A Monsanto investiu US$ 100 milhões para desenvolver a segunda geração de milho geneticamente modificado para controle das principais lagartas que atacam essa cultura. De acordo com a multinacional, o tempo médio para a semente chegar ao mercado, incluindo o processo de operação, foi de dez anos: a nova tecnologia é estudada desde 2000 e foi liberada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para ser vendida em outubro do ano passado.
Na última semana, durante uma exposição do YieldGard VT PRO (nome científico da semente) em uma das estações de pesquisa da Monsanto, em Barretos (SP), para produtores próximos da região, Odnei Fernandes, gerente de Unidade de Desenvolvimento Tecnológico da Monsanto, destacou a qualidade da semente, que deverá ser comercializada na safra de verão (entre setembro e outubro). “Esperamos que a colheita seja cerca de 25% maior que a do milho convencional”, afirmou. Fernandes explicou que, com a planta comum, o agricultor tende a promover duas a quatro aplicações de inseticida na proteção contra as lagartas, ao passo que a nova tecnologia isenta o agricultor de utilizar o produto. Ainda segundo o gerente, a expectativa é de que o produtor possa colher de 4% a 8% a mais com o novo híbrido se comparado ao de primeira geração. A Monsanto informou que o YieldGard VT PRO permite a redução da área de refúgio para 5% da área plantada. “A primeira geração permite redução [da área] de 10%”, completou Fernandes.
O milho de segunda geração, em um primeiro momento, será comercializado apenas por meio da Dekalb (uma das marcas da Monsanto). De acordo com a assessoria de imprensa da empresa, futuramente outras marcas também venderão a semente. O novo híbrido apresenta duas proteínas inseticidas do Bt (Bacillus thuringiensis), as quais lhe garantem proteção da lagarta-do-cartucho, da lagarta-da-espiga e da broca-do-colmo – as principais responsáveis por danificar a lavoura.
A tecnologia está disponível em países como Austrália, Nova Zelândia, Japão e Coreia do Sul, entre outros. “Com base em números da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária [Embrapa], de 30% a 40% da perda da produtividade com o milho convencional são gerados pela lagarta-do-cartucho”, disse.
“O milho YieldGard VT PRO é um avanço tecnológico, além de ser mais uma ferramenta para o manejo integrado de pragas (MIP) e uma opção eficaz e prolongada de manejo de resistência de insetos (MRI) na cultura”, afirmou Ricardo Miranda, diretor de Desenvolvimento Tecnológico da Monsanto.
Produtores
Em Mogi Mirim, no interior de São Paulo, a saca de sementes da primeira geração de milho da Monsanto custa R$ 400, segundo Luiz Cesar Salani, agricultor. Na última temporada, Salani perdeu 20% da produção de uma área de plantação de 150 hectares “por causa de doenças e porque o clima não favoreceu”, disse. Desde que começou a utilizar a primeira semente geneticamente modificada, no ciclo de 2008/2009, o produtor teve um ganho de cerca de 25% de produtividade: ele contou que com o milho convencional produzia quase 136 sacas por hectare e, depois, aumentou para cerca de 161 sacas por hectare. Salani recebe em média R$ 17,20 pela saca de milho. De acordo com Fernandes, mesmo com a semente geneticamente modificada a proteção contra doenças é difícil.
Edilson Roberto Pereira, produtor de São José do Rio Preto (SP), utiliza semente da primeira geração de milho da Monsanto desde 2007, em uma área de plantação de 48 a 60 hectares. Há quatro anos, na safra de verão Pereira cultivava cerca de 111 sacas por hectare de milho convencional e fazia duas aplicações de inseticida na lavoura. O cultivo aumentou, segundo o agricultor, para, aproximadamente, 126 sacas por hectare na temporada posterior. “Não compensa plantar o milho [convencional] porque pode perder se as pragas atacarem”, contou Pereira, que aguarda a comercialização do novo híbrido. O agricultor paga, em média, R$ 335 em uma saca com 60 mil sementes (equivalente a 1 hectare para plantio) do produto da Monsanto e vende a saca a R$ 16,50 na região. Ambos os produtores esperam aumentar a produção com o novo cultivar.
Para Fabrício Bazanella, Representante técnico de Vendas da Monsanto, os produtores estão surpresos com os resultados dos testes apresentados pela nova tecnologia na lavoura. “Estamos trazendo produtores de outras regiões. Eles [agricultores] estão vendo a diferença, e essa aprovação, até considerada unânime, superou as nossas expectativas.”