Se a população mundial tivesse acesso à produção de alimentos dos países emergentes, certamente os números da fome seriam reduzidos de forma considerável. Esta é a opinião de Daniela Battaglia, diretora da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/Roma). Ela ministrou palestra sobre o tema durante o 1º Interfeed, um fórum empresarial promovido pelo Sindicato da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) entre os dias 11 e 12 de maio, em São Paulo (SP).
Battaglia destacou o crescimento da produção de carnes nos países em desenvolvimento, regido pelo aumento da demanda e pelo crescimento da população mundial. Fez críticas, porém, à polarização da produção e comercialização. “Embora sejam os países emergentes os responsáveis pelo crescimento da produção de alimentos [que envolve a produção de carne e insumos], o consumo continua concentrado nos países desenvolvidos”, enfatiza. “O déficit de proteína animal ainda é muito grande em continentes como a África, por exemplo”.
Para o futuro, acredita a diretora da FAO, pouca coisa vai mudar. “Países como o Brasil continuarão a liderar a produção de alimentos. A maior disponibilidade de grãos para a produção de alimentação animal, a viabilidade econômica e energética e a capacitação do setor produtivo são determinantes para esse desenvolvimento, mas ele ainda não é sinônimo de um maior acesso à proteína animal”, avaliou. “Com a descentralização do comércio, temos uma grande oportunidade para melhorar a qualidade de vida e o desenvolvimento humano mundial”.
Liderança – Em sua palestra, Battaglia apresentou um estudo do Serviço de Observação Estratégica da União Européia. De acordo com ele, o Brasil será responsável por mais da metade do crescimento do mercado global de alimentação com 30% das exportações de carnes até 2017. “O Brasil tem um futuro brilhante, mas deve transpor barreiras operacionais com ajuda do governo”, conclui a especialista da FAO.