Redação (15/02/07) – O Governo do Estado ainda está negociando os valores a serem pagos pelos frigoríficos – próximo a R$ 50 a arroba – e os incentivos fiscais. A estimativa é que sejam abatidos animais de 20 propriedades. Toda região tem hoje 150 mil reses. Inicialmente serão abatidos os cerca de 400 animais que registraram atividade viral.
Hoje o governo inicia a vistoria nas fazendas de Japorã, Mundo Novo e Eldorado. Os três municípios tiveram focos de aftosa em setembro de 2005. No entanto, uma sorologia entre o final do ano passado e janeiro deste ano detectou a presença do vírus na região e, por isso, a necessidade de eliminação destes animais. A atividade viral não significa que os bovinos estejam doentes – a vistoria é que determinará, pois pode ser apenas reação à vacina. Os abates são “comerciais” e não sanitários – quando há restrição do consumo desta carne.
Os preços a serem pagos pelos frigoríficos estão próximos aos cobrados no estado – entre R$ 51 e R$ 52 a arroba. Segundo o diretor da AgraFNP, José Vicente Ferraz, o problema verificado em Mato Grosso do Sul não está se refletindo no mercado de boi gordo nacional.
“Queremos minimizar os riscos e voltar o mais rápido possível ao antigo status. Este episódio já está durando muito tempo”, diz Roberto Bacha, presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro). O estado pretende recuperar o status de livre de febre aftosa com vacinação em maio, quando a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) se reúne. Ontem, o governo brasileiro enviou oficialmente à OIE relatório com as medidas adotadas, seguindo as recomendações da instituição, e reiterando a solicitação do retorno do status, assim como o reconhecimento de Santa Catarina como livre da doença sem vacinação.
O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrisul), Laucídio Coelho, diz que a intenção é “diminuir a lotação de gado desses municípios”. Por isso, a expectativa é que os abates continuem, mesmo depois de eliminados aqueles que tiveram sorologia positiva. Foram recolhidas amostras de 11.449 animais, nas quais 2,7% reagiram ao teste. A maior concentração ocorreu em Japorã, onde o índice foi de 4,9%.
“É uma besteira, pois não há caso clínico. Teria de fazer uma vacinação em massa da região. Não adianta diminuir o número de animais do lado de cá e não do lado de lá (Paraguai)”, diz Antenor Nogueira, presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Segundo ele, os produtores já foram penalizados com a doença. De acordo com Coelho, paralelamente o governo está implantando um sistema de controle na fronteira.