Redação SI 10/03/2004 – 14h00 – Veja a íntegra do comunicado que o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Wolmir de Souza, divulgou à imprensa:
“Talvez seja ainda um pouco cedo para tecer comentários sobre o mercado suinícola, mas cabe algumas considerações neste momento transitório. Momento em que se vive ainda o passado de notícias e de situações trágicas da suinocultura, para momentos de esperança e de boas perspectivas.
É tempo de reavaliar, é tempo de rever notícias dos jornais, tempo de