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Inovação no agronegócio

Seminário realizado pela Embrapa em Minas Gerais debateu o desenvolvimento do setor.

“Não há como um país pobre se desenvolver a não ser pela inovação”. De forma enfática, o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) Jason de Oliveira Duarte resumiu a importância da inovação. Foi durante o II Seminário de Desenvolvimento Regional e Inovação Tecnológica no Agronegócio, que aconteceu nesta quinta, 21 de maio, nesta unidade da Embrapa. Jason foi moderador de uma das mesas de discussão do evento.

Na abertura, a chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo Vera Alves reforçou a necessidade de desenvolver e internalizar conceitos como o de inovação para a continuidade das empresas. E acrescentou que “a associação entre iniciativa privada e instituições públicas é fundamental para a inovação e para o desenvolvimento econômico”. Para ela, apesar de parecer complicado, é simples transformar conhecimento em inovação.

Ediney Neto Chagas, gerente de propriedade intelectual da Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais), lembrou que a inovação não está apenas ligada à área tecnológica. Ao contrário, envolve vários outros aspectos de nosso dia-a-dia, para os quais nem sempre nos atentamos.

Até no tradicional pão de queijo mineiro houve inovação. Pesquisa feita em conjunto pelas universidades federais de Minas Gerais, de Viçosa e de Lavras, além do Centro Tecnológico de Minas Gerais, contribuiu para que, hoje, a iguaria seja exportada para diversos países e seja o tema de trabalho de centenas de indústrias no país.

O gerente da Fapemig reforçou a importância da ciência e da tecnologia na vida das pessoas: “havendo desenvolvimento científico e tecnológico, consequentemente virá o desenvolvimento econômico e social”. Ediney lembrou ainda que o sistema de propriedade intelectual está ligado diretamente à inovação.

E a propriedade intelectual foi justamente o tema apresentado pela professora Elza Fernandes de Araújo. Ela trabalha na UFV (Universidade Federal de Viçosa) e coordena a RMPI (Rede Mineira de Propriedade Intelectual), que envolve 25 instituições. Referindo-se às questões de propriedade intelectual, ela disse que, “quando há a parceria da parte jurídica da instituição com o pesquisador, isso avança”.

A professora lembrou que o Brasil demorou a desenvolver a área de propriedade intelectual; neste sentido, mostrou que a legislação da área é recente. Para Elza, “sem conhecer e praticar as leis, você não pode atuar ou militar nesta área”. A Lei de Inovação, publicada em dezembro de 2004, precisa ser aprimorada na visão da professora. Mesmo assim, trouxe melhorias, como a estruturação dos NITs (Núcleos de Inovação Tecnológica) e a licença para o servidor público desenvolver atividade empresarial.

Célio Cabral de Sousa Junior, gerente de inovação do IEL (Instituto Euvaldo Lodi), ligado à Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), reforçou que inovação não se refere apenas a tecnologia; pode ser de mercado, de processo, de produto e de serviço, por exemplo. Ele lembrou que a importância da inovação, para as empresas, tem a ver com competição.

Ainda sobre inovação, Célio afirmou que ela “costuma requerer uma estratégia tecnológica e deve sempre estar acoplada a uma estratégia competitiva”. Para ele, “a inovação nasce a partir da combinação do ‘não’ com o ‘que bom seria se…’ “.

A ligação da inovação com a competitividade também é opinião de Edson Silva, da Embrapa Milho e Sorgo e que coordenou a mesa de debates da parte da tarde do seminário. Segundo ele, “o mundo caminha pela inovação, que é o principal fator de competitividade”.

Experiências da Embrapa – O pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo João Carlos Garcia falou sobre o programa de licenciamento de cultivares destas duas culturas na empresa. Ele fez um histórico e mostrou como a empresa foi, ao longo do tempo, se adaptando às mudanças que aconteciam. Um dos principais objetivos do programa é fortalecer a parceria entre a rede pública e empresas privadas na disponibilização de sementes melhoradas, tanto híbridos como variedades.

Em 2008, o programa passou por mudanças. De acordo com João Carlos, os resultados deste primeiro ano apontam avanços como mais recursos para viagens e investimento e agilidade na contratação de pessoal. Como problema verificado, o pesquisador cita a necessidade de uma participação mais efetiva das empresas no sentido de, a partir do conhecimento de mercado que se espera delas, dizer objetivamente à Embrapa em qual cultivar elas têm interesse.

João Carlos concorda em que é importante ter um arcabouço jurídico pro trás dessas questões de licenciamento. No entanto, para ele é fundamental ter o espírito de equipe, em que prevaleça a confiança das empresas na Embrapa e vice-versa. “Cada vez mais temos um novo desafio, uma nova etapa”, resume, referindo-se às mudanças no licenciamento de milho e sorgo da empresa.

Já Antônio Genésio Vasconcelos Neto, da Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza-CE), considera que, hoje, o grande desafio da empresa é ligar-se ao mercado, às empresas e à sociedade através da inovação. Neste sentido, ele citou a criação do Proeta (Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Novas Empresas de Base Tecnológica Agropecuária e Transferência de Tecnologia), que tem enfatizado a incubação de empresas na transferência de tecnologia da Embrapa.

Houve ainda uma apresentação sobre o desenvolvimento de novos insumos agrícolas no mercado globalizado, feita por Haroldo Rix Hrdlicka, da empresa Multitécnica. E, finalizando o evento, o professor Álvaro Eduardo Eiras, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), falou sobre inovação tecnológica no combate à dengue. O seminário fez parte da II SIT (Semana de Integração Tecnológica), que termina nesta sexta-feira, 22 de maio.