Redação (08/02/07) – A próxima safra promete ter os títulos agropecuários como grandes financiadores do agronegócio – pelo menos 10% do necessário ao setor. A entrada do Banco do Brasil neste mercado, a partir da metade deste ano, é apontada como responsável por pelo menos metade do potencial de recursos que os papéis podem alavancar em 2007. As estimativas são que, ao final deste ano, o volume de títulos chegue a R$ 15 bilhões – até janeiro tinham sido R$ 3,9 bilhões.
O crescimento verificado apenas em janeiro pela Câmara de Custódia e Liquidação (Cetip) – instituição que, junto com a Bolsa de Mercadoria e Futuros (BM&F) registra os papéis – na ordem de 30% para as letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) já fez o governo rever suas projeções iniciais que eram de R$ 6 bilhões para 2007 e agora passam para R$ 8 bilhões. “A entrada do Banco do Brasil pode significar uma aceleração da entrada dos demais bancos e, com isso, encerrarmos 2007 na faixa de R$ 12 a R$ 15 bilhões em títulos”, avalia Ademiro Vian, consultor-técnico da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Em 2005, quando os papéis foram lançados, o Banco do Brasil chegou a realizar algumas operações com LCAs lastreadas em Cédulas de Produto Rural (CPRs). Na época, o piloto movimentou R$ 140 milhões. Segundo o gerente-executivo de Agronegócios do banco, Rogério Pio, a demanda foi forte, mas a instituição não tinha um sistema que possibilitasse operar em varejo. Desde então, foram feitos estudos técnicos e desenvolvido um sistema de automação para, no início da próxima safra, o banco voltar a operar com os papéis – com os quatro títulos existentes – de modo que qualquer agência possa fazer a emissão.
“O banco resolveu entrar porque é uma forma de alavancarmos recursos para o agronegócio e oferecermos um produto diferenciado ao nosso cliente. Temos a responsabilidade de oferecermos todos os produtos e serviços possíveis, já que somos o maior agente financiador do agronegócio”, afirma Pio. Ele não quis estimar quanto o banco “abocanharia” deste mercado. Segundo Pio, a instituição está testando o sistema e pode até adiantar o início da operação – prevista apenas para a safra 2007/08, que começa em julho. Segundo Pio, as projeções de volume serão feitas quando a instituição definir o Plano de Safra 2007/08.
Para Vian, os títulos agropecuários representam um mercado gigantesco, que tende a crescer de maneira exponencial nos próximos dois anos. “Os administradores de fundos ainda não despertaram para o potencial deste mercado”, afirma. Segundo ele, o grande diferencial destes papéis é a isenção de Imposto de Renda para Pessoa Física, o que reduz os custos em até 20%. “Em um futuro próximo deverão surgir fundos de investimentos com cotas desses recebíveis e o pequeno investidor poderá comprá-las”, acredita Vian.
Apesar de lançados em 2005, os papéis deslancharam nesta safra – foram R$ 2,7 bilhões em emissões até janeiro. Até o momento, os títulos mais procurados são aqueles que têm o lastro do produto armazenado – respondem por R$ 2,4 bilhões dos R$ 3,4 bilhões movimentados entre 2005 e janeiro deste ano. “Os títulos foram lançados no período de crise. Agora, com a nova fase do campo, a tendência é que passem a ser uma vedete de mercado em um curto espaço de tempo”, acredita Vian.