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H1N1

ABCS envia carta ao Ministério da Saúde

Entidade quer que todos os veículos de comunicação adotem o termo "Gripe A (H1N1)", que não pune os produtos suínos.

Irineu Wessler, presidente em exercício da Associação Barsileira dos Criadores de Suínos (ABCS), enviou uma carta ao Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, com cópia à diversos veículos de comunicação. O documento solicita a adoção do termo “Gripe A (H1N1)”, sugerida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), para a doença que está em evidência em todo o mundo. “O nome de batismo popular dado ao vírus H1N1 pune a carne suína de maneira prévia”, afirma.

Wessler pede que o Ministro alerte ao pessoal técnico do governo que nas entrevistas em relação ao tema adotem de forma inequívoca a sugestão de nome sugerida oficialmente pela OMS. Ele pede também, que o Ministro comunique oficialmente os órgãos de comunicação brasileiros quanto ao nome mais adequado a ser dado a esta terrível doença.

Veja abaixo a íntegra da carta, com todas as informações e solicitações. (Com informações da ABCS)

Exmo Sr.
José Gomes Temporão
Ministro de Estado da Saúde.
c/c Veículos de Comunicação.

Prezado Senhor

Na última quinta-feira, dia 30 de abril, a Organização Mundial da Saúde (OMS) corrigiu um grave erro de comunicação que consistia em denominar de “Gripe Suína”, a “Gripe A”, dando curso, aliás, à posição oficial da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), manifesta através de comunicado, na segunda-feira, dia 27 de abril.

Como era de se esperar, boa parte da imprensa internacional seguiu prontamente a recomendação dos organismos citados, também acompanhados pelo reconhecidamente rigoroso USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que normatiza o uso de alimentos naquele país.

Podemos citar entre os órgãos de mídia que já mudaram seu posicionamento o Canal de TV CNN e o Wall Street Journal, dos EUA; o principal canal de TV da França, TF 1 e o jornal  também francês “Liberation”; o canal líder de audiência na Itália, a RAI, juntamente com os jornais mais relevantes do país, o “Corriere della Será” e o “La República”; e o “El Pais”, da Espanha. Esses veículos denominam doença de “Gripe A”, de “Nova Influenza”, ou simplesmente de H1N1, mas não mais se referem à “Gripe Suína”.

A OIE justifica seu posicionamento lembrando por ocasião da incidência de outras gripes, cujos vírus também tinham origem em associações de elementos genéticos humanos e de animais, como é agora o caso do H1N1, suas denominações levaram em conta sua origem geográfica. Foi assim nas pandemias da “Gripe Espanhola”, de 1918; da “Gripe Asiática”, de 1957; e da “Gripe de Hong Kong”, de 1968.

De uma maneira geral, os nomes dados às gripes remetem principalmente ao seu mecanismo de contaminação, o que contribui no sentido de orientar corretamente a população quanto às providências preventivas a serem tomadas. O contrário também é verdadeiro. O nome “Gripe Suína” não só tem um caráter punitivo em relação ao produto final, sugerindo que a contaminação se dá através do consumo da carne suína, como pode levar a população a menosprezar as ações preventivas que são características de uma gripe de contágio humano. No caso da “Gripe Aviária’, por exemplo, era possível contrair a doença através do consumo das aves, o que não se verifica em relação ao vírus da “Gripe A (H1N1).

Senhor Ministro,
Com a autoridade moral confirmada pela agilidade e proficiência com que Vossa Excelência tem conduzido as ações que organizam a prevenção contra a “Gripe A”, a ABCS vem muito respeitosamente solicitar sua colaboração visando:

1) Solicite ao pessoal técnico do governo que nas entrevistas em relação ao tema adotem de forma inequívoca a sugestão de nome sugerida oficialmente pela Organização Mundial da Saúde.

2) Se posicione formalmente, através de comunicado, junto aos órgãos de comunicação brasileiros quanto ao nome mais adequado a ser dado a esta terrível doença.

Senhor Ministro,

O nome de batismo popular dado ao vírus H1N1 pune a carne suína de maneira prévia. É inconsistente do ponto de vista técnico e incorreto no que diz respeito à orientação das agências internacionais que regulam o assunto. Trata-se de uma punição sem direito de defesa, porque sugere diretamente ao consumidor – e com a força de um volume de noticiário poucas vezes antes visto na televisão brasileira – que o consumo do produto está vinculado à doença.

Por trás do uso correto deste nome, existem perto de um milhão de brasileiros que atuam nos setores de produção (incluindo insumos e serviços), processamento e comercialização de carne suína. A qualidade do trabalho realizado pela cadeia produtiva da carne suína brasileira tem diversos atestados, entre os quais a exportação do produto para 76 diferentes países em 2008. Ou seja, este assunto precisa ser tratado com a gravidade que lhe é devida.

Precisamos da ajuda de V.Exa, para corrigir um erro grave, de conseqüências sociais e econômicas incalculáveis, ferindo estruturalmente um importante setor da vida econômica brasileira.

Respeitosamente,

IRINEU WESSLER
1º Vice Presidente