O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação começou ontem (16) a homologar as rescisões contratuais dos cerca de 600 demitidos do frigorífico JBS-Friboi, em Cáceres (225 quilômetros à oeste de Cuiabá). Uma equipe do sindicato passou o dia dentro da empresa, e prossegue o trabalho hoje. Inicialmente, segundo informou o sindicato, serão homologadas 300 rescisões. As restantes ficarão para a próxima semana.
Maria Ramos, de 52 anos, trabalhava no frigorífico como ajudante de produção desde 1986. Seu salário atual era de R$ 580 reais. Ela é casada com um pedreiro e tem sete filhos adultos. “Foi uma surpresa desagradável”, lembra ao falar sobre o aviso de demissão, recebido depois de 30 dias de férias coletivas. Ela disse que pretende continuar “se virando”, revendendo cosméticos e roupas.
Ainda sob o impacto da demissão, o operador de máquinas Manoel de Arruda, 37, que trabalhava na empresa há dez anos, afirmou que a primeira decisão tomada após a notícia foi adiar o casamento, que estava marcado para o final do ano. “Agora, é esperar o dinheiro dos direitos trabalhistas cair na conta para ver o que vai dar pra fazer”. Outro operador, que não quis se identificar, foi demitido junto com dois irmãos. “Desde então, estamos acordando às 4 da manhã para socar arroz no pilão e fazer bolo de arroz e vender”.
As instalações do frigorífico não ficarão totalmente desativadas. Cerca de 200 funcionários de uma prestadora de serviço, a Lopesco, permanecerão trabalhando. Eles manipulam tripas bovinas, que são exportadas para a produção de fio cirúrgico, e o material agora passará a ser fornecido por outros abatedouros do Friboi na região oeste do Estado, como a unidade de Araputanga.
Momento – Apesar do fechamento da maior empresa privada de Cáceres – fato que vai reduzir a arrecadação de impostos e o giro de moeda no comércio local – há um lado positivo: a cidade tem três microfrigoríficos, todos eles com licença sanitária para atuar. Com o final das operações de abate do Friboi, o trabalho das três pequenas empresas deve aumentar para abastecer supermercados e açougues da cidade, garantindo carne saudável à população e a retenção do lucro no município.