O consumidor sentirá no bolso os efeitos da seca que atinge o Rio Grande do Sul. Como a falta de chuva reduz a oferta de alimento aos animais e gera perdas nas lavouras, frango e ovos devem subir cerca de 15% a partir de segunda, dia 16, enquanto o leite tende a ficar até 10% mais caro até fevereiro.
No caso da avicultura, a principal causa é a quebra na lavoura de milho no Estado. Com a disparada do preço do grão, que responde por cerca de 30% do custo de produção das empresas, a indústria sustenta que será necessário repasse de preços.
“O milho estava em torno de R$ 26 a R$ 27 o saco no fim de novembro, início de dezembro, e agora chega a R$ 34 pelo alarme sobre a queda da safra. Não tem jeito. Frangos e ovos vão subir”,. diz o diretor executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Eduardo Santos, revelando que o problema foi discutido na tarde dessa terça, dia 10, pela entidade, juntamente com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e com a Comissão de Agricultura da Assembleia.
O Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos informa que, por enquanto, não há previsão de aumento da carne de porco por ser um período de baixo consumo, mas se os custos continuarem altos, o repasse será inevitável.
No caso do leite, a situação só não é mais grave agora porque as lavouras de milho perdidas são usadas como alternativa para alimentar os animais em forma de silagem devido ao mau estado das pastagens. Mesmo assim, um levantamento realizado nessa terça pelo Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat-RS) mostra que a captação, hoje, é de 8,5 milhões de litros por dia, um milhão a menos do que o normal para o período.
O problema, lembra o secretário executivo da entidade, Darlan Palharini, é que esta reserva de alimento acabará nos próximos meses. O aumento dos preços, previsto até fevereiro, também ocorrerá pela impossibilidade de outros centros estabilizarem a oferta.
“Em Minas Gerais, a dificuldade é pelo excesso de chuvas. E a Argentina também está sofrendo com a seca”, explica Palharini.
O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, diz que já esperava um aumento do leite, mas entende que o no caso da carne de frango pode não chegar aos 15% previstos pela Asgav.
“Esses 15% até podem ser a necessidade, mas o consumidor pode optar por outra carne e também pode vir o produto de fora do Estado”, entende.
Cesa Longo não descarta que o aumento atinja o óleo de soja pela previsão de safra menor na América do Sul.