Redação (04/12/2007)- Com superávit de US$ 5,1 bilhões em outubro deste ano, a balança comercial do agronegócio continua a bater seus recordes. Investimentos é que não faltam. Recentemente, o governo federal liberou R$ 58 bilhões em créditos para o setor, referentes à safra 2007/2008 – um acréscimo de 16% em relação à safra anterior.
Aproveitando o bom momento do agronegócio brasileiro, empresas com diferentes campos de atuação – desde o segmento sucro-alcooleiro até a indústria têxtil, passando pelo complexo soja – além de cooperativas, produtores rurais e bancos como o JP Morgan e UBS Pactual, realizam, em escala crescente, operações para captar recursos do exterior, tendo em vista o elevado grau de liquidez (investimentos sem perdas) dos mercados financeiros globais.
Dados do Banco Central indicam que o volume de operações de financiamento externo passou de US$ 169 bilhões, em 2006, para US$ 177 bilhões, entre janeiro e agosto de 2007.
A procura de empresas brasileiras por investidores estrangeiros também é uma realidade, em virtude do aquecimento do mercado, da percepção de riscos reduzidos para aplicações e da estabilidade da moeda brasileira.
Outro fator que se torna cada vez mais forte no agronegócio é a busca por novas tecnologias e mercados (Ásia, Oriente Médio, Europa Oriental e América Latina). As aquisições e fusões de empresas (tanto em âmbito nacional ou envolvendo grupos nacionais e multinacionais), bem como a abertura de capital também são exemplos de tendências – visíveis desde a década de 90.
Segundo informações da PriceWaterhouseCoopers, o número de fusões e aquisições no Brasil cresceu 32% no primeiro semestre de 2007, ultrapassando 330 negociações concluídas, sendo que 67% dessas operações foram lideradas por grupos nacionais.
As empresas do agronegócio também começam a ingressar no chamado “novo mercado”, operando suas ações na Bolsa de Valores, a fim de facilitar o acesso às instituições financeiras internacionais, como é o caso da gaúcha SLC Agrícola. É a única empresa, a nível mundial, com capital aberto, que tem como atividade principal a agricultura, e será a primeira do setor a obter, até 2008, recursos do Bird (Banco Mundial), no valor de US$ 40 milhões.
Mesmo com todos estes aspectos positivos de crescimento, com anos de investimentos em desenvolvimento tecnológico, em mão-de-obra, capacidade de gestão e, mais recentemente, em agroenergia (setor que atualmente recebe aportes de US$ 17 bilhões), o agronegócio ainda esbarra em dificuldades.
Gargalos como diferença cambial, barreiras no mercado mundial e problemas de logística somam-se a riscos como o déficit na infra-estrutura, defesa biológica e inovação tecnológica. Este quadro de “Oportunidades e Riscos do Agronegócio” constitui o tema do 9° Congresso de Agribusiness da Sociedade Nacional de Agricultura, que será realizado nos dias 4 e 5 de dezembro, na Confederação Nacional do Comércio, no Centro do Rio de Janeiro, com o patrocínio do SEBRAE-RJ.
O evento vai reunir, em seis painéis, mais de 30 especialistas – verdadeiros “pesos-pesados” do setor. Participam da abertura do Congresso (04/12), o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes e o ex-ministro Roberto Rodrigues, que falará sobre o “Panorama Internacional do Agronegócio”. No dia seguinte, o ex-ministro Pratini de Moraes será o primeiro orador do painel inaugural, “Novos Mercados e Novos Produtos”.
Destaques dos painéis:
· Associação Brasileira dos Exportadores de Carne (ABIEC): Presidida pelo ex-ministro da Agricultura Marcus Vinicius Pratini de Moraes, grande incentivador do comércio exterior brasileiro. Além de defender os interesses dos associados e estimular o desenvolvimento técnico, profissional e social das empresas, a ABIEC tem trabalhado junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) na regulamentação do setor, na elaboração e execução dos programas sanitários, como o Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa, nos quais tem investido recursos humanos e financeiros, e nas negociações internacionais para a abertura de mercados. Integra o terceiro painel, “Novos Mercados e Novos Produtos”.
· Brasil Ecodiesel: É líder na produção de biodiesel no Brasil, sendo a maior pioneira e maior produtora do setor. Desenvolve suas atividades observando a integração de processos industriais e logísticos eficientes a um modelo de busca de matérias primas inovador e diversificado, que contempla negociações diretas no mercado de óleos vegetais, o desenvolvimento de novas cadeias de produção agrícola intensiva e o incentivo à agricultura familiar, tendo em vista a promoção do desenvolvimento humano e social. Seu Conselho de Administração é presidido por Jório Dauster. Atualmente, conta com três centros em operação: em Crateús, no Ceará; em Iraquara, na Bahia, e em Floriano, no Piauí. Além disso, implementa a abertura de novas unidades. Participa do quinto painel, “Agroenergia”.
