Na última quinta-feira, uma declaração do diretor financeiro da Danone, Jurgen Esser, trouxe tensão nas relações entre a multinacional e o setor agrícola brasileiro. Esser afirmou que a empresa havia deixado de adquirir soja brasileira por falta de garantias ambientais, optando pela importação da oleaginosa da Ásia. Em resposta, representantes do agronegócio e figuras políticas criticaram a posição da Danone, que foi classificada como “intempestiva” e “discriminatória” pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) também reagiu, alegando que a decisão da empresa revela desconhecimento sobre o sistema produtivo do país.
A reação se intensificou nas redes sociais, com o ex-ministro da Agricultura, Antonio Cabrera, pedindo um boicote à marca e sugerindo que a Danone desconsidera os esforços ambientais do Brasil. Em resposta, a Danone Brasil emitiu um comunicado negando as alegações de Esser, garantindo que a empresa mantém a compra de soja brasileira para ração animal, em conformidade com normas locais e internacionais. Em nota ao AgFeed, a empresa reiterou seu compromisso com a sustentabilidade na cadeia de fornecimento brasileira, especialmente no monitoramento de áreas de cultivo livres de desmatamento.
A polêmica ocorre em meio ao debate sobre a Lei Antidesmatamento da União Europeia (EUDR), prevista para restringir importações de produtos oriundos de áreas desmatadas. A Aprosoja Brasil ressaltou que, ao contrário de outros países, o Brasil exige que produtores preservem áreas ambientais, enquanto a legislação europeia não leva em conta o desmatamento legal, permitindo a produção agrícola em áreas regulamentadas.
A nota da Danone
No ano passado, a Danone, segundo informações da Reuters, informou ter utilizado 262 mil toneladas de produtos a base de soja para alimentar suas vacas e 53 mil toneladas de grãos para fabricar leite e iogurte feitos com o grão.
No Brasil, a companhia obtém farelo de soja para ração animal. No começo da tarde desta quarta-feira, a companhia enviou uma nota ao AgFeed, assinada pelo presidente da Danone Brasil, Tiago Santos, e pelo vice-presidente de assuntos jurídicos e corporativos da Danone Brasil, Camilo Wittica: “A Danone está há mais de 50 anos no Brasil e investe anualmente em ações que priorizam o apoio e o desenvolvimento de grandes a pequenos produtores locais, incentivando práticas mais sustentáveis em todos os elos da nossa cadeia de fornecimento. Podemos confirmar que a informação veiculada não procede.
A Danone continua comprando soja brasileira em conformidade com as regulamentações locais e internacionais. A soja brasileira é um insumo essencial na cadeia de fornecimento da companhia no Brasil e continua sendo utilizada, sendo a aquisição da maior parte desse volume intermediada pela Central de Compras da Danone, incluindo processos que verificam sua origem de áreas não desmatadas e rastreabilidade.” Questionada pela reportagem se a fala do diretor financeiro da Danone relatada pela agência Reuters não procede, a assessoria de imprensa da companhia respondeu: “A Danone Brasil compra soja brasileira.
É o único país onde a Danone faz a compra direta do farelo de soja para ração animal em formato de Central de Compras.
Fonte: AGFeed