O agravamento da crise na Doux Frangosul provoca especulações sobre interessados na compra ou arrendamento das plantas da empresa em Montenegro e Passo Fundo (RS). O valor da operação poderia chegar a R$ 1 bilhão, sem considerar a dívida, estimada em R$ 400 milhões. Pelo menos uma das gigantes da indústria de alimentos, a Brasil Foods (BRF), teria feito uma sondagem junto à direção, revela um alto executivo do setor. Há dois anos, a Doux não consegue quitar pagamentos atrasados aos 2,2 mil criadores integrados de frangos no RS. Recentemente, uma tentativa de captação de recursos externos teria fracassado, tornando a situação aguda. O presidente da Ubabef, Francisco Turra, torce para que o caso tenha um desfecho que resguarde tanto integrados quanto o mercado.
O interesse de multinacionais preocupa gaúchos pelo risco de alta concentração de mercado. Por isso, cresce a articulação em torno da formação de um pool de empresas e também cooperativas com saúde financeira para expandir negócios. Na avaliação de Elton Weber, presidente da Fetag, esta seria uma opção interessante. A evolução desta suposição abriria a possibilidade de injeção de recursos do BNDES. Embora incipiente, a discussão já envolve integrantes do primeiro escalão do governo eleito, que analisam alguns estímulos. O deputado Heitor Schuch pretende dar seguimento ao assunto com o governador eleito Tarso Genro.
A Doux não se pronunciou sobre o assunto. Em 2009, a companhia teve receita bruta de R$ 1,7 bilhão, queda de 12,2% frente ao ano anterior. Não é a primeira vez que correm boatos de negociação da empresa. Ano passado, a suposição envolveu o Marfrig, para quem a Doux havia vendido sua planta de perus em Caxias do Sul. Em 2008, a Perdigão se candidatou, operação estimada em R$ 900 milhões na época.