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JBS colhe os frutos de sua expansão global

O CEO Wesley Batista enfatizou o efeito benéfico da valorização do dólar ante o real sobre o desempenho da empresa.

JBS colhe os frutos de sua expansão global

Depois de aproveitar os anos de baixa da economia americana para deflagrar um agressivo plano de aquisições no Brasil e no exterior, a JBS não esconde o clima de euforia com os “frutos” da estratégia, agora fortalecida pela perspectiva otimista sobre o futuro dos EUA e a tendência de valorização do dólar.

Em encontro com analistas ontem em São Paulo, um dia após a JBS reportar o maior lucro trimestral de sua história, o CEO Wesley Batista enfatizou o efeito benéfico da valorização do dólar ante o real sobre o desempenho da empresa.

Em uma sinalização do quão positiva é a valorização do dólar, Batista afirmou que a receita líquida da JBS no terceiro trimestre somaria R$ 37 bilhões ao câmbio de hoje – com o dólar médio cotado a R$ 2,55. De fato, a empresa teve uma receita líquida de R$ 30,7 bilhões no período. O dólar médio do terceiro trimestre foi de R$ 2,28. A afirmação de Batista também indica como pode ser quarto trimestre, quando a JBS tende a se beneficiar mais do salto do dólar.

Conforme ele, o impacto positivo da valorização do dólar é o início da “colheita dos frutos” da internacionalização iniciada em 2007. Desde então, a JBS fez uma série de aquisições no exterior, com destaque para as compras das americanas Swift e Pilgrim’s Pride. “Começamos a colher o fruto da internacionalização e de ser uma companhia global”.

Ao abordar a internacionalização, Batista lembrou que a agressiva estratégia de aquisições da companhia nem sempre foi entendida pelo mercado. “Fizemos várias aquisições que, em um primeiro momento, foram uma surpresa. Compramos companhias que estavam ‘performando’ mal, em um mercado deprimido [os EUA]. Mas estávamos seguros de que estávamos indo no momento correto”, reforçou Batista.

A JBS triplicou de tamanho desde 2008, tornando-se a maior empresa privada não financeira do país, à frente de gigantes como Vale e Odebrecht. Há seis anos, a receita líquida anual da empresa somava R$ 30,3 bilhões. Neste ano, a tendência é ultrapassar os R$ 120 bilhões. No período de doze meses encerrados no dia 30 de setembro, a receita líquida da JBS totalizou R$ 113,4 bilhões.

Atualmente, 84% da receita da JBS é denominada em dólar, seja por meio da vendas nos EUA ou a partir das exportações. Segundo Batista, o impacto do dólar para a operação é positivo duplamente. De um lado, o real mais depreciado ante o dólar aumenta a competitividade no Brasil, o que favorece as exportações de carne produzida em terra brasileira.

Com o dólar em alta, nem a desaceleração do crescimento da renda prejudicaria a JBS, que pode reduzir a fatia dos produtos destinados ao mercado doméstico. Como exemplo, Batista citou a produção de carne bovina no Brasil. Segundo ele, as exportações hoje representam cerca de 35% da produção de carne bovina no país, mas podem atingir 50%.

Já nos EUA, a valorização do dólar e a melhora da economia americana também sinalizam forte demanda no país. Na avaliação de Batista, a renda do americano tende a se elevar, o que beneficia a JBS. Para 2015, as perspectivas para os negócios da companhia são positivas.

Segunda maior produtora de carne de frango do mundo, a controlada Pilgrim’s Pride deve continuar com margens de dois dígitos no próximo ano, disse o CEO. De acordo com ele, a estimativa de incremento de 2% da produção de frango nos EUA em 2015 não será capaz de deteriorar as margens dos EUA, ainda que possa haver alguma redução na comparação com a margem de quase 20% no terceiro trimestre de 2014.

Ainda sobre a Pilgrim’s, Batista afirmou que a empresa avalia o que fazer com os cerca de USS 1 bilhão que possui em caixa. Considerando o ‘DNA’ da JBS, o ideal seria fazer aquisições, mas ele admitiu que, “realisticamente”, não existem muitas opções no mercado americano, onde o interesse da Pilgrim’s é elevar o valor agregado – o que a empresa tentou fazer neste ano quando fez uma oferta para adquirir a americana Hillshire Brands, que acabou nas mãos da Tyson Foods.

“A Pilgrim’s está em posição que pode fazer aquisição, tem balanço para isso, mas não estamos engajados em nenhum negócio nesse momento”. Se não fizer aquisições, a controlada, que tem ações listada na Nasdaq, distribuirá dividendos.