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Crise e oportunidades foram debatidas no XIV Fórum ABAG

Evento foi realizado na última quarta-feira (25) em São Paulo (SP).

Redação (26/03/2009)- A Associação Brasileira de Agribusiness (Abag) realizou nesta quarta-feira, dia 25, em São Paulo, seu XIV Fórum com o tema “Desdobramentos da Crise”, com a presença do deputado federal e vice-presidente da Confederação Nacional da Agricultura, Homero Pereira; o vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Luís Carlos Guedes Pinto e o presidente da Cocamar Cooperativa Agroindustrial, Luiz Lourenço.

O presidente da Cocamar e diretor da Abag, Luiz Lourenço, afirmou que a crise não chegou na cooperativa do Paraná. “As pessoas precisam continuar comendo e produtos de alimentação tem sempre demanda”. Mas pontuou alguns problemas regionais como a seca, causada por um veranico. Segundo ele, a produção de grãos, do ano retrasado para o ano passado, teve uma redução de 6 milhões de toneladas e, a soja, uma perda de 2 milhões de toneladas. “Em 2007 produzíamos 2.991 quilos por hectare e, em 2008, estimamos uma produção de 2.500 quilos por hectare”.

Outros problemas destacados por Lourenço foram: a lentidão na comercialização da soja do ano passado para este ano, cujos prejuízos foram compensados pela desvalorização do dólar; da rentabilidade negativa na cadeia produtiva de avicultura, “que apesar do crescimento de 6% ano passado, em janeiro deste ano teve taxa negativa de -10,29% e em fevereiro -5,13%”; dos custos impraticáveis na suinocultura, “os produtores vendem a carne no mercado a R$ 1,70 o quilo e tem um custo de produção de R$ 2,30”; da quebra dos frigoríficos com sobra de animais prontos para o abate e preços despencando; do excesso de mandioca plantada no Paraná que aumentou estoques e reduziu o preço e dos prejuízos do setor sucroalcooleiro.

O empresário lembrou ainda que a safra de milho tem expectativa positiva para a safrinha de inverno e que os produtores de trigo estão estocando o produto porque  o processo de comercialização é lento. “O País importa trigo de vários lugares e no Paraná temos trigo parado em armazéns”. Para Lourenço, a crise tem solução. “Precisamos sair deste processo de eterna renegociação das dívidas agrícolas, temos que superar as dificuldades de financiamento, criar um seguro rural e fundo de catástrofe e mudar o código florestal.

Armazenagem e Logística

O deputado federal Homero Pereira disse que o Brasil passa por uma crise institucional e que a classe média rural está enfrentando dificuldades porque o atual sistema concentra apoio só entre grande se pequenos produtores. “Falamos de classe média urbana, mas existe a classe média rural que vem sendo prejudicada pela atual concentração de renda na mãos de grandes ou pequenos produtores”.  Segundo ele, um produtor com dois mil hectares no Mato Grosso tem dificuldade para sobreviver no mercado e o cenário está levando os médios e grandes produtores a se agrupar em pequenas cooperativas ou consórcios, para formar escala de produção e assim garantir a sobrevida em meio à crise.

Pereira destacou ainda que pretende formar uma Frente Parlamentar de Logística e Armazenamento no Congresso Nacional, para que o Governo ofereça um subsídio ao frete, por conta das perdas sofridas por produtores do Centro-Oeste, que estão mais distantes dos principais portos do País. “Um modal de transporte não substitui outro, mas temos que ter mais investimentos em logística”, disse. E apresentou dados: “o custo de transporte, por rodovia, de uma carga de 1 tonelada de soja é US$ 42,6 por mil quilômetro, US$ 26,8 por ferrovia e US$ 18,3 por hidrovia. E a nossa principal via de escoamento hoje é o modal rodoviário, o  mais caro nesta lista”. Homero Pereira finalizou sua palestra defendendo um novo modelo de política agrícola que traga benefícios tributários para incentivar a transição do produtor da pessoa física para a jurídica.

Safra 2009/2010

O vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Luís Carlos Guedes Pinto, estimou recursos disponíveis para a safra 2009/10. “A projeção do Banco do Brasil está em linha com a estimativa apontada pelo Ministério da Agricultura, que prevê um acréscimo da ordem de 25% no volume de recursos disponíveis para a nova safra, com início em julho”, disse.

O Banco do Brasil teria disponível um valor em torno de R$ 45 bilhões, enquanto o Mapa, valor estimado próximo a R$ 100 bilhões. Os valores ainda serão confirmados em maio, quando será apresentado o Plano Agrícola e Pecuário. Guedes Pinto lembrou que o Banco do Brasil tem recursos disponíveis para os produtores rurais interessados em antecipar as compras de insumos para 2009/10. “A linha de crédito está disponível há cerca de 10 dias e já fizemos negócios”, afirmou.

Ele também apresentou números da safra 2008/2009. “O BB liberou cerca de R$ 23 a R$ 25 bilhões para os produtores rurais e o volume disponível hoje chega a  R$ 35 bilhões”, informou. Guedes Pinto finalizou o Fórum Abag dizendo que o recuo dos depósitos à vista poderá ser compensado com o crescimento da caderneta de poupança rural.