A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgou, nesta quarta-feira (12/07), os resultados dos principais indicadores econômicos do setor: o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) que trata da estimativa de faturamento do setor primário, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio, da pecuária e da agricultura e os resultados da balança comercial do agronegócio no primeiro semestre de 2006.
Segundo a pesquisa realizada pela CNA, apesar do aumento da safra de grãos, estimado em 4,8%, prevê-se, para 2006, uma queda de 4% no faturamento do setor em relação a 2005, calculado sobre os 25 principais produtos da agropecuária.
O principal produto da agropecuária brasileira, em termos de faturamento, continua sendo a carne bovina, no valor de R$ 29,15 bilhões previstos para 2006. Esse número representa uma queda de 8,6% em relação ao faturamento apresentado em 2005. Mais uma vez, o preço pago ao produtor continua sendo a principal causa. Seguindo a ordem de importância de faturamento está a soja, registrando uma queda de 13,9%, o frango (-3%), cana-de-açúcar (+17,3%) e leite (-7,8%). A justificativa para o aumento da cana se deve ao crescimento da safra e da elevação dos preços.
O Produto Interno Bruto registrado no primeiro quadrimestre de 2006 registrou queda generalizada na pecuária (-1,48%), agricultura (-1,42%) e consequentemente no agronegócio (-0,69%). As quedas projetam, para 2006, uma redução no PIB do agronegócio em 1,94%, ou perda de R$ 10,43 bilhões em relação ao mesmo período de 2005.
A justificativa para essa queda se concentra no setor primário, e menos no setor de insumos e distribuição que começa a sentir os efeitos. Com isso, o PIB da agropecuária atinge uma projeção negativa para 2006, com queda prevista de 4,27%, ou R$ 6,54 bilhões. As causas são as mesmas do faturamento: queda de preços.
Em relação à balança comercial do agronegócio, os dados acumulados no primeiro semestre de 2006 registram exportações recordes, embora decrescentes. De janeiro a junho de 2006, as exportações do agronegócio foram de US$ 21,35 bilhões, com um crescimento de 5,7% em relação ao mesmo período no ano passado. No mesmo período do ano anterior, as exportações do primeiro semestre haviam crescido 13,5% em relação a 2004. Essa redução no ritmo de crescimento das exportações reduziu a participação das exportações do agronegócio nas exportações totais brasileiras de 37,6% para 35%. Já as importações do agronegócio registraram crescimento de 20%, enquanto no ano anterior haviam crescido apenas 2,9%.
Os destaques positivos na balança comercial são o açúcar e o álcool, com crescimento de 21,8%, e o complexo soja, com aumento de 17% no grão e queda no farelo e no óleo. De acordo com a CNA, as distorções na tributação dentro do complexo soja desestimula a industrialização da soja no Brasil, fazendo com que o farelo e o óleo percam força no exterior e o país acabe exportando cada vez mais matéria prima.
A balança das carnes se manteve estável (+ 16,3%), com destaque para a carne bovina. O crescimento se deve ao aumento no preço médio da tonelada exportada. O destaque negativo fica com a carne suína (-26,5%), em decorrência do embargo da Rússia ao produto brasileiro.