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Monsanto mais agressiva

Uma das maiores empresas de sementes e defensivos do mundo desiste de meta e promete "agressividade" ao definir preços de sementes.

A Monsanto, uma das maiores empresas de sementes e defensivos do mundo, disse ontem que abandonará pontos básicos de sua estratégia de negócios para enfrentar a concorrência agressiva. A empresa desistiu da meta de dobrar o lucro em cinco anos e indicou que passará a ser mais agressiva ao definir os preços das sementes, revertendo o compromisso de mantê-los relativamente altos para refletir sua tecnologia superior.

A decisão representa uma embaraçosa mudança de direção para o CEO da empresa, Hugh Grant, que havia tornado o cumprimento das metas anteriores parte fundamental de sua visão para o crescimento da Monsanto. “Quando se define uma meta, é preciso ter pelo menos uma chance de 50% de atingi-la”, disse ao “Financial Times”, no ano passado. “Se não se tem ideia para onde se vai, como se pode ir a algum lugar?”

Ontem, em admissão inesperada, Grant considerou “improvável” que a empresa consiga atingir a meta de lucro e afirmou que não voltará a comprometer-se com previsões do tipo. “Posso dizer, tendo passado pela escola das decepções: não creio que vocês nos verão apresentar metas de longo prazo de novo (…) estamos voltando atrás nisso”, afirmou. “O painel terá bem menos instrumentos no futuro do que tivemos nos últimos dois anos.”

Grant sinalizou que sua estratégia estava mal-direcionada, em vez de considerá-la vítima da crise global. “Tendo em vista o clima econômico problemático que todos nós vivemos nos últimos dois anos, a tentação para a maioria das empresas seria atribuir os momentos complicados a essa reviravolta macroeconômica”, disse. “Não vamos fazer isso.”

Muitos dos problemas da Monsanto giram em torno de seu herbicida Roundup, que enfrenta vários concorrentes genéricos de baixo custo. A companhia cortou os preços do produto para tentar manter parte do mercado.

Em março, Dennis Albaugh, figura proeminente na indústria de defensivos dos EUA, entrou com queixa por dumping contra a China no Departamento do Comércio e na Comissão de Comércio Internacional, órgãos do governo americano. Acusa os chineses de vender o glifosato genérico barato demais no mercado dos EUA e de ter derrubado os preços em mais de 50%.

Embora a Monsanto não tenha se juntado a Albaugh na queixa, apoia seus argumentos. “Os concorrentes vêm usando o glifosato como um chamariz, comercializado com prejuízo, para vender outros produtos”, disse o diretor de finanças da Monsanto, Carl Casale. Grant afirmou que a companhia precisa ser mais “inovadora e flexível” nos preços, embora espere poder voltar a ter maiores margens no longo prazo. A companhia terá crescimento de 13% a 17% nos próximos anos, previu.

As declarações de Grant foram feitas durante divulgação do balanço do segundo trimestre da empresa. O lucro líquido no período caiu para US$ 887 milhões ante US$ 1,09 bilhão registrado no mesmo período do ano fiscal anterior.