Em meados de outubro de 2008, a crise bateu à porta da economia brasileira e os primeiros sinais começaram a ser percebidos em vários segmentos produtivos. Com a avicultura brasileira – o setor cárneo mais tecnificado da produção nacional – não foi diferente. Mesmo com estabilidade no consumo interno, o setor sofreu os impactos da redução da exportação. Imediatamente o setor iniciou uma grande mobilização para ajustar a produção nacional de acordo com a demanda, para segurar a receita do segmento e evitar quebras de empresas.
Sob a meta de reduzir em 20% a produção, promoveram reuniões e campanhas diretas junto ao setor produtivo. Os primeiros resultados vieram já em novembro, com uma redução de 12,2% em relação ao volume de 496 milhões de pintos alojados em outubro. Em janeiro, esta redução se demonstrou ainda mais forte, de 17% sobre o mesmo mês de referência. Os índices se mantiveram ajustados nos meses seguintes, porém o setor passou a enfrentar novos problemas com relação ao fornecimento de crédito.
“O CMN (Conselho Monetário Nacional) aprovou diversas medidas importantes para o setor, como a expansão do limite de crédito para capital de giro da agroindústria e custeio para os produtores integrados. Foram bilhões liberados para o setor mas, em termos práticos, não chegou a quem precisava. Desse montante apenas R$ 1 milhão havia sido liberado até o começo de maio”, explica Ariel Mendes, presidente da União Brasileira de Avicultura (UBA).
Por ser tão industrializada e internacionalizada, a produção avícola brasileira – a mais produtiva e com menor custo de produção do mundo – discute agora os rumos que o setor tomará daqui para frente. Exatamente com este intuito, as entidades nacionais do setor avícola – UBA, Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (ABEF) e Fundação APINCO de Pesquisas e Tecnologia Avícolas (FACTA) – realizam entre 25 e 28 de maio, em Porto Alegre (Centro de Eventos FIERGS), o 21° Congresso Brasileiro de Avicultura. O evento também agregará, nesta edição, a 27ª Conferência FACTA.
O encontro da avicultura brasileira, além da vasta programação de palestras, contará ainda com a realização de mesas redondas, encontros técnicos e políticos. “A avicultura é responsável por 1,5% do PIB nacional, envolvendo 5 milhões de empregos diretos e indiretos. O frango é hoje a carne mais consumida pelo brasileiro, com 39 kg per capita e o quarto produto da pauta exportadora do agronegócio. O setor é extremamente forte, mas o momento é de cautela, por isso este encontro oficial do setor torna-se fundamental como momento único para a tomada de decisões em busca de saídas para os atuais desafios da produção nacional”, conclui Mendes, da UBA.