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EMPRESAS

Como a redução do uso de antibióticos contribui para o crescimento da suinocultura?

Série de estudos realizados em granjas europeias indica que medidas como, a desinfecção da área, quarentena e práticas all-in / all-out estão significativamente associadas ao menor uso do medicamento

Como a redução do uso de antibióticos contribui para o crescimento da suinocultura?

Ao pensarmos nos desafios inerentes da suinocultura, historicamente os antibióticos desempenham um papel essencial no manejo de doenças. Um estudo conduzido por Van Boeckel et al. (2015) estimou que a média mundial de utilização de antimicrobianos é de cerca de 172 mg/kg de suíno produzido. No Brasil, a média atinge 358,0 mg/kg de suíno produzido (Dutra et al. 2017).

Com as transformações do setor, o uso racional destas moléculas tem ganhado cada vez mais força visando atender aos anseios e preocupações da sociedade quanto à sanidade dos animais, o bem-estar e a segurança alimentar global.

“A indústria brasileira está cada vez mais consciente sobre a importância de investir na prevenção. Temos acompanhado granjas que passaram a adotar medidas que atuam na promoção da imunidade dos animais e na diminuição da pressão de infecção, seguindo as tendências europeias de sanidade”, comenta Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de serviços veterinários de suínos da Ceva Saúde Animal.

Uma série de estudos realizados em granjas europeias indica que medidas como, a desinfecção da área, quarentena e práticas all-in / all-out estão significativamente associadas ao menor uso do medicamento. Outra ferramenta indispensável é a vacinação, que proporciona o aumento da resposta imune dos animais permitindo que seus organismos possam combater os principais agentes causadores de enfermidades.

A redução da resistência antimicrobiana representa um dos benefícios mais notáveis dessa mudança de abordagem. A resistência antimicrobiana é uma ameaça global crescente à saúde humana e animal. Estudos, como o de Lekagul et al. (2018), demonstram que a diminuição do uso de antibióticos na suinocultura pode aliviar a pressão seletiva sobre as bactérias, reduzindo assim a resistência destes agentes biológicos e contribuindo para a preservação da eficácia dos tratamentos com antibióticos.

A manutenção da saúde dos animais é outra consequência positiva. O uso excessivo de antibióticos pode ocultar problemas subjacentes de manejo, higiene e saúde nas granjas, levando a práticas inadequadas de criação. A redução do uso de antibióticos, por outro lado, incentiva os produtores a adotar práticas de manejo mais saudáveis e sustentáveis, o que não só protege a saúde dos animais, mas também melhora o bem-estar deles, algo cada vez mais valorizado pelos consumidores preocupados com a ética na cadeia de produção animal.

Pedro reforça que uma proteína suína de melhor qualidade beneficia não apenas os consumidores, assegurando a qualidade e a segurança dos alimentos, mas também os próprios produtores, que passam a ter um melhor retorno financeiro, se destacando no mercado.

Sob uma perspectiva mais ampla, a redução do uso de antibióticos traz benefícios significativos para os produtores de suínos. Ela pode resultar em economias substanciais, uma vez que os custos associados à compra de antibióticos e tratamentos veterinários podem ser reduzidos. Além disso, a produção de suínos mais saudáveis e de alta qualidade pode levar a melhores preços no mercado e maior competitividade (HOU et al., 2020).

A redução do uso de antibióticos na suinocultura oferece uma série de benefícios que abrangem desde a saúde humana até a preservação do meio ambiente e a reputação da indústria (Kim et al., 2018; Lekagul et al., 2018).

“Essa abordagem não apenas contribui para a segurança alimentar e a saúde animal, mas também é uma medida essencial para enfrentar a crescente ameaça da resistência antimicrobiana e construir uma suinocultura responsável, segura e sustentável. As indústrias de saúde animal estão cada vez mais empenhadas para dar o suporte necessário para o produtor quanto a estas mudanças, desenvolvendo soluções cada vez mais robustas, seguras e práticas, que atuam na prevenção de doenças globais ainda na fase de creche. O futuro do setor é prevenir, bem mais do que remediar”, finaliza.