Uma peça-chave na construção de uma política industrial com foco no curto prazo e que precisa ter uma abrangência maior. Assim representantes do setor produtivo definem o Plano Brasil Maior, estratégia que integra um conjunto de medidas de estímulo a 19 segmentos. Ontem (24/07), na Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), um seminário debateu a iniciativa, seus reflexos para o Rio Grande do Sul e os desafios futuros. O encontro ainda contou com a presença de representantes do governo federal e da iniciativa privada.
No Estado, a prioridade do momento é a inclusão do setor de agroindústria na ação. Atualmente, o ramo só é contemplado em algumas medidas transversais, como em financiamentos com juros reduzidos. “No Reintegra e na desoneração da folha de pagamentos, a agroindústria deveria ser beneficiada. É um setor importante para o Rio Grande do Sul”, enfatiza o presidente da Fiergs, Heitor Müller.
O dirigente destaca que o plano demonstra que o governo federal tem se importado em apoiar os segmentos mais debilitados. Ele, no entanto, constata que a velocidade da implementação das medidas ainda está em descompasso com a urgência da indústria. Müller ainda lamenta que, mesmo com os incentivos, o mercado argentino segue sendo de difícil penetração devido às barreiras. “Esse continua sendo o nosso calcanhar de Aquiles”, resume.
O gerente-executivo de Política Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Pedro Alem Filho, ressalta que o Plano Brasil Maior é uma peça importante em um grande quebra-cabeça na definição de uma estratégia integrada para atividade. Porém, para o dirigente, restam mais desafios pendentes. “Estamos no final de um ciclo de expansão pelo consumo. Temos que utilizar melhor o momento, que sabemos que não é bom, para trabalhar essas questões”, diz.
Ele acredita que há boa vontade do governo em dialogar com o setor produtivo, mas que, por vezes, a lentidão da máquina pública e os conchavos políticos atrapalham a criação de soluções. Para o gerente-executivo da CNI, uma política industrial forte passa por investimentos em diversas áreas, como inovação, tecnologia e educação. “O Plano Brasil Maior visa a resultados no curto prazo, dando uma sobrevida à indústria e estimulando o consumo. Mas sentimos falta de ataque às questões estruturais mais profundas”, opina.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dyogo Henrique de Oliveira, rechaça o rótulo de “pontual” às medidas adotadas no Brasil Maior. “Esse conjunto de medidas faz parte de uma estratégia bem definida de fortalecimento da indústria. E os resultados têm sido satisfatórios. Em junho, houve recorde de venda de automóveis. Entendemos que estamos numa rota acertada de política de desenvolvimento econômico”, afirma.
Com relação à desoneração da folha de pagamentos, um dos principais itens do plano, Oliveira lembra que, em breve, serão analisados os pedidos de mais setores. “Há vários setores pleiteando entrar no programa. Vamos analisar e, dentro das possibilidades, atender a esses pleitos”, sinaliza. Brinquedos, plásticos e os setores de transporte aéreo, marítimo e rodoviário são alguns que ainda aguardam um posicionamento.