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Cargill renega fornecedor que desmata

Compras de óleo de palma na Indonésia e na Malásia são reavaliadas em função de suspeitas da prática.

A Cargill, maior comercializadora de produtos agrícolas do mundo, tornou-se a terceira companhia a reconsiderar seu relacionamento com uma importante fornecedora indonésia de óleo de palma, devido a alegações de que ela estaria destruindo florestas protegidas para abrir caminho para plantações.

A demanda internacional por óleo de palma disparou nos anos recentes, devido a seu uso como biocombustível, em alimentos e em produtos caseiros. Indonésia e Malásia respondem pela vasta maioria da produção global.

A Cargill informou que deverá parar de comprar da Sinar Mas se as alegações de uso indevido de terra ou plantio ilegal na densa mata alagada forem confirmadas. O Round Table on Sustainable Palm Oil, um órgão de certificação, está apurando as alegações.

A análise foi motivada por um relatório do Greenpece publicado em dezembro, que tratava de supostas atividades de desmatamento ilegal promovidas pela Sinar Mas, que a companhia refutou. A Sinar Mas disse que seu objetivo é “preservar a biodiversidade ininterruptamente” e manifestou confiança em que os contratos sejam reativados após a análise.

O relatório foi acompanhado por uma campanha on-line que visou o uso, por parte da Nestlé, de óleo de palma não sustentável nos seus produtos.

A Nestlé disse que trocará fornecedores, enquanto a Unilever, maior compradora mundial de óleo de palma, cancelou um contrato de US$ 33 milhões com a Sinar Mas depois da publicação do relatório pelo Greenpeace.

Dorab Mistry, diretor do Godrej International, trading sediada em Londres, disse que outras companhias poderão seguir o exemplo, pois melhoraria as suas imagens gastar US$ 10 por tonelada a mais para comprar óleo ecológico e não ser associado a desmatamento. Ele disse, contudo, que as táticas do Greenpeace eram “medidas extremas” que “só tornam os indonésios mais defensivos”.

As florestas do país são as maiores e mais diversificadas biologicamente após a Bacia Amazônica e sua destruição em Bornéu e Sumatra transformou a Indonésia na terceira maior emissora de carbono após EUA e China.

O desmatamento promovido pelos produtores de óleo de palma é considerado a maior ameaça à fauna silvestre e a plantas nativas em risco de extinção na Indonésia, mas o setor é também uma fonte considerável de geração de riqueza e de emprego. O país vendeu 20,8 toneladas de óleo de palma em 2008 e quase 50% a mais do que em 2004.

Os produtores de artigos de papel e celulose na Malásia também estão sentindo a pressão. Ontem, a refinaria finlandesa Neste Oil disse que investigará se a IOI, sua fornecedora, teria desmatado terras ilegalmente em Bornéu na esteira de alegações feitas pela organização “Amigos da Terra”.