1) Nenhuma agência governamental, nem brasileira, nem de âmbito internacional, detectou até agora um caso sequer de contaminação da “Gripe A” por ingestão de carne suína em todo o mundo.
2) Em consequência, não há qualquer registro de que um ser humano tenha adoecido, ou muito menos falecido, em função do consumo direto de carne suína, em nenhuma parte do mundo, incluindo as regiões mais atingidas pela “Gripe A”, como a América do Norte.
3) A Organização Mundial de Saúde(OMS) mantém integralmente os termos do seu comunicado do dia 30 de abril, no qual recomenda “Gripe A (H1N1)” como sendo o nome adequado para esta influenza. A OMS dá curso, desta forma, ao comunicado expedido no dia 27 de abril pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), que considerou “injustificável” o uso do nome “Gripe Suína”. Aquele texto argumenta principalmente que em todas as outras ocasiões semelhantes enfrentadas anteriormente pela humanidade (“Gripe Espanhola”, “Gripe Asiática”, “Gripe de Hong Kong”), foi dado sempre um nome geográfico para a pandemia. A explicação para isto é que tais vírus são sempre, em todas as circunstâncias, um “mix” de elementos genéticos de várias fontes. No caso da “Gripe A”, o vírus é composto por elementos genéticos de origem suína, um de origem humana, um de origem aviária.
4) A Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) entende que o mais importante no atual processo de comunicação de interesse social das notícias em torno da “Gripe A” deve ser preservado sempre, em primeiro lugar, o direito da população à uma informação de qualidade, que promova prioritariamente a sinalização dos mecanismos de prevenção contra a referida gripe.
5) É incontestável que o uso do nome “Gripe Suína” passa a idéia de que o elemento de contaminação da gripe é o produto final, a matéria-prima “carne suína”, enquanto na verdade trata-se de uma gripe contraída exclusivamente, até este momento, através do contato entre humanos.
6) Desta forma, a ABCS não consegue enxergar o benefício social da informação contida no nome “Gripe Suína”, seu fundamento jornalístico, nem tampouco sua propriedade técnica e científica, conforme atestam as duas agências internacionais ligadas ao problema. Porém, a Associação consegue divisar claramente os prejuízos sociais e econômicos que esta campanha massiva e negativa contra o consumo de carne suína está produzindo e produzirá com maior profundidade ainda com o passar do tempo.
7) Parte importante da mídia internacional acompanhou as sugestões de nomes oferecidas pela OMS e pela OIE. A cada dia novos veículos de comunicação adotam esses nomes, abandonando a equivocada versão anterior. Entre estes, destacamos o canal “CNN” e o “Wall Street Journal”, dos EUA; o canal “TF1” e o jornal “Liberation”, da França; o canal “RAI 1” e os jornais “La Republica” e “Corriere della Será”, na Itália; e o “El Pais”, na Espanha. Diante destas considerações, a ABCS lança um apelo à mídia brasileira em geral para que siga a recomendação das entidades internacionais em benefício de uma informação qualificada do ponto de vista de saúde pública e justa dos pontos de vista econômico e social, considerando-se especialmente que perto de 1 milhão de brasileiros gravitam em torno da produção, do consumo e da comercialização de carne suína no pais.
Brasília, 8 de maio de 2009
Irineu Wessler
Presidente da ABCS
Fernando Barros
Diretor de Comunicação e Marketing