A infecção urinária na fêmea em produção é um dos mais importantes problemas que ocorrem nos sistemas intensivos de produção de suínos, devido a sua relação com transtornos reprodutivos e por provocar aumento na taxa de descarte e, consequentemente, aumento na taxa de reposição. Também, é a causa mais frequente de morte súbita de porcas nas fases de gestação e em lactação.
Também chamada de “cistite”, a infecção é a penetração e multiplicação de micro-organismos nas vias urinárias, podendo atingir todo aparelho urinário ou somente parte dele, como é o caso da cistite, em que somente a bexiga apresenta-se afetada. Determinados fatores ambientais, nutricionais, de manejo e de higiene que favorecem a penetração e/ou multiplicação de micro-organismos na bexiga, causando inflamação que às vezes pode atingir também os rins.
Uma das soluções encontradas para esse problema é o uso de uma formulação de ácidos via ração, específico para matrizes em gestação e lactação, chamada Nuviacid Feed S. Segundo Nelson Pinto da Fonseca Filho, gerente de operações da empresa Quimtia, com foco no desenvolvimento de novas tecnologias para as soluções nutricionais, o produto tem atuação direta, tratando os problemas de cistite, corrimento, SMMA (síndrome mastite – metrite e agalaxia) e também apresenta ganhos indiretos, como redução de patógenos. “A reação apresenta benefícios adicionais dos acidificantes já amplamente utilizados. Na composição desse produto, temos uma mistura de sais ácidos, apresentando menor custo de tratamento em comparação a ácidos convencionais e ao tratamento com medicamentos”, informa Filho.
Segundo técnicos da Quimtia, o número total de porcas doentes em um rebanho está diretamente relacionado com o conjunto de fatores de risco presente na granja. Os fatores de risco não atuam isoladamente sobre as matrizes, mas sim, de forma conjunta e variam de granja para granja. “A distância da vulva até a bexiga é curta e a uretra é menos distensível. Essa estrutura anatômica desfavorável, e o fato das vias urinárias da fêmea suína serem naturalmente mal protegidas, tornam a bexiga da porca mais predisposta a ascensão de bactérias. Esses fatores, anatômico e fisiológico, associados a fatores de risco, favorecem a ocorrência de cistite”, explicam.
Os principais fatores de risco relacionados à infecção urinária são a presença de lesões nos cascos, o confinamento, o baixo consumo de água, fornecimento de água de má qualidade e presença de lesões na vulva. Contribuem também o número baixo de funcionários para estímulo do animal levantar e beber água, realização da inseminação ou monta natural sem a devida higiene e a má higiene expressada pelo acúmulo de fezes sobre o piso na região posterior da porca.
Os sinais clínicos podem ser divididos em dois grupos. Primeiro, os observados em animais individuais, que em geral, são aqueles vistos pelos responsáveis pelo setor de gestação ou maternidade, como apatia, falta de apetite, perda de peso, alterações na pele e emagrecimento progressivo. Além disto, observa-se em um ou mais animais, descarga vulvar purulenta ou sanguinolenta, presença de descarga vulvar ressequida nos lábios vulvares, ou região adjacente, alterações, principalmente no cheiro, cor, aspecto e composição química da urina. Segundo, aqueles que se expressam sobre os índices de produtividade como: elevação na taxa de retorno ao cio, taxa de mortalidade de matrizes, taxa de descarte de matrizes, taxa de reposição de matrizes e, consequentemente, uma redução nos índices produtivos.
A IU causa prejuízos através dos problemas reprodutivos, diminuição do tamanho da leitegada e relação próxima com a síndrome mastite – metrite e agalaxia (SMMA), sendo responsável por mais de 50% dos descartes e mortes súbitas nas fases de gestação e lactação.
A prevenção inclui medidas de manejo, dieta, exercícios e limpeza e desinfecção das baias. As porcas devem ser mantidas em boas condições corporais. As medidas profiláticas, de acordo com os autores Silveira e Mores podem ser tomadas diretamente pelo produtor, entre elas estão a melhorar as condições de higiene e limpeza da baia, limpando 3 vezes ao dia nos 5 dias que precedem e procedem o parto, o manejo de matrizes em lotes de parição e promover um vazio sanitário das instalações de 7 dias, a higienização das porcas antes de colocá-las na maternidade, a redução da ração desde o 4º dia antes do parto, o aumento da ração desde a parição até o 8º dia pós-parto, a limpeza e desinfecção das celas parideiras, colocando as porcas 7 dias antes do parto e, por último, temos o crescente uso de alternativos aos antibióticos, vendo no uso de acidificantes na água e de ração como um controle bacteriano e favorecimento de uma flora benéfica como auxílio a esse problema.