A tendência de consolidação no agronegócio brasileiro deve se acentuar nos próximos anos. O movimento pode levar a uma polarização no setor entre grandes empresas e agricultura familiar, enquanto as médias empresas devem ser adquiridas e incorporadas. A opinião é de Henrique Campos, sócio diretor da auditoria BDO. Segundo ele, esse processo já teve início, mas só se perpetuará nos próximos anos.
Isso porque o agronegócio está em uma fase de ganhos de margens, ao contrário de outros segmentos da economia nacional, como o sistema financeiro, por exemplo, que vê a rentabilidade de suas operações cair junto com a baixa na taxa básica de juros (Selic). “Devido a novas tecnologias e técnicas, o setor agropecuário está produzindo cada vez mais em uma mesma área, e elevando seus ganhos”, analisa o especialista da BDO.
Um dos setores em que isso é mais visível, no momento, é o sucroalcooleiro. “O dono da usina, ao vender a propriedade, deve voltar a sua função antiga, de fazendeiro. Isso geralmente é bem amarrado com um contrato de fornecimento de produção para o novo proprietário”, argumenta. Segundo ele, além dos setores em que o processo de aquisições já está em andamento, deve afetar todas as áreas do agronegócio.
Para ele, o pequeno agricultor, “que planta para o próprio sustento e vende o excedente, não deverá ser alvo de incorporações, e sim se fortalecer no processo”. “Essa área tende a crescer de importância com o aumento das fusões”, afirma Campos.