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Esbelto e limpinho (Clipping)

Criado em granjas, o porco brasileiro está magro e saudável como nunca. (Reprodução de reportagem da revista Veja de 18 de abril de 2001)

Reprodução revista Veja.

Redação SI (15/04/2001) – Os suínos brasileiros passaram por um regime com resultados de dar inveja a atrizes e modelos. Levou vinte anos, mas eles andam mais magros do que nunca. Perderam 31% de gordura na carne e no toucinho, 14% de calorias e 10% de colesterol. Alguns cortes de carne de porco, dependendo do modo como são servidos, já são mais leves que certos preparos de boi, frango ou peixe. O porco em forma é resultado de uma revolução nas pocilgas. Primeiro, esses animais passaram a ser alimentados com rações balanceadas, em vez de milho, trigo e lavagem. Depois, técnicas científicas tornaram possível o cruzamento entre linhagens diferentes, mais esbeltas ou produtivas, por exemplo, com a conseqüente seleção de suínos geneticamente superiores.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) misturou três raças e desenvolveu um porco cuja carne contém apenas 40% de gordura pesada, de suínos comuns. A brasileira Agroceres seleciona animais com ferramentas de biotecnologia negociadas com a multinacional inglesa Pig Improvement Company. Assim que o bicho nasce é possível, analisando seus genes, saber como será seu crescimento, sua eficiência reprodutiva e até a qualidade de sua carne, além da resistência a doenças. “Basta analisar uma amostra de sangue ou um pêlo do animal”, explica Fernando Pereira, diretor da Agroceres PIC.

O porco sujo também já era. Os chiqueiros, rebatizados como “granjas”, agora primam pela limpeza. Os animais não têm nenhum contato com a terra e ficam confinados em instalações desinfetadas constantemente. Nem tomam vermífugos, porque a probabilidade de se contaminarem com vermes é remota. “Para visitar um porco em nossa granja, a pessoa tem de tomar pelo menos três banhos”, afirma Jorge Eduardo de Souza, presidente da Pig Light, empresa criada por um grupo de investidores paulistas. Há cinco anos, eles empregaram 1,5 milhão de reais para montar um criatório equipado com centro de inseminação artificial e fábrica de rações. No ano passado, venderam 14 000 leitões melhorados geneticamente, com baixo índice de colesterol, e alcançaram um patrimônio de 7 milhões de reais.

A vida do porco brasileiro foi mudando no mesmo ritmo que a do cidadão. Até a década de 70, a gordura usada na cozinha era geralmente de origem animal. Porco bom era porco gordo, que rendia banha. Com o advento dos óleos vegetais, mais saudáveis, o rebanho suíno precisou dar mais carne que gordura. Nos últimos vinte anos, o índice médio de carne magra dos porcos subiu de 47% para 60%. A espessura do toucinho caiu de 5 para 1 centímetro. O colesterol na carne tornou-se equivalente ao do frango e do boi. “Ao comer 100 gramas de lombo assado, a pessoa ainda fica 75% abaixo do máximo de colesterol admitido pelas entidades americanas de saúde”, garante o veterinário Luciano Roppa, especialista em suinocultura. Em termos de calorias, uma porção de 150 gramas de lombo cozido tem 270 unidades, menos que num hambúrguer.

O novo suíno também cresce mais depressa, produz o dobro de filhotes por ano até 24 porquinhos e está cada vez mais distante de representar algum risco à saúde. Na década de 70, metade do rebanho nacional teve de ser exterminada para dar fim a um surto de cisticercose. Hoje quase não há condições para que uma doença volte a atacar em massa. O mercado externo tem dado mostra de que confia no porco nacional. Neste ano, devem ser exportadas 160 000 toneladas de suínos, quatro vezes mais que em 1995.

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