A Embrapa Instrumentação Agropecuária inaugurou ontem (28) o Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio (LNNA). Pioneiro na América Latina, ele desenvolverá estudos ligados exclusivamente ao agronegócio. De acordo com o chefe-geral da Embrapa Instrumentação Agropecuária, Álvaro Macedo da Silva, foram investidos recursos da ordem de R$ 10 milhões, sendo R$ 4 milhões provenientes da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). “O LNNA é um marco na consolidação da infraestrutura de equipamentos avançados e dedicados à nanotecnologia”, afirma. O evento reuniu cerca de 150 pessoas, entre elas, professores, estudantes e membros de todas as unidades da Embrapa, em São Carlos (SP).
Durante a solenidade, o diretor da Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia, Mário Norberto Baibich, explicou que os investimentos em pesquisa no Brasil não foram prejudicados com a crise internacional e aposta no avanço das pesquisas nanotecnológicas. “O Ministério cuida do agronegócio como um todo, mas colocou boa parte de sua verba neste projeto, acreditamos nele”. Ele também destacou a liderança do Brasil em pesquisas agropecuárias. “A ciência fez do agronegócio brasileiro algo de primeira linha. Com a nanotecnologia podemos aumentar nossa eficiência”, disse o diretor. “Estamos centralizando boa parte de nossos recursos aqui na Embrapa”. Baibish representou o Ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, que não pôde comparecer a inauguração.
Orlando Melo de Castro, coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), elogiou a aplicação dos recursos públicos no laboratório de nanotecnologia. “Queremos gerar resultados. O governo investe para aumentar a produtividade do agronegócio brasileiro, com custo menor no futuro”.
Para a diretora-presidente da Embrapa em exercício, Tatiana Deane de Abreu Sá, o LNNA coloca o Brasil em posição de destaque. “Este é o resultado de um trabalho multidisciplinar que trás muitas oportunidades. O LNNA tem muito a ver com a bandeira da Embrapa no território nacional”, explica. “A nanotecnologia é um negócio rentável, porém, deve ser manipulada com ética, observando os aspectos ambientais e humanos”.
Atividades – O Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio ocupa uma área de 700 metros quadrados e é uma iniciativa pioneira no mundo nesta linha de pesquisa. De acordo com Luiz Henrique Capparelli Mattoso, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Instrumentação Agropecuária, o desenvolvimento de filmes comestíveis, de plástico biodegradável de fonte renovável são algumas das pesquisas que já são desenvolvidas no laboratório de nanotecnologia. “Queremos fazer uma nanotecnologia responsável. A ideia é oferecer ao consumidor produtos com qualidade”, afirmou.
Segundo Mattoso, a equipe atuante no LNNA vai estudar a aplicação de novas ferramentas para biotecnologia e nanomanipulação de genes e materiais biológicos. “Vamos contribuir de maneira eficiente e sustentável para o aumento da competitividade do agronegócio brasileiro. Este é o nosso desafio”, completou.
Histórico – Em abril de 2006 foi criada a Rede de Nanotecnologia Aplicada ao Agronegócio no final deste mesmo ano, na qual estão envolvidos 64 pesquisadores de 28 instituições, sendo 19 unidades da Embrapa e 17 centros acadêmicos de excelência no País. A rede atua em três linhas de pesquisa: sensores e biossensores para monitoramento de processos e produtos; membranas de separação e embalagens biodegradáveis, bioativas e inteligentes; novos usos de produtos agropecuários.