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Mercado Interno

Ampliação da pecuária suína

Produção quer aumentar em 28 mil matrizes nos próximos três anos, para atender o consumo interno. Tema foi discutido no PEC Nordeste.

Ampliação da pecuária suína

Atualmente, o Ceará consome 5,5 quilos de carne suína per capita por ano. Nos próximos três anos, esse número deverá se elevar em 7,5 quilos. Pelo menos, essa é a projeção dos suinocultores cearenses, que pretendem uma expansão do consumo e da produtividade no Estado.

O tema foi discutido, ontem, durante o segundo dia de realização do XV Seminário Nordeste de Pecuária (PEC Nordeste), que acontece até amanhã no Centro de Convenções Edson Queiroz, na Capital.

O presidente da Associação Cearense de Suinocultores e coordenador do PEC Nordeste, Paulo Helder de Alencar Braga, disse que a expansão deverá passar por um aumento no número de matrizes.

Do atual patamar de 8 mil, a expectativa dos produtores é que até 2014 se possa contar com 28 mil matrizes. Atualmente, o rebanho cearense é composto por 80 mil cabeças.

Uma dificuldade sentida pelos produtores é com relação ao manejo do corte. Hoje, o Ceará conta com apenas um frigorífico, onde se leva em conta o abate sem que o animal passe por sofrimento e dor.

“Infelizmente, ainda mantemos uma cultura de não se importar com a dor. Ainda é comum no Ceará, se abater o animal com golpes de machado na cabeça”, alertou Paulo Helder.

Enquanto isso, lembrou que o Ceará não fica nada a dever em termos de tecnologia e matrizes genéticas, comparado a grandes centros desenvolvidos. Contudo, ressaltou que se esbarra numa grande dificuldade, que é o acesso aos insumos, principalmente o milho, constituindo o principal elemento da ração animal.

O presidente da entidade de classe explica que o insumo sai caro, porque é importado de Estados como Goiás, onde se cobra mais caro pelo transporte em caminhões.

Ele explica que uma forma de se baratear os custos seria o transporte por trem, o que ainda não é possível sem a consecução da Transnordestina.

Paulo Helder disse, ainda, que o Ceará possui condições climáticas favoráveis para esse tipo de pecuária, embora o porco prefira lugares frios. Daí que as granjas vem se aparelhando com o uso do chão de cimento e mantendo as condições de higiene de seus recintos.

Enquanto o Ceará registra um consumo de 5,5 quilos per capita por ano, no Brasil se verifica uma média de 14 quilos per capita por ano, um número ainda aquém de países como a Espanha, onde cada pessoa consome, pelo menos, 65 quilos por ano. O encontro que acontece na sua 15ª edição priorizou este ano a suinocultura, como uma forma de alavancar a produção regional.

De acordo com a gestora executiva do Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS), Paula Braga, o Ceará e a Bahia somente agora pretendem ingressar num seleto grupo de grandes produtores brasileiros, formado, atualmente, por somente sete Estados.

“Estamos apostando na diversificação da culinária e na apresentação da carne, que fica longe do imaginário popular de um animal que gosta de locais sujos”, disse.

Para incentivar o consumo e a diversificação da gastronomia à base da carne de porco, o PEC Nordeste introduziu o “Boteco do Suíno”, onde oferece degustação para os visitantes no Centro de Convenções.

Valor menor – Ainda ontem, o consultor Stefan Alexander Rohn, lembrou que o valor da carne suína encontra-se em baixa, mas não por conta das restrições na importação do produto pela Rússia. Ele disse que a queda no preço já vinha se verificando muito antes da adoção dessas medidas, mas que, certamente, se somam ao aumento da oferta no mercado interno e na redução do preço. Com isso, chamou a atenção para que os produtores estejam atentos ao planejamento e antenados àquilo que acontece no mundo, agora com o favorecimento de informações em tempo real através da internet.

O trabalho voltado para o incentivo à suinocultura atraiu também um grande número de visitantes, que utilizaram máquinas digitais ou o uso de aparelhos celulares para registrar o manejo com animais matrizes.

Proveniente da Meruoca, o estudante Valfrido Andrade, 20 anos, disse ter se surpreendido com o tamanho e peso de um animal bem cuidado. “Até agora, minha experiência com suínos se restringia a experiências domésticas e sem o uso de tecnologias de ponta”, afirmou.

Paulo Hélder garante que há, no mínimo, 50 granjas bem estruturadas no Ceará, embora nos últimos anos seis tenham fechado. Com novos incentivos e a melhoria ao acesso aos insumos, ele acredita num incremento não apenas da produção, como também no consumo.

Caravanas – Como coordenador do seminário, ele estimou que este ano o PEC Nordeste deve reunir cerca de 30 mil visitantes nos três dias de realização do evento, atraindo mais de 50 caravanas, dentre estudantes e participantes de todos os Estados nordestinos.

Este ano, o evento trouxe como tema central “Pecuária – O agronegócio do semiárido”, buscando, além da capacitação, proporcionar aos apoiadores, patrocinadores, expositores, participantes, visitantes e parceiros, aulas práticas, oficinas de capacitação e inovação, de temas atuais dentro de cada segmento produtivo.

O PEC Nordeste, como lembrou Paulo Helder, foi criado por iniciativa da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec). “Até hoje, tem sido o espaço de convergência de pecuaristas, pesquisadores, produtores rurais, técnicos e empresários de todo o Nordeste, além de ser um local de discussão e da socialização de temas relevantes”, afirmou.