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Campo vai pesar mais na inflação

<p>Pelo menos até novembro o consumidor brasileiro continuará sofrendo com os preços agropecuários mais altos.</p>

Redação (30/08/07) – Estimativas da RC Consultores apontam para um aumento no índice de preços ao consumidor para patamares de 0,40% em outubro e novembro, ante os 0,25% verificados nos últimos meses diante de cotações mais elevadas nos principais produtos do campo. Nessa quarta-feira (29-08), mais uma vez, os números da Fundação Getúlio Vargas mostraram que os alimentos têm contribuído para a inflação.

O mês de agosto já tem registrado patamares de preços agrícolas valorizados – são os mais elevados desde março de 2005, quando atingiram 7,5%. Segundo o índice da RC, as cotações no atacado acumulam alta de 7% no mês em relação a julho. É a segunda consecutiva – no mês passado o incremento foi de 0,9%. Na comparação com o ano passado, a valorização é de 25,5%.

"Todo ano tem um pouco disso, nesta época, mas desta vez a alta foi ainda mais elevada. Houve uma disparada nos preços em função de uma conjunção de fatores", afirma o economista da RC Consultores, Fábio Silveira. Entre eles estão a oferta restrita de carne bovina – em virtude de entressafra, volume grande exportações e abate de matrizes nos últimos anos – e os preços internacionais mais altos do milho e soja que se refletem também nas cotações dos suínos e frangos; além do início da entressafra de grãos no Brasil, da desvalorização do câmbio após a crise financeira dos Estados Unidos e um aumento da demanda por alimentos no País, decorrente da maior renda.

Silveira explica que, por questões de metodologia, a alta nos preços agrícolas de reflete de forma mais instantânea no Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), que no Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPC-A) – neste há uma diluição das valorizações e que, por isso, o impacto da alta nas cotações do campo será sentida ainda nos próximos meses nele. "O que vem de pressão altista sobre os índices de preços ao consumidor pela frente é maior do que já teve até o momento", conclui.

Pelas projeções da RC Consultores, no período de 45 a 60 dias diminui a pressão das carnes com o fim da entressafra na pecuária de corte. Por outro lado, a consultoria prevê também mudanças nos patamares dos preços agrícolas em um universo de 60 a 75 dias a partir da perspectiva de que a safra brasileira de grãos será mais uma vez recorde – a empresa prevê 144,1 milhões de toneladas. "Isso não significa que os preços vão desabar, mas que se interrompe a série de alta", afirma o economista.

Segundo o levantamento mensal da consultoria, em agosto, as maiores valorizações nos preços agropecuários ocorreram no boi, com alta de 7%, e no leite, 9,6% – ambos são influenciados pela menor disponibilidade de pastagem devido ao "período de seca" tradicional no inverno nas regiões produtoras. No acumulado do ano, o tomate registra o maior incremento nas cotações, com valorização de 50,1%, seguido suínos (20,2%), milho (17,1%) e feijão (11,7%).
No ano, apenas em fevereiro o Índice RC de preços agrícolas no atacado havia sido superior a um dígito. Ocasião em que a taxa foi de 2% – influenciada sobretudo pela valorização da laranja e do frango.