Redação AI (19/04/06)- A febre dos preços baixos e das promoções de frango chegou ao fim. Só neste mês, o valor do quilo do produto já subiu 23% no atacado. No varejo, de acordo com supermercados e açougues do Grande ABC consultados, o alimento registrou elevação de até 80% no mês. A previsão é de que a cotação do produto suba ainda mais nos próximos dias.
A alta, de acordo com comerciantes, abatedouros e especialistas, ocorreu devido à recuperação nos preços do frango. Isso porque, desde fevereiro, o item vem apresentando desvalorização constante em razão do avanço da gripe aviária, que já atingiu Ásia, África e Europa. Com os focos da doença, o consumo mundial diminuiu e as exportações brasileiras do item desabaram o Brasil é responsável por 43% das vendas internacionais de frango. A situação resultou em excesso de estoque no mercado interno e, conseqüentemente, em queda dos preços no varejo nacional.
Para ajustar oferta e demanda, sob orientação da UBA (União Brasileira da Avicultura), os avicultores reduziram a produção em cerca de 25%. Com menor disponibilidade do alimento, os preços começaram a se ajustar. Dados do Cepea-Esalq/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo) mostram que os preços do frango no atacado sobem diariamente desde o fim de março. Na primeira semana de abril, o produto já ficou 23% mais caro passou de R$ 1,25 para R$ 1,54.
Pesquisa realizada pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), em 27 supermercados da região, mostra que a alta nas grandes redes é menos expressiva: de 3,5% em abril. O produto foi cotado a R$ 1,68 no final de março e passou para R$ 1,74 nesta semana. O valor, entretanto, ainda não alcançou a cotação do começo deste ano (R$ 2,44).
As informações da Craisa refletem o comportamento médio dos preços. Na Coop (Cooperativa de Consumo), por exemplo, o produto apresentou elevação de 52% em abril custava R$ 1,08 no final de março e atualmente tem preço de R$ 1,65. A alta é uma realidade. Acredito que, a partir de agora, os preços tendem a se estabilizar, avalia o responsável por compras na rede, Valdomiro Sanches Bardini.
O gerente da Casa de Carnes Vila Pires, Valdir Sterci, avalia que os preços nos estabelecimentos especializados subiram ainda mais cerca de 80%. No final de março custava R$ 1,05. Agora está R$ 1,90. Pelas conversas com fornecedores, a tendência é de mais alta. Segundo Sterci, alguns cortes registraram elevação de até 100% neste mês.
Positivo Um dos únicos abatedouros da região, o São Francisco, que processa 15 mil frangos semanalmente para distribuição a feirantes, mercearias e açougues, se beneficiou com a elevação nos preços. Isso porque a empresa comercializa frangos frescos, que custam normalmente cerca de 50% mais do que o resfriado e o congelado, vendidos no varejo da região. Com a reação nos valores do frango em geral, nosso produto voltou a ficar mais competitivo, avalia o sócio-proprietário, Pedro Geraldo Minzon.
De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas do Estado de São Paulo, Manuel Henrique Farias Ramos, a elevação está sendo benéfica também para os produtores. Não podemos ver somente o lado do consumidor. Os preços baixos estavam muito aquém do necessário para cobrir os gastos dos produtores. Se eles quebrassem, não haveria frango. Nos primeiros dias de abril, redes supermercadistas do Grande ABC ofereciam o produto ao preço de R$ 0,99 menor do que o custo para o produtor, que é de R$ 1,05.