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Congresso Sindag fecha o primeiro dia com boas notícias para a Aviação Agrícola

<p>O evento reúne 1,2 mil pessoas, entre pilotos, mecânicos, empresários e representantes de entidades do setor e de órgãos governamentais do Brasil e do Mercosul.</p>

Redação (07/08/2008) – Os anúncios da criação de um departamento específico para a aviação agrícola dentro da Agência Nacional e Aviação Civil (Anac) e da oficialização do termo de cooperação entre o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) foram os destaques no primeiro dia da programação do Congresso Mercosul de Aviação Agrícola 2008, que vai até sexta-feira, em Foz do Iguaçu, no Paraná.

O evento reúne 1,2 mil pessoas, entre pilotos, mecânicos, empresários e representantes de entidades do setor e de órgãos governamentais do Brasil e do Mercosul (Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai). Os anúncios ocorreram durante as palestras da tarde de terça-feira. Primeiro, na participação do superintendente de Serviços Operacionais da Anac, Ten. Cel. Carlos Eduardo M. Pellegrino. Segundo ele, a Anac deve ganhar um novo organograma, onde surgiria, dentro de sua Superitendência, uma Gerência de Aviação Geral. “Dentro dessa gerência, vai-se então, criar um Departamento de Aviação Agrícola.” A decisão deve ser oficializada nos próximos dias. O departamento específico para o setor é uma luta antiga do Sindag, para dar mais agilidade aos pleitos junto a Anac.

Já a parceria entre Sindag e Embrapa foi o tema da palestra dos representantes da estatal, Amélio Dall´Agnol e José Roberto Garbin. O acordo havia sido oficializado no final de julho, quando foi publicado no Diário Oficial da União e prevê parceria em projetos de testes e ensaios de equipamento, além da avaliação de aeronaves equipadas e criação de novas tecnologias. O acordo inclui também seminários, encontros e palestras para divulgação de todos os resultados obtidos.

Mercado e qualificação

A terça-feira teve, pela manhã, três apresentações. Os norte-americanos Alan McCracken e Tim Sander abriram a programação do dia, às 9 horas, com o tema Visão do Futuro da Aviação Agrícola Mundial. Sander abordou os desafios e oportunidades para a aviação agrícola, lembrando que atualmente existem cerca de 10 mil aeronaves operando no setor, em todo o mundo. Segundo ele, 4,5 mil desses aparelhos estariam nos Estados Unidos, mas os países do Mercosul já respondem por 17% desse bolo. Fatia que, segundo ele, tende a crescer, mas precisa enfrentar desafios como o alto preço dos combustíveis e a oneração dos seguros das aeronaves, que praticamente dobrou desde 2001.

Alan McCracken também falou sobre o mercado em crescimento. Ele traçou um histórico do desenvolvimento das aeronaves agrícolas e mencionou que, nos Estados Unidos, o setor cresceu 400% somente no último ano. Além do aumento da demanda por aplicações aéreas em lavouras tradicionais, McCracken lembrou que as aeronaves estão sendo cada vez mais valorizados como armas contra novas pragas e tento sua eficácia comprovada contra problemas de lavouras onde a aviação não era tão atuante.

“Por exemplo, no controle da Greening, que ataca os pomares de cítricos (laranjas, tangerinas e limões).” A doença, que pode matar uma árvore em seis semanas, é originária da Ásia e chegou ao Brasil em 2004. “Com avião, pode-se aplicar rapidamente o defensivo em uma lavoura, antes que os insetos (que transportam a bactéria que causa a doença) levem o problema para outra plantação”, assinalou McCracken. Os norte-americanos também enfatizaram a necessidade de qualificação constante do setor.

Sindag e Mercosul

A palestra seguinte, que teve início às 10h15, abordou o tema Perspectivas da Aviação Agrícola no Mercosul. A mesa foi composta pelo presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola do Brasil (Sindag), Júlio Kmpf; pelo presidente da Federación Argentina de Cámaras Agroaéreas (Fearca), Orlando Placido Martinez, e pelo presidente da Asociacion Nacional de Empresas Privadas Aeroagricolas (Anepa), Juan Chalkling.

Martinez abriu falando sobre a necessidade do setor ter um compromisso social assumido. Não só na questão de agente do sistema produtor de alimentos, mas também na questão ambiental. “Temos que proteger as culturas agrícolas, mas usar sempre agentes compatíveis com o meio ambiente.” O representante argentino também falou sobre o trabalho feito junto às comunidades perto das áreas onde atua a aviação agrícola. “As pessoas precisam conhecer o que fazemos. Assim podemos incentivar a formação de novos pilotos, homens e mulheres.” Martinez também assinalou que essa integração com a comunidade tende a fortalecer a qualificação do setor. “Todo mundo passa a estar de olho, então, até as próprias empresas químicas passam a ter mais cuidado ao trabalhar com componentes que não agridam a natureza.”

O representante uruguaio afirmou que o cenário agrícola em seu país não é diferente do resto do mundo, experimentando um crescimento na produção. Isso afeta diretamente a aviação. “Leva cinco anos para se formar um piloto agrícola e cada vez mais se necessita de maior preocupação com as necessidades do meio ambiente”, salientou Juan Chalkling. Isso, segundo ele, ao passo que operadores de máquinas terrestres têm bem menos qualificação. Não só quanto a formação de operador de trator (que não necessita anos de curso), como sua falta de conhecimento técnico quanto aos produtos aplicados, técnicas e danos ao meio ambiente. “É dever de todos nós lutarmos por essa qualificação”, resumiu Chalkling.

Já o presidente do Sindag, Júlio Kmpf, fechou a palestra traçando o quadro da aviação agrícola no Brasil. “Temos atualmente em operação 1,2 mil aeronaves. É uma estimativa, já que não se tem um valor exato. E hoje, no Brasil, somente 10% das lavouras tratadas com defensivos têm aplicação feita por aviões.” O percentual representa 20 milhões de hectares, nos quais também se espera crescimento nos próximos anos. “Se levarmos em conta o aumento da produtividade por hectare, serão necessários 1.530 aviões operando até 2013.”

Kmpf lembrou ainda das novas perspectivas de mercado, como na utilização de aviões no combate ao mosquito da dengue e no combate a incêndios florestais, como já ocorre em outros países. “O Sindag tem também atuado em diversas frentes, como na questão da uniformização das normas federal e estaduais para fiscalizar o setor.” As informações são da assessoria de imprensa do evento.