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Entrevista

Criada para ser a melhor

Em entrevista, Fernando Pereira, presidente do Grupo Agroceres, fala sobre a criação da Agroceres Multimix e sobre os planos da nova empresa para o mercado brasileiro e internacional.

A Agroceres Nutrição Animal anunciou no final de julho a compra da Multimix. O negócio dá origem há uma nova empresa, a Agroceres Multimix, que deve responder por 70% do faturamento do Grupo Agroceres e figurar entre as três maiores companhias do segmento brasileiro de nutrição animal.

Para Fernando Antonio Pereira, presidente do Grupo Agroceres, a aquisição materializa a missão da empresa, cuja pretensão é “ser a melhor do mercado e não necessariamente a maior”. “Buscamos alguém que pudesse nos trazer os componentes para sermos competitivos e os melhores do mercado. Essa é a confiança que temos”, afirma o executivo.

Na entrevista a seguir, Fernando Pereira fala sobre o movimento de concentração no mercado de nutrição animal, sobre os planos da Agroceres Multimix para o Brasil e América Latina e sobre a importância do segmento de alimentação animal para o Grupo Agroceres. Confira. 

SI/AI – Os processos de fusões estão em alta no segmento de nutrição animal. Como o senhor analisa esse movimento de concentração?

Fernando Pereira – Acredito que essa seja uma tendência natural. Se olharmos o segmento de proteína animal – todas as carnes, ovos e leite – veremos que há um processo de consolidação em toda cadeia. Com as empresas fornecedoras de insumos de nutrição não poderia ser diferente. As razões que levam a isso são, em algum sentido, as mesmas, como por exemplo, obter ganho de escala para competir melhor e agregação de capacitações quando se juntam empresas do mesmo ramo, entretanto, com especializações diferenciadas. 

SI/AI – O senhor acredita que a crise financeira internacional precipitou esse movimento no setor de nutrição animal?

Fernando Pereira – Creio que não. A crise financeira impactou mais nos setores da ponta da cadeia. Talvez tenha encorajado alguns players do segmento a realizar planos que já tinham em mente. Mas, pelo menos no nosso caso, eu diria que não teve nenhuma correlação com a situação financeira global e a decisão que tomamos. 

SI/AI – Na opinião do senhor, sob o ponto de vista do mercado, quais serão os principais reflexos dessas fusões e incorporações no setor de nutrição animal?

Fernando Pereira – Bem, o que buscamos com isso foi, em primeiro lugar, buscar novas capacitações. Buscamos uma empresa que tinha uma atividade complementar ao que temos em vários aspectos, e também queríamos agregar talentos importantes ao nosso negócio, que encontramos na Multimix. Agregamos também uma marca forte e escala de operação. Isso tem reflexos tanto na parte industrial quanto nos procedimentos de aquisição de ingredientes. Tudo isso nos permite ser mais competitivos. Esse foi o pano de fundo que nos moveu nessa direção. 

SI/AI – O que muda na atuação da Agroceres Nutrição Animal com a aquisição da Multimix?

Fernando Pereira – Eu diria que materializamos a nossa missão de empresa, que sempre definimos como sermos a melhor empresa do mercado e não necessariamente ser a maior. Então, nós buscamos alguém que pudesse nos trazer os componentes para sermos competitivos e os melhores do mercado. Essa é a confiança que temos. 

SI/AI – Quais os planos da Agroceres Multimix para o mercado brasileiro?

Fernando Pereira – Seguramente, em curtíssimo prazo, consolidar esses dois negócios, a Agroceres Nutrição Animal e a Multimix, e imediatamente ou concomitantemente, temos planos de promover uma expansão nesse mercado. Acreditamos que temos a capacitação que o mercado requer. E o mercado requer produtos confiáveis, de alta qualidade e serviços especializados. 

SI/AI – A Agroceres pretende aumentar sua atuação na avicultura?

Fernando Pereira – A avicultura é um dos enfoques importantíssimos dessa aquisição, uma vez que a Multimix, dependendo do segmento, era líder de mercado ou posicionada como uma das melhores do mercado. Então, com a aquisição demos uma arrancada muito grande na operação da Agroceres no negócio avicultura. E, nesse caso específico, o que vai dirigir os caminhos da Agroceres são os princípios que nortearam os caminhos da Multimix no negócio de nutrição de aves. 

SI/AI – E para o mercado externo, a Agroceres Multimix tem algum plano?

Fernando Pereira – Nós já tínhamos uma expansão no mercado externo focando os países da América Latina. Agora vamos apenas acelerar esse processo. Não é uma mudança de enfoque, mas sim de velocidade de crescimento nesse mercado. 

SI/AI – Qual a participação da Agroceres Nutrição Animal no mercado de nutrição animal brasileiro antes da compra da Multimix, e agora, depois da compra?

Fernando Pereira – Mensurar participação de mercado nesse tipo de negócio é muito difícil, porque quando se fala em nutrição animal, no nosso caso, se fala de suplementos. Não estamos falando no mercado de ração pronta. E nós temos mercados que não adquirem esses suplementos. Algumas grandes integrações fazem elas mesmas. Então se focarmos apenas em suínos e aves, que são mercados em que temos uma participação maior, veremos que evoluímos para uma participação de 7% do mercado total. Mas o mercado total não significa o mercado que focamos para crescer. É apenas uma parte desse mercado total que focamos para crescer. É ainda uma participação pequena, mas que nos posiciona como uma das maiores do segmento. E antes disso tínhamos em torno de 4% de participação. 

SI/AI – Com a aquisição, a Agroceres Multimix vai estar entre as cinco maiores empresas do setor no Brasil?

Fernando Pereira – Estimamos que no mercado de suplementos ficaremos entre as três maiores do mercado. 

SI/AI – Qual a importância do mercado de nutrição animal para os negócios da Agroceres?

Fernando Pereira – Temos em nossa missão, do Grupo Agroceres, fornecer soluções tecnológicas para o agronegócio e para isso trabalhar nas bases da cadeia do agronegócio. E nutrição animal, do ponto de vista do faturamento, é o maior negócio do Grupo. Agora esse segmento se distanciou ainda mais dos demais sob esse ponto de vista. Obviamente não é só sob a ótica de faturamento que se tem que analisar os negócios. Mas, enfim, está no coração do que traçamos como missão de empresa e por isso a nossa grande ênfase de crescimento nessa atividade. 

SI/AI – O que explica a investida do Grupo Agroceres no setor de nutrição animal?

Fernando Pereira – Para nós é exatamente a materialização da nossa missão de empresa. Nós poderíamos fazer a mesma coisa, ou aproximadamente a mesma coisa, com crescimento orgânico. E vínhamos fazendo isso nos anos anteriores. Entendemos que existe um cenário de mercado que se configura muito mais promissor hoje. Entendemos que do outro lado temos muito mais capacitação e fomos buscar no mercado as capacitações complementares e a escala que precisávamos.

SI/AI – A Agroceres pretende fazer mais alguma aquisição no segmento de nutrição animal?

Fernando Pereira – Não temos em nosso plano agora fazer nenhuma nova aquisição. Temos a consolidação como prioridade. Mas isso não elimina em algum momento futuro alguma reanálise dessa decisão e partirmos para outra aquisição. Mas, neste momento não faz parte de nossos planos. 

SI/AI – A produção da indústria de alimentação animal no Brasil registrou incremento da ordem de 10% no primeiro semestre de 2010 em comparação com o mesmo período do ano passado. Como o senhor analisa as perspectivas do mercado de nutrição animal para este resto de ano?

Fernando Pereira – Para este resto de ano o crescimento total do mercado de nutrição animal deverá vir principalmente da avicultura e da bovinocultura, que são as duas carnes que crescem no mercado, embora no setor de bovinos seja esse crescimento seja muito mais em função de adoção de tecnologia do que de crescimento de tamanho de negócio. Mas no caso da avicultura sim, temos um crescimento decorrente da ampliação de produção, trata-se de um mercado em expansão. Em suínos a expansão deve ser muito pequena. Até por que a produção de carne suína não deverá crescer muito. Ela deve crescer marginalmente nesse período.