No Vale do Taquari, na região central do Rio Grande do Sul, a cooperativa Cosuel, dona da marca Dália Alimentos, vai investir em aves pela primeira vez em 70 anos de história. E com um modelo diferente do praticado pelo mercado.
Batizado de projeto ASA, América Sociedade Avícola, em homenagens aos imigrantes italianos, alemães e portugueses, que colonizaram a região, toda matéria-prima do novo frigorífico será fornecido por condomínios avícolas.
Segundo Igor Estevan Weingartner, gerente da divisão de produção agropecuária da Cosuel, a região do Vale do Taquari sempre teve uma vocação para suínos, leite e aves. No entanto, a última atividade não era contemplada.
Foi em 2015, então, que o ambicioso projeto foi lançado e, atualmente, estão sendo investidos mais de R$ 100 milhões na construção de um frigorífico de aves, fábrica de rações e de farinha. A nova estrutura terá capacidade para abater até 100 mil aves por dia. No entanto, as operações vão começar com 50 mil. Mais de 550 postos de trabalho serão criados.
“Sempre enxergamos no frango um negócio mais fácil. É uma proteína com grande aceitação nacional e internacional. Com um ciclo financeiro mais curto, fica mais fácil controlar a produção de acordo com a oferta e a demanda. Como já temos centros de distribuição no país inteiro e um departamento de exportação ativo, ficou mais fácil anexar outra atividade financeira”, explica.
Condomínios de frango: como funciona
Todo o frango utilizado na linha de produção da Dália Alimentos será fornecido por condomínios avícolas. Diferente do atual modelo de integração ou cooperativista, o condomínio é uma sociedade de produtores. Todo condomínio tem presidente, vice-presidente e tesoureiro eleitos, assim como estatutos. Embora seja cooperada, cada associação funciona como uma empresa, onde todos os produtores tem uma cota.
No projeto ASA, serão nove condomínios em nove cidades da região. Cada um terá oito pavilhões com 2.480 metros quadrados e capacidade para 275 mil aves por lote, sendo 35,5 mil alojadas em cada um. O investimento será de aproximadamente R$ 6 milhões por núcleo de produção. Em cada grupo, a cooperativa tem uma cota, sendo, assim, participante dos empreendimentos. Cada condomínio tem entre 20 e 25 produtores associados, com cotas idênticas.
De acordo com Igor Weingartner, a grande vantagem do modelo é a economia. “Nós economizamos com funcionários, com logística, com escala, com a padronização. Imagina se tivéssemos 70 cooperados, cada granja em uma cidade diferente, perderíamos com deslocamentos, com número de assistências, com as diferenças entre as granjas. Neste modelo, temos maior rastreabilidade do produto e mais vantagens competitivas, com a diminuição dos custos”.
Outra vantagem citada pelo técnico em Agropecuária da Cosuel, Vanderlei Michelon, é o benefício social. “Os produtores são pequenos. O custo para entrar no condomínio é menor do que montar uma granja na propriedade. É a chance de o pequeno investir num negócio grande e elevar a renda familiar”, explica.
No caso dos condomínios, as prefeituras das cidades onde são instalados atuam como parceiras. Elas fornecem o terreno, terraplanagem, água, luz e acesso. Em contrapartida, recolhem impostos.