Redação AI (23/03/06)- O VII Simpósio Brasil Sul de Avicultura, agendado para os dias 4, 5 e 6 de abril, no Bristol Lang Palace Hotel em Chapecó, abordará o tema Bem-estar animal em avicultura, com a médica veterinária PhD em Zootecnia, Bettina Gertum Becker, no dia 6, quinta-feira, a partir das 14 horas. O Simpósio é promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários.
A partir do século XX, a agricultura passou a ser praticada em escala industrial e de forma intensiva, aumentando em poucos anos a produção de alimentos para níveis nunca antes imaginados. O excedente de grãos permitiu também a intensificação da produção de aves e suínos. Da mesma forma que na produção de grãos, a preocupação da avicultura industria era aumentar a produção ao máximo e diminuir os custos. Nesse contexto, as aves deveriam adaptar sua fisiologia e seu comportamento às novas tecnologias.
Dentro da produção de animais domésticos, pode-se dizer que a avicultura é a mais especializada e tecnologicamente avançada. Enormes avanços são registrados em pesquisas sobre a genética, nutrição, instalações e manejo das aves de corte e de postura.
Quando o filósofo francês Descartes declarou, no século XVII, que um animal não é nada além de uma máquina, iniciou uma controvérsia que continua até hoje. Por um lado, até há pouco tempo, os envolvidos na avicultura industrial tendiam a considerar frangos e poedeiras como máquinas de produção de carne e de ovos, enquanto que o público consumidor passou fazer pressão sobre a produção baseado em uma visão antropomórfica (do grego ánthrópos, homem, e morphê, forma) dos animais. O papel da etologia (estudo do comportamento de animais domésticos) é romper com estes paradigmas, demonstrando que os animais de produção têm necessidades comportamentais específicas de sua espécies e são capazes de alterar seu comportamento para se adaptarem ao ambiente em que vivem.
Os trabalhos que discutem o bem-estar animal do ponto de vista da ética criaram barreiras para a pesquisa científica, principalmente porque tenderam a enfocar apenas o indivíduo, em vez de tomar decisões em nível de população, ecossistema ou espécie. Por outro lado, alguns cientistas consideram que o sofrimento e outras experiências subjetivas não podem ser objeto de pesquisas científicas e alegam que a ciência pode medir o bem-estar animal como se fosse um conceito puramente empírico.
Segundo a palestrante, a maioria das tentativas dos cientistas de conceituar o bem-estar animal resume-se em três questões principais: os animais devem sentir-se bem, não serem submetidos ao medo, à dor ou estados desagradáveis de forma intensa ou prolongada; os animais devem funcionar bem, no sentido de saúde, crescimento e funcionamento comportamental e fisiológico normal; e os animais devem levar vidas naturais através do desenvolvimento e do uso de suas adaptações naturais.
Na prática, explica Betina, o bem-estar é avaliado por meio de indicadores fisiológicos e comportamentais. No entanto, existe também um grande número de indicações de perturbações no bem-estar de aves na prática comercial da avicultura. Por exemplo, condenações de carcaça devido à arranhões e celulite indicam que houve histeria no galpão e que as aves se amontoaram causando arranhões.
Um maior conhecimento do comportamento das aves que criamos pode nos ajudar a melhorar o seu bem-estar, o que certamente trará benefícios em termos de aumento de produtividade e retornos econômicosobserva a pesquisadora.