Enquanto torce pela adesão dos produtores rurais ao acordo que suspende a cobrança de royalty da soja RR1, a Monsanto confirmou na quarta-feira, no Show Rural Coopavel, em Cascavel, detalhes do custo da tecnologia da soja Intacta RR2 Pro, semente transgênica ainda em avaliação na China e que deve estar disponível ao plantio comercial no Brasil neste ano. No campo, uma tecnologia não deve simplesmente suceder a outra, mas nas contas dos produtores, sim. A Intacta, que oferece tolerância a herbicida associada a resistência a insetos, vai custar cerca de duas sacas de soja por hectare.
A cobrança será de R$ 115 por hectare na compra da semente, confirmou o gerente de Biotecnologia de Soja da Monsanto para o Sul do Brasil, Guilherme Lobato. O royalty da soja RR1, que está na sétima safra e continuará existindo, custa cerca de R$ 20 por hectare. Segundo a Monsanto, o custo cinco vezes maior terá vantagem proporcional.
A multinacional informou que os 500 produtores que testaram a tecnologia Intacta RR2 Pro na safra 2011/12 registraram vantagem de 6,59 sacas por hectare, na comparação com outras sementes. Esse volume representou renda extra de R$ 346, calculou a empresa. “A taxa [royalty] representa um terço desse valor”, disse Lobato.
As avaliações sobre qual será a adesão do produtor à nova soja são muitas. Na região de São Gabriel do Oeste (MS), onde o cultivo de novos transgênicos vem enfrentando resistência, os produtores confirmam que deverão plantar a Intacta porque vêm enfrentando forte ataque de lagartas. “Resistimos ao milho tolerante a herbicida porque ele se tornaria uma erva daninha no meio da soja e para garantir diversidade de sementes, mas com a soja Bt o que vai pesar é o problema das lagartas”, disse Juliano Ribeiro, gerente executivo da Cooperoeste, entrevistado pela Expedição Safra Gazeta do Povo.
Variedades produtivas na versão RR1 continuarão existindo, apontou o pesquisador da Embrapa Soja Marcos Petek. A empresa lançou no Show Rural a variedade BRS 360, na versão RR1, que promete até 4,2 mil quilos por hectare em regiões baixas, de até 600 metros de altitude – esse volume é 1,1 mil quilos maior que a produtividade média nacional. A intenção da Embrapa é recuperar espaço no mercado atendendo produtores que buscam variedades precoces para, em seguida, semear milho de inverno. Segundo Petek, a Embrapa deverá usar outras variedades para carregar a tecnologia da Intacta.