Redação (23/10/2008)- A alta da carne bovina está modificando os hábitos de famílias em Dourados, que estão trocando o alimento por frango e peixe. Nos açougues a procura é de 15% a mais depois do aumento médio de 10% no valor da carne bovina na semana passada.
De acordo com o açougueiro Elizeu Martins de Souza toda a vez que o preço da carne sobe o movimento cai 15% nos açougues. “O consumidor chega e vê que o preço está mais caro. Começa a especular os valores e a partir daí, quando percebe que em todos os estabelecimentos houve o reajuste é que volta a comprar. Os 15 primeiros dias de aumento são os mais difíceis para o comerciante, já que o cliente deixa de comprar”, lamenta.
Segundo ele, o aumento na procura pelo frango poderia ser maior se não fosse o reajuste no alimento nas últimas semanas. “As alternativas para o consumidor estão cada vez menores. O frango, um dos produtos que costuma substituir a carne bovina em épocas de alta, subiu 10%. De R$ 2,35, o quilo da iguaria passou a custar R$ 2,60. Já o ovo de galinha teve uma leve redução nos custos. De R$ 3 está sendo comercializado a R$ 2,80”, acrescenta.
É o quinto reajuste do ano. O quilo da carne de segunda como a paleta e o acém, no início do ano custava cerca de R$ 7,50. Agora este valor subiu para R$ 9,50. Com o novo reajuste, o músculo, que até as últimas semanas saia por R$ 6,90, passou a valer R$ 7,80; a costela de R$ 5,90 para R$ 7,50.
Edson Luiz Dutra, proprietário de um supermercado, conta que apesar de alta do frango, os consumidores continuam apostando no alimento, que ainda é mais barato. Nas peixarias do município, a cada alta da carne bovina o movimento aumenta 6%. O empresário Gildo Pimentel conta que a sardinha e a piramutaba são os mais procurados.
De acordo com a moradora Edmara Santos Bueno da Silva, 32 anos, a alta nos preços da carne bovina está obrigando os brasileiros a adotarem novos hábitos. Segundo ela, desde o início do ano, os churrascos de finais de semana foram substituídos por outros pratos como a lasanha e as tortas.
De acordo com o gerente de uma distribuidora de carnes em Dourados, Hermes Araújo, o principal motivo da alta está relacionado a alta do dólar, a crise mundial e a falta de gado nos pastos. Segundo ele, estes fatores afetam todos os setores que envolvem o processo da carne bovina, que “sem o reajuste não resistem à crise”. Em todo o Estado a arroba do boi varia de R$ 86 a R$ 89; o da vaca está entre R$ 81 e R$ 82.