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Agroindústrias

BRF recebe 'lição de casa' do Cade

Empresa deve ler com atenção considerações feitas pelo relator do Conselho para o caso, Carlos Ragazzo, que votou pela reprovação da fusão entre Sadia e Perdigão.

Representantes da BRF Brasil Foods e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) realizaram nesta quarta-feira (15/06) a primeira reunião após o adiamento do julgamento do caso. Segundo apurou a Agência Estado, após o encontro de cerca de uma hora, ainda não houve uma apresentação de proposta formal pela companhia.

A empresa teria questionado quais deveriam ser os próximos passos no processo. A resposta foi no sentido de que sejam lidas com atenção as considerações feitas pelo relator Carlos Ragazzo, como lição de casa. Na semana passada, Ragazzo votou pela reprovação da fusão entre Sadia e Perdigão, que resultou na criação da BRF. Em seu voto, o conselheiro mencionou que a empresa teria apresentado uma proposta de acordo muito aquém do desejado, pois não minimizaria a concentração de mercado gerada pelo negócio.

A avaliação do conselheiro foi a de que a sugestão ficou “mais leve” do que a sugestão apresentada pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda. Há um ano, a Seae divulgou parecer recomendando ao Cade que aprovasse a fusão, desde que uma das marcas (Sadia ou Perdigão) fosse licenciada por cinco anos a uma terceira companhia, sendo essa a alternativa “A”. Outra possibilidade – a alternativa “B” – seria a venda de marcas de “combate” como Batavo, Doriana, Claybom, Delicata, Rezende, Confiança, Wilson, Escolha Saudável e de ativos relacionados à produção de laticínios e congelados, entre outros.

Uma nova reunião entre as partes já foi pré-agendada para a próxima semana, embora a data exata ainda não tenha sido definida. Seguindo o regimento do Cade, o caso voltará para a pauta no dia 29 de junho. Até lá, a BRF tem condições de apresentar uma proposta que atenda a expectativa do órgão antitruste. Mesmo assim, o conselheiro Ruiz ainda tem direito de adiar o julgamento por mais uma sessão, levando o caso a plenário somente em 13 de julho. Ainda assim, o regime permite que uma nova prorrogação seja dada, desde que todos os conselheiros que participam do caso aprovem a decisão.

Joint venture – Neste primeiro momento, a BRF não avalia a sugestão hipotética apresentada por Ragazzo de criar uma joint venture específica para atuar no mercado externo. Neste caso, Sadia e Perdigão continuariam separadas no Brasil. A avaliação é de que esta possibilidade não traria os ganhos de eficiência gerados a partir da fusão completa das companhias. Essa vantagem da sinergia tem sido um dos argumentos da empresa de que terá condições de manter os preços baixos no País e competitivos no mercado internacional.