Redação AI 29/10/2003 – 22h10 – A avicultura brasileira, considerada uma das mais modernas do mundo em função da adoção do sistema integrado de produção, atende as exigências do importador europeu no que se refere à rastreabilidade. Gerente-geral de garantia da qualidade e segurança alimentar da Sadia, Ivone Delazari, disse, durante entrevista na Agromix – Feira Internacional de Tecnologia Agropecuária, nesta quarta-feira, 29, que a indústria avícola lidera o processo cuja aplicação ainda não é exigida por lei no País. A Agromix realiza-se até sexta-feira no Centro de Exposições da Federação das Indústrias do RS, em Porto Alegre.
“A indústria faz os registros e o integrado mantém a documentação”, explicou a especialista. Acrescentou que técnicos da indústria acompanham o integrado para verificar o cumprimento do programa. “Temos os registros desde a avó e controle de biossegurança”, observou.
A gerente-geral da Sadia disse que as exigências de segurança alimentar feitas pelos importadores europeus levam em conta principalmente três fatores: uso de antibióticos, controle ambiental e utilização de ração feita com grãos geneticamente modificados. “Há solicitação dos importadores para rastrear, chegando até a ração”, afirmou. “O Brasil abastece o mercado europeu que quer saber se há risco de contaminação”. Ivone Delazari disse que a indústria avícola está focada para atender o que é importante para o importador europeu.
Internacionalmente, o processo de rastreabilidade mais adiantado é o da União Européia, cujo programa começou no final de 2002.
Segundo ela, a indústria avícola brasileira, que já adota a rastreabilidade, agora está na fase de avaliação dos custos de implantação de todo o ciclo. O próximo passo é a identificação de todos os processos também a partir da saída do produto do frigorífico. Ivone considera que o maior entrave à expansão do processo é a automação, principalmente no campo, onde os registros de dados ainda são feitos manualmente.
Mercado avícola
De janeiro a setembro deste ano, o Brasil exportou 1,4 milhão de toneladas de carne de frango, um aumento de 27,5% em relação a igual período de 2002. A receita cambial totalizou US$ 1,2 bilhão, o que representou um crescimento de 25,48% em comparação a janeiro-setembro do ano passado. Neste período, o Rio Grande do Sul exportou 377,5 milhões de toneladas e obteve uma receita de US$ 326,6 milhões, significando um incremento de 16,9% em volume e de 14,2% em receita.
Gerenciamento adequado de secagem ajuda a conter ataque de pragas
A capacidade de secagem inferior à produção de grãos, no caso do milho, contribui para o surgimento de doenças e perda de qualidade. Exposto ao sol para secagem direta na lavoura, o grão fica sujeito ao ataque de insetos, vetores naturais de ações fungícas, disse o responsável pela área de pesquisa da cadeia da carne da Syngenta Seeds, Eduardo Botelho. Ele aconselhou o gerenciamento adequado da secagem, por se tratar de uma etapa do processo de produção em que o ataque de pragas pode ser contido, desde que o manejo seja adequado. Disse que em visita ao Mato Grosso, região responsável por 10% da safrinha de milho, constatou que a maioria dos produtores seca o milho na lavoura, comprometendo substancialmente a qualidade do produto. A Syngenta desenvolve pesquisa de sementes e, de acordo com o técnico, os ganhos de produtividade proporcionados pela genética do milho podem chegar a 1% ao ano. A empresa desenvolve um projeto de pesquisa e produção de sementes híbridas com a Avipal. O milho é o mais importante componente da ração animal, contribuindo com cerca de 60% na formulação.
Fiscalização
Os órgão de fiscalização e controle de doenças dos governos federal e estadual, trabalhando de forma integrada com produtores e indústria, podem evitar o combate e o alastramento de focos de doenças, beneficiando toda a cadeia. “É responsabilidade de qualquer pessoas comunicar aos órgãos competentes eventuais suspeitas, disse Adriana Reckziegel, técnica do Departamento de Produção Animal (DPA) da Secretaria da Agricultura e Abastecimento. O DPA iniciou recentemente a monitoria dos plantéis de avés, em conjunto com a Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV), através do Plano Nacional de Saúde Avícola. Uma das ações previstas para o controle efetivo dos plantéis é o cadastramento dos produtores, via GPS, o que facilitará a identificação das propriedades e regiões eventualmente atacadas por doenças.
A observância às exigências internacionais pela indústria, como a não utilização de produtos proibidos ou em doses acima do permitido, evita conflitos bilateriais que acabam onerando a atividade e comprometendo a credibilidade do Brasil, disse o dirigente da ASGAV, Éder Barbon. Atualmente os exportadores de aves gastam US$ 2,5 mil por contêiner, ou o equivalente a US$ 5 milhões por mês, só para avaliar a ausência de nitrofuranos nas cargas. A substância é proibida, mas há cerca de um ano o agente foi encontrado em produtos brasileiros examinados no exterior.