde animal do país passa a ter agora apenas quatro fabricantes autorizados pelo Ministério da Agricultura: Merial, Pfizer , Vallée e Intervet/Schering-Plough, que têm capacidade instalada suficiente para suprir a demanda nacional pela vacina.

O grupo alemão decidiu fechar sua unidade de Porto Alegre depois do aumento do custo de produção registrado pela empresa na planta gaúcha. Em nota, a empresa informa que “depois de uma profunda análise de mercado, a Bayer decidiu fechar a fábrica de Porto Alegre, que produzia, exclusivamente, vacinas contra febre aftosa. A principal razão foram os crescentes custos de produção das vacinas nessa fábrica”.

Apesar de deixar de fabricar a vacina, a empresa pretende continuar na comercialização do produto. Poderá vender vacina fabricada por outras empresas no Brasil ou em outros países. “Essa foi uma notícia que surpreendeu a todos no mercado, inclusive a mim”, afirma Sebastião Costa Guedes, presidente do Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC) e do Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa (Giefa).

Apesar de alegar custos elevados, a decisão da Bayer pode estar relacionada ao fato de a demanda por vacinas contra aftosa no Brasil estar em queda. O Ministério da Agricultura já informou que para 2010 a necessidade será de 365,3 milhões de doses, 5% a menos do que no ano passado, já que Paraná, São Paulo e Tocantins decidiram eliminar uma das etapas de vacinação neste ano.

A decisão da Bayer, no entanto, não deve provocar uma queda na oferta de vacina. A unidade de Porto Alegre tinha capacidade para produzir pouco mais de 100 milhões de doses por ano, sendo que a capacidade instalada de toda a indústria nacional é de 500 milhões de doses. Na prática, as quatro empresas que se mantêm na atividade têm juntas um potencial produtivo de 400 milhões de doses, ainda assim acima da demanda sinalizada pelo governo para este ano.

Além disso, existem outros grupos que vão em sentido oposto à Bayer e apostam no segmento. A Biovet concluiu a construção de sua fábrica com capacidade para 60 milhões de doses em Vargem Grande, no interior de São Paulo, e está em fase final de auditoria. Além disso, a também paulista Ouro Fino começou a construir em 2007 a sua fábrica de vacinas para aftosa, em Cravinhos, com capacidade para 60 milhões de doses.

Apenas as duas empresas paulistas já superariam a lacuna deixada pela Bayer. No entanto, a Inova Biotecnologia Saúde Animal – empresa constituída pelo Eurofarma Laboratórios e a Hertape Calier Saúde Animal – está construindo em Juatuba (MG) uma outra fábrica com capacidade de 80 milhões de doses de vacina contra aftosa.

Com as três novas fábricas, a capacidade da indústria nacional chegaria a 600 milhões de doses, já deixando de fora as 100 milhões que não serão mais produzidas pela Bayer. Além delas, há a argentina Biogénesis-Bagó, que conseguiu do Ministério da Agricultura autorização para vender no mercado brasileiro a vacina contra aftosa fabricada na Argentina.