Redação AI 21/11/2002 – Avicultores de Santa Catarina que trabalham integrados com a indústria não sentem os efeitos da alta do milho. Já os criadores independentes lutam para se manter no mercado.
Num sistema de integração os avicultores ainda não sentiram os efeitos da alta no preço do milho principal ingrediente da ração e que representa mais de 60% dos custos.
Isso porque quem paga a ração é a empresa avicultora. O avicultor de Chapecó, Ivan Carraro continua engordando em média 7,5 frangos por lote.
“Estamos mantendo a mesma quantidade de frangos e o ganhando em média R$1.100,00 por lote e o intervalo de 8 dias”, diz Ivan.
As grandes empresas integradoras estão mantendo os plantéis com um estoque de milho que pode não ser suficiente para esperar a próxima colheita.
Uma agroindústria tem milho para mais dois meses. E já está se preparando para importar.
“Existem algumas alternativas de milho paraguaio já para dezembro e janeiro. O milho do Paraguai é equivalente ao do mercado interno que é abaixo da importação do milho da Argentina ou dos Estados Unidos”, diz o gerente da empresa, Ricardo Fernandez.
Quem mais está sentindo a alta dos preços, principalmente com a ração, são os agricultores que trabalham com galinhas de postura que produzem ovos para o consumo.
Esses agricultores são independentes e precisam arcar com todas as despesas.
O avicultor Everaldo Surdi, teve que reduzir o número de poedeiras de 25 mil para 18 mil galinhas.
Isso ajudou a economizar 600 quilos de ração por dia. O avicultor tem uma produção de 39 mil dúzias de ovos por mês e recebe em média R$1,30 pela dúzia.
Calcula que só com alimentação para garantir a produção de 12 ovos. O gasto chega a R$ 0,90. Desde o mês de julho ele vem trabalhando com prejuízo.
“Faz 18 anos que a gente está trabalhando com essa atividade e uma crise prolongada como essa nunca passamos. Em função de que a galinha está comendo dólar e está botando real. Estamos lutando de todas as formas para não sair do mercado, mas está muito difícil”, diz o agricultor Everaldo.
O governo já anunciou que pretende reduzir a taxa de importação do milho para 2%.
Hoje, o milho que vem de países de fora do Mercosul paga 9,5% de taxa. A medida vai precisar ser negociada com os demais países do bloco econômico.