A israelense Phibro Saúde Animal vai ampliar sua participação no mercado veterinário brasileiro. A empresa, que vinha atuando até agora no segmento de aditivos para saúde e nutrição animal – com produtos contra coccidiose em aves e doenças respiratórias em suínos -, passará a operar também no mercado de produtos biológicos, especialmente vacinas para avicultura.
Com um faturamento global de US$ 500 milhões e expectativa de chegar a US$ 600 milhões em 2010, a Phibro passará a atuar no novo segmento após a conclusão da compra em nível mundial da Abic Laboratórios, divisão veterinária da também israelense Teva Pharmaceutical por US$ 47 milhões.
A tendência de maior investimento na prevenção de doenças nos animais de produção – avicultura, suinocultura e bovinocultura – com objetivo de elevar a produtividade explica a estratégia da empresa israelense.
Com a conclusão da compra, a Phibro pretende até o fim de 2010 obter no Brasil pelo menos cinco registros de produtos que serão importados de Israel. A ideia é tentar abocanhar já neste ano uma parcela do mercado de produtos biológicos, que representam 29% da indústria veterinária brasileira. “Já estamos na fase final desses registros junto ao Ministério da Agricultura. Em 2011 pretendemos obter o registro para outros 11 novos produtos e poder oferecer uma linha completa para o mercado nacional”, diz Stefan Mihailov, vice-presidente da Phibro, que no Brasil tem uma unidade em Guarulhos e outra em Bragança Paulista, ambas em São Paulo.
Além de entrar no segmento de produtos biológicos, a aquisição da Abic reforçará a presença no mercado avícola. Segundo Mihailov, a estratégia é se expandir para outros segmentos por meio de novas aquisições para ganhar espaço não apenas na avicultura.
O mercado de suínos é o mais novo alvo da empresa, que espera por algumas definições de órgãos mundiais de defesa econômica. “Acredito que aquisições devam ocorrer a partir de agora em níveis regionais, já que não existem muitas oportunidades globais”, diz.
Na prática, a israelense está atenta às possíveis orientações do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), no Brasil, e seus pares nos Estados Unidos e União Europeia para vendas de segmentos ou linhas de produtos por parte das gigantes que se formaram no início de 2010.
Em janeiro, a Pfizer comprou a concorrente Wyeth e consequentemente incorporou a Fort Dodge, reforçando assim seu segmento de saúde animal. Além disso, em março, Intervet/Schering-Plough e Merial anunciaram a criação de uma joint venture, tornando-se uma das maiores do mundo e a líder no mercado veterinário brasileiro.
Mas não é apenas para a sanidade que a empresa está direcionando suas atenções. No segmento de aditivos nutricionais – produtos que melhoram a performance alimentar dos animais -, a Phibro vai lançar no Brasil uma tecnologia para ser aplicada na pecuária a pasto. Os primeiros testes realizados em universidades de Goiás indicam até agora um aumento de 20% no ganho de peso dos animais tratados com esse tipo de produto, que é misturado ao sal mineral fornecido ao gado.
“O segmento de aditivos é bastante explorado pelos confinamentos. Nossa proposta é fazer parcerias com empresas de sal mineral para colocar aditivos nas pastagens”, afirma Mihailov.
Diante das apostas, a expectativa é que nos próximos quatro anos a pecuária passe a ser o principal negócio do grupo no Brasil, com 50% das vendas ante os atuais 15%. O setor vai tirar espaço da avicultura, que hoje representa 78% dos negócios e terá 40% em dois anos.