· Vanguarda do Brasil: Presidida pelo deputado estadual do Mato Grosso, Otaviano Pivetta . Um dos maiores produtores rurais do País, Pivetta cultiva 180 mil hectares de soja, algodão, milho e arroz em onze fazendas de seu estado. Sua empresa fatura US$ 197 milhões ao ano. Produz sementes, planta, industrializa e transporta soja e algodão até o porto de Paranaguá. A produção de milho abastece a criação de 80 mil suínos, que são abatidos por uma cooperativa e exportados. Integra o primeiro painel, “O Agronegócio como Negócio de Risco”.
· DZ Negócios com Energia: Empresa de desenvolvimento de oportunidades, focada na indústria brasileira de eletricidade, petróleo e gás natural. Sua equipe é liderada por David Zylbersztajn, ex-diretor geral da Agência Nacional de Petróleo, que agrega grande conhecimento do setor energético e de seu ambiente regulatório com credibilidade e experiência gerencial. A DZ assessora investidores e empresas interessados no setor energético brasileiro nas áreas de fusões e aquisições, desenvolvimento de projetos, novos negócios e estratégias. Estará presente ao segundo painel, “A Expansão do Agronegócio Brasileiro”.
· Brenco – Companhia Brasileira de Energia Renovável: Esta empresa está construindo um dos maiores projetos de etanol do mundo, envolvendo o plantio, o cultivo e a colheita da cana-de-açúcar, bem como a produção, o transporte e a comercialização do etanol no Brasil e no exterior. Além disso, implementa no País dez usinas com capacidade de produção de 3,8 bilhões de litros (1 bilhão de galões) de etanol por ano. A empresa também será uma grande geradora de energia elétrica a partir do bagaço de cana. Seu diretor de novos negócios é Carlos Rodrigo Ópice Leão, que integra o segundo painel, “A Expansão do Agronegócio Brasileiro”.
· ÚNICA – União da Agroindústria Canavieira de São Paulo: Dedica-se à expansão dos mercados de álcool e açúcar em diversas frentes. Tem apoiado as iniciativas governamentais pela derrubada das barreiras protecionistas no exterior. Também defende a universalização da produção e do uso do álcool combustível, para que este se torne uma ´commodity´ ambiental, como oxigenante da gasolina ou como combustível principal em veículos de tecnologia avançada (flex-fuel, células de hidrogênio, entre outras). A ÚNICA apóia ainda a mistura de álcool no óleo diesel e políticas de expansão do uso da biomassa na matriz energética brasileira. Seu diretor técnico, Antônio de Pádua Rodrigues, participa do quinto painel, “Agroenergia”.
· Ethanol Trading: O objetivo da empresa é representar o maior número possível de destilarias do País. Sua meta é atingir, nos próximos anos, o posto de quinta maior empresa brasileira em exportação, com estoque de 1 a 2,5 bilhões de litros de álcool, a fim de garantir o fornecimento do produto aos países interessados. O principal desafio da Ethanol Trading, presidida por Roberto Giannetti da Fonseca, é investir em logística para a distribuição do álcool. Estará presente ao quinto painel, “Agroenergia”.
· Infinity Bio Energy: Empresa do setor de etanol, que atua na produção e distribuição de álcool e de outros combustíveis renováveis. Seu fundador e principal executivo, Sérgio Thompson-Flores, aposta no desenvolvimento do etanol como combustível alternativo. No momento, a Infinity investe na aquisição de oito usinas e na construção de outras cinco. Em maio do ano passado, a companhia, que trabalha de forma sustentável, abriu seu capital na bolsa de Londres para grupos emergentes. Até março de 2007, investiu mais de US$ 300 milhões nos setores onde atua. Integra o quinto painel, “Agroenergia”.
· SLC Agrícola: É uma das maiores empresas brasileiras de agribusiness. Possui oito fazendas distribuídas em cinco estados brasileiros (Centro-Oeste), atuando no plantio de algodão, soja, milho e café. Atende ao mercado interno e de exportação. Ao longo de 30 anos de história, se especializou na aquisição de terras em regiões agrícolas – processo que prioriza a análise do potencial de desenvolvimento logístico das áreas para garantir sua futura valorização. Presidida por Arlindo Moura, a empresa estuda seu ingresso no mercado de biocombustíveis, mantendo áreas experimentais com cana-de-açúcar em cinco fazendas. Participa do terceiro painel, “Novos Mercados e Novos Produtos”.
· Amaggi: É a empresa líder do Grupo André Maggi. Importa e comercializa fertilizantes e também é responsável pela produção de sementes de soja de qualidade. Atua nos estados de Mato Grosso, Rondônia e Amazonas, e detém uma estrutura para comercializar, armazenar, processar, transportar e fomentar a produção de soja no Mato Grosso, através de recursos ou insumos. A matriz do grupo em Rondonópolis (MT) faz ligação direta com os principais centros de comercialização de soja em todo o mundo. Assim, a soja, o farelo e o óleo produzidos são exportados para a Austrália e países da Europa e Ásia. O grupo integra o primeiro painel, “O Agronegócio como Negócio de Risco”.