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Com grãos e adubos no 'Mapito', Risa ganha corpo

Faturamento da empresa familiar já superou R$ 500 milhões.

Com grãos e adubos no 'Mapito', Risa ganha corpo

Uma empresa familiar fincada em uma região dominada por grandes grupos, muitos deles com capital aberto no Brasil ou no exterior. Mas que também vem crescendo em ritmo acelerado nos Cerrados do “Mapito” – confluência entre os Estados do Maranhão, Piauí e Tocantins -, nova fronteira agrícola que amadurece a cada safra e que, apesar das carências de infraestrutura, continua a atrair investidores.

É nesse ambiente de crescente concorrência que a Risa, companhia de DNA gaúcho que chegou ao Maranhão em 1984, continua a pisar no acelerador. Neste momento, toca um plano de investimentos de cerca de R$ 42 milhões na ampliação de sua capacidade de armazenagem de grãos e na construção de mais uma unidade de mistura de fertilizantes. Com esses recursos, a estocagem já foi reforçada no ano passado, em uma clara preocupação com um dos gargalos que ainda tiram competitividade da produção no Mapito.

Além das fazendas onde produz grãos e de unidades de adubos, a Risa também é dona de revendas de máquinas e de defensivos e de uma transportadora, uma estrutura pouco comum mesmo no caso de empresas de maior porte que atuam na região. José Antonio Gorgen, presidente da Risa, sabe disso e lembra que não foram poucos os desafios enfrentados em uma região onde até hoje rede elétrica é artigo de luxo. Mas quando saiu de Não-Me-Toque para plantar 100 hectares de grãos em terras maranhenses, sabia que os desafios só não seriam maiores do que o potencial de expansão. Tanto que, no início da década de 1990, já produzia também no Piauí.

O faturamento de 1984 já ficou para a história, mas em 2006, por exemplo, foram R$ 35,5 milhões. A Risa começava a ganhar musculatura para superar a marca de R$ 100 milhões, o que aconteceu em 2009. Em 2012, o montante chegou a R$ 390,9 milhões, e no ano passado a escalada levou o valor a R$ 502 milhões, conforme Gorgen.

Distribuída por cinco fazendas (quatro próprias e uma arrendada), a produção de grãos da empresa deverá alcançar 3,5 milhões de sacas de 60 quilos nesta safra 2013/14, quase 17% mais que em 2012/13. A soja é o carro-chefe, com 42,7 mil hectares cultivados na atual safra, e apenas a expansão da área plantada com a oleaginosa, constante nos últimos anos, deverá atingir 2,23 mil hectares na temporada 2014/15. Na chamada segunda safra, a área será dividia entre 18 mil hectares de milho, 8,9 mil de milheto, 8,8 mil de braquiária e milheto em consórcio e 7 mil hectares de sorgo.

Apesar dos recorrentes problemas climáticos – no ciclo atual, houve estiagem do fim do ano passado a meados de janeiro -, a produtividade da soja é alta, conforme Gorgen. E a safrinha de milho também vem gerando bons resultados, sobretudo depois que o plantio de variedades precoces de soja acelerou a colheita do grão no verão.

Toda a produção de grãos é vendida para tradings. O volume destinado ao mercado externo é escoado pelas tradings até o porto de Itaqui, também no litoral maranhense, mas a Risa tem planos de começar a realizar exportações diretas quando o Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram) começar a operar.

Daí a necessidade de contar com uma boa rede de armazenagem. Para tentar ganhar poder de barganha na hora da venda, a Risa já conta com uma capacidade total de estocagem de 130 mil toneladas e está na fase final da construção de mais duas unidades com capacidade para 25 mil toneladas cada. No segundo semestre, deverão ser construídos mais três silos em Uruçuí, no Piauí, cada um deles com capacidade para 15 mil toneladas.

No segmento de fertilizantes, cuja participação nos negócios da Risa se aproxima da fatia da produção de grãos, a terceira unidade de mistura da companhia, localizada ao lado do porto de Itaqui, em São Luís, deverá ser inaugurada em agosto. As outras plantas são em Balsas, também no Maranhão, e em Uruçuí. A nova misturadora deverá adicionar cerca de 100 mil toneladas por ano à atual capacidade de produção de 300 mil. E representará a expansão da Risa, atualmente restrita a Maranhão e Piauí, para o leste do Estado do Pará.

No ano passado, as vendas de fertilizantes da Risa somaram aproximadamente 220 mil toneladas, 22,2% mais que em 2012. Desse volume, cerca de 50 mil toneladas foram aplicadas nas próprias lavouras da companhia. Com as misturadoras que tem, a Risa é a segunda maior importadora de fertilizantes do Maranhão, conforme Gorgen. Em 2013, importou 289,2 mil toneladas de matérias-primas para a produção de adubos, ante 222,7 mil em 2012. Nesse segmento, a companhia também atua no mercado de micronutrientes.

Em meio a essa acelerada expansão, a Risa, que já conta com 1,1 mil funcionários, não descarta a possibilidade de abrir o capital, mas não antes de 2016. Conforme Gorgen, a perspectiva da empresa, agora, é pisar um pouco no freio e arrumar a casa. “Crescimento muito rápido exige preparo de mão de obra e estrutura física”, enfatiza.