A ETH Bioenergia, controlada pelo conglomerado Odebrecht, formalizou nesta quinta-feira a aquisição da Brenco, dando passo importante na direção da liderança global em produção de etanol à base de cana-de-açúcar.
As duas empresas estavam em negociação há quatro meses e fecharam a união dos ativos, com uma participação majoritária dos controladores da ETH na empresa resultante, que manterá o nome ETH Bioenergia.
A Odebrecht e a trading japonesa Sojitz vão deter 65 por cento de participação na nova ETH, com os acionistas da Brenco ficando com 35 por cento. As empresas não divulgaram detalhes financeiros sobre o acordo.
A Sojitz era detentora de 33 por cento da antiga ETH.
A nova empresa prevê investimentos de 3,5 bilhões de reais entre 2010 e 2012 para colocar em operação nove usinas em vários Estados brasileiros.
A ETH pretende produzir 3 bilhões de litros de etanol e gerar 2.700 gigawatts hora de energia elétrica a partir da queima de biomassa até 2012.
A Cosan, que hoje é a maior produtora mundial de etanol a partir de cana, produziu na última safra cerca de 2,3 bilhões de litros do biocombustível.
A ETH, a exemplo da Brenco, tem uma estratégia fortemente baseada em etanol e geração de energia, enquanto a Cosan possui um mix mais equilibrado entre álcool e açúcar.
A complementaridade entre as duas empresas é evidente e isso vai acelerar nosso crescimento a partir da combinação dos ativos”, afirmou a jornalistas o presidente da ETH, José Carlos Grubisich.
Sobre açúcar, a ETH informou que terá produção nas unidades que foram adquiridas e que já dispunham de equipamentos para isso.
Segundo Grubisich, o grupo produzirá entre 550 e 600 mil toneladas de açúcar por ano.
“Ainda que o foco seja etanol e energia de biomassa, temos algumas empresas que produzem açúcar, que vão ajudar a melhorar a geração de caixa e aproveitar os bons momentos do mercado internacional de açúcar”, acrescentou ele.
A ETH prevê moagem de 40 milhões de toneladas de cana-de-açúcar em 2012. Atualmente, as líderes em moagem no Brasil são a Cosan, com 60 milhões de toneladas, a Louis Dreyfus, com 40 milhões, e a Bunge, com 20 milhões.
O negócio entre a ETH e a Brenco é mais um capítulo no movimento de consolidação do setor de açúcar e álcool no Brasil, que ocorre após problemas financeiros que várias companhias tiveram no auge da crise financeira global.
O aperto no crédito complicou financeiramente várias companhias que haviam investido muito anteriormente.
A Brenco, comandada por Philippe Reichstul, ex-presidente da Petrobras, possui entre seus investidores Vinod Khosla, um dos criadores da Sun, e Steve Case, que participou do advento da AOL nos EUA.
A Brenco passou por dificuldades de caixa no ano passado e também chegou a negociar com a Petrobras. Em meio à redução de crédito no mercado, ela obteve um aporte do BNDESPar, que ficou com uma participação na empresa.
No momento, os preços do açúcar no mercado internacional estão perto dos maiores níveis em quase 30 anos e o consumo de etanol no Brasil cresce mais de dois dígitos anualmente.
No início do mês, a Shell anunciou um acordo com a Cosan, maior empresa de açúcar e álcool do Brasil, para união de alguns ativos no País, enquanto a Bunge informou que pretende investir no setor parte do dinheiro advindo da venda de suas operações de fertilizantes para a Vale.
A trading francesa Louis Dreyfus recentemente fechou a compra do controle do grupo Santelisa Vale, subindo para a segunda posição em moagem no Brasil.
Produção Atual
Atualmente, cinco unidades da ETH estão em operação.
Três delas são unidades novas –Rio Claro (GO), inaugurada em agosto; Santa Luzia (MS), inaugurada em outubro; e Conquista do Pontal (SP), que iniciou operações em dezembro.
As outras duas são instalações que foram compradas (Alcídia-SP e Eldorado-MS) e já operavam.
A Brenco possuía quatro projetos greenfield. Algumas destas usinas deverão iniciar produção neste e no próximo ano.
Odebrecht e Sojitz terão o direito de indicar sete dos dez membros do conselho de administração da nova empresa, ficando três vagas com os demais acionistas.
Grubisich anunciou a intenção de abrir o capital da ETH no futuro, possivelmente entre o segundo semestre de 2011 e o primeiro de 2012.
“Não é segredo pra ninguém que a empresa tem um compromisso de ir para o mercado de capitais”, afirmou.