O presidente da Suzano Papel e Celulose, Antonio Maciel Neto, afirmou que a tendência de preços para a celulose no curto prazo é de alta. Após anunciar um reajuste de US$ 30 por tonelada no produto vendido ao mercado asiático a partir de abril, Maciel sinalizou que outros reajustes podem ocorrer até o final do semestre. “É difícil comentar (sobre reajustes), mas acho que a tendência para esse próximo trimestre é de alta”, disse.
A Suzano oficializou na última segunda (26) a decisão de elevar o preço lista (de referência) do insumo vendido para a Ásia de US$ 640 para US$ 670 por tonelada. O aumento naquele mercado reduzirá a partir de abril a diferença entre os preços praticados na Ásia e a cotação do produto na Europa (US$ 760) e nos Estados Unidos (US$ 820 por tonelada). “A Ásia está com preços defasados em relação aos demais. E continuaremos avaliando o mercado”, complementou Maciel.
De acordo com o executivo, o mercado europeu dá sinais de estabilidade de demanda e os Estados Unidos já apresentam alguma recuperação das compras. “Acredito que à medida que o assunto (crise) na Europa se acalmar, a demanda voltará mais forte”, disse. As vendas para a China já apresentaram aceleração nos últimos meses, segundo o executivo.
Capacidade – Maciel também falou sobre os recentes anúncios de novas fábricas de celulose em nível mundial. Esta lista é representada por projetos considerados certos, como a expansão da Eldorado Brasil, da CMPC Celulose Riograndense e da joint venture entre Stora Enso e Arauco no Uruguai, mas também por iniciativas consideradas embrionárias, como a fábrica de uma nova empresa chamada Braxcel Celulose.
“Estão surgindo novos players e que não dependem de disciplina dos fabricantes já existentes. Mas acho difícil que todos esses empreendimentos sejam realizados. Porque, se fizermos as contas e analisarmos a relação entre oferta e demanda, a situação ficará muito complicada para frente”, afirmou.
Questionado sobre a análise de novas empresas, como a Eldorado, de que as atuais empresas do setor estão endividadas e por isso enfrentarão dificuldades para viabilizar novos projetos, Maciel foi direto: “Os bancos vão olhar a viabilidade dos projetos. E se olhamos o balanço dessas empresas um endividamento de R$ 6 bilhões, eles também ficarão endividados”, afirmou. “Só que a relação entre patrimônio e endividamento é diferente”, complementou Maciel, destacando a diferença de porte de uma empresa como a Suzano para uma dessas novas empresa do setor.