Redação (29/01/07)– A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) vai participar pela primeira vez de uma feira do setor de alimentos em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e realizar um workshop para clientes e potenciais compradores em um hotel da cidade. “A escolha de Dubai partiu do feeling da maioria de nossos associados sobre a estrutura do emirado e as condições operacionais estratégicas”, disse o diretor-executivo da entidade, Antonio Jorge Camardelli.
A feira é a Gulf Food, que vai ocorrer entre os dias 19 e 22 de fevereiro. Já o workshop será realizado no dia 22, com apoio da embaixada do Brasil nos Emirados. Segundo Camardelli, além do consumidor local, as empresas brasileiras estão de olho no potencial representado pelos turistas que visitam o país e por nações vizinhas, já que Dubai pode ser utilizado como centro de distribuição para outros destinos na região.
“Estamos vislumbrando um mercado mais dinâmico, que pode ser no futuro uma central de distribuição para outros países, inclusive o Iraque”, afirmou Camardelli. Daí a realização de duas estratégias de promoção comercial: a participação na feira e o workshop. Isto vai permitir às empresas ter contato com toda a cadeia de potenciais clientes, como traders, atacadistas, varejistas, restaurantes, hotéis e serviços de alimentação de companhias aéreas. Os dois eventos serão desenvolvidos em parceria com a Agência de Promoção das Exportações e Investimentos do Brasil (Apex).
Negócios O workshop, mais do que mostrar, por meio de um churrasco, como se come a carne no Brasil, será um evento de negócios. De acordo com a gerente de marketing da Abiec, Andréa Veríssimo, será realizada uma rodada de negócios entre as empresas brasileiras e locais, depois haverá um evento para a imprensa e uma apresentação feita pelo presidente da entidade, Marcus Vinícius Pratini de Morais. Só depois será servido o almoço com churrasco de carne bovina brasileira. “Serão carnes variadas, todas com certificação halal”, afirmou Camardelli.
Segundo Andréa Veríssimo, a realização de workshops como este traz uma série de vantagens. “Primeiro o investimento é menor do que em uma feira e o evento é focado só na carne brasileira. Na feira você tem ao lado seus concorrentes disputando espaço, no workshop o contato com o cliente é intensivo”, disse. São esperados entre 200 e 300 convidados.
De acordo com ela, a eficácia dos churrascos já foi comprovada em seis eventos semelhantes realizados anteriormente, dois no Egito, um na Argélia e dois na Bulgária. O Egito e a Argélia estão hoje entre os 10 maiores compradores de carne bovina do Brasil. Para Dubai, a Abiec fez uma parceria com o Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), que vai fornecer sucos de frutas variadas durante o workshop.
Já a feira vai contar com um estande de 52 metros quadrados da entidade, mas que poderá chegar a 84 metros quadrados. Pelo menos oito empresas das 19 associadas à Abiec vão participar, mas, de acordo com Andréa, o número poderá crescer até a data do evento.
Mercado que cresce Para avalizar sua decisão de investir em Dubai, a Abiec preparou um estudo que mostra que as vendas para os Emirados Árabes têm aumentado ano a ano de maneira significativa, tanto em termos de volume, quanto no que diz respeito ao faturamento. No ano passado, os embarques de carne bovina brasileira ao país renderam US$ 35,5 milhões, de acordo com o Ministério da Agricultura, ante US$ 20,4 milhões em 2005, US$ 16 milhões em 2004, US$ 11,2 milhões em 2003, US$ 5,8 milhões em 2002 e US$ 4 milhões em 2001.
Segundo a Abiec, em 2005 o Brasil teve uma participação de 66% nas importações de carne bovina dos Emirados, em termos de volume, e de 42% em faturamento, sendo que, em 2001, esta participação era apenas de 7% tanto em quantidade quanto em receitas. Os principais concorrentes do Brasil são Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, China e África do Sul. O Brasil é, no entanto, o maior produtor e exportador mundial de carne bovina. Além da qualidade, o preço é um dos grandes diferenciais do Brasil. Segundo a Abiec, em 2005 o país exportou carne congelada aos Emirados por US$ 2.574 a tonelada, enquanto que os EUA venderam a US$ 7.556 a tonelada e a Austrália a US$ 4.415. No caso da carne fresca ou refrigerada, os preços médios por tonelada praticados em 2005 foram US$ 2.784 pelo Brasil, US$ 5.807 pela Nova Zelândia, US$ 7.709 pelos Estados Unidos e US$ 9.233 pela Austrália, de acordo com a Abiec.
Citando dados do Banco Mundial, o relatório da Abiec lembra que a população dos Emirados saiu de 3,2 milhões de pessoas em 2000 para 4,5 milhões em 2005, aumento acompanhado por um forte crescimento do produto interno bruto (PIB) e da renda per capita. No mesmo sentido, o consumo local de carne bovina passou de 13,7 quilos por habitante em 1985 para 19,4 quilos em 2004.