A JBS registrou um prejuízo de R$ 2,741 bilhões no primeiro trimestre de 2016, ante um lucro de R$ 1,393 bilhão em igual período do ano passado. Uma das razões para essa reversão de resultado foi o resultado negativo das operações da empresa no mercado de câmbio, que resultaram em uma despesa financeira líquida de R$ 4,765 bilhões.
No resultado financeiro, a empresa obteve receitas de variações cambiais de R$ 1,854 bilhão e despesas com as operações de hedge (derivativos) de R$ 5,823 bilhões. A empresa tinha uma posição em que apostava na valorização do dólar e, no entanto, houve uma queda nas cotações no primeiro trimestre. Em geral, as empresas possuem esse tipo de proteção contra as valorizações do câmbio para proteger a parte de sua dívida que é contratada no exterior. No entanto, a JBS possui a maior parte das suas receitas em dólar.
A empresa justificou que, apesar do prejuízo financeiro no primeiro trimestre, no acumulado de cinco trimestres (primeiro trimestre de 2015 até primeiro trimestre de 2016) obteve um resultado positivo de R$ 4,78 bilhões com essas operações.
Durante conferência com analistas de mercado para apresentar os resultados, nesta manhã, Wesley Batista, presidente da JBS, defendeu a política de hedge da empresa:
– Temos uma estratégia de ter postura ativa em nossas exposições para não ficarmos à deriva do mercado, com um balanço que tem exposição à moeda americana, sem decidir o que devemos fazer para nos proteger. Se analisarmos desde quando a JBS iniciou a colocação de hedge para cobrir essa exposição cambial, que foi no final de 2014, em que pese que tivemos impacto negativo nesse último trimestre, nós protegemos de toda a variação cambial desse período, que foi de R$ 7,3 bilhões, R$ 4,7 billhões com essa operação, deixando assim um impacto líquido de somente R$ 2,6 bilhões no nosso balanço.
Mas, desde março, a processadora reduziu substancialmente sua posição de hedge, em meio ao que Batista chamou de mudança expressiva no cenário. Na conferência, o executivo comentou que a JBS deixou de rolar no final de março 50 mil contratos de hedge cambial, totalizando US$ 2,5 bilhões:
– Claramente a gente teve mudança expressiva desse cenário. A China tem um cenário de mais estabilidade e menos incertezas, tivemos uma recuperação de preço de commodities de pretróleo e minério expressiva e o cenário interno com um viés de mudança, confirmado hoje o afastamento da presidente Dilma, trazendo um cenário positivo para o Brasil. Com isso, no fim de março, a JBS deixou vencer ao redor de 50 mil contratos de hedge. Temos a visão de que assistiremos o real continuar numa trajetória de valorização.
Nesta quarta-feira, um dia antes da divulgação dos resultados, a JBS anunciou a criação da JBS Foods International, que será a responsável por todas as operações da empresa no exterior e da Seara Alimentos, com listagem de ações na Bolsa de Nova York. O objetivo é que essa mudança reflita o atual estágio da empresa, que tem uma forte atuação global, e garanta acesso a uma base de investidores e de capital mais ampla.
Durante a conferência, o presidente da JBS disse que a reorganização deve ser concluída até o fim do ano. Ele descartou, ainda, que os planos tenham mirado em benefícios fiscais. A divisão internacional da JBS terá sede na Europa, provavelmente na Irlanda, mas com listagem de ações no mercado americano.
– Essa proposta vem sendo analisada há algum tempo. Não estamos olhando os benefícios fiscais. Fizemos uma reorganização concluída no fim do ano passado com foco em melhorar nossas estrutura de ponto de vista fiscal. Claramente, o cerne dessa reorganização de agora tem a ver com refletir o que a companhia é hoje: uma empresa brasileira global nos setor de alimentos.
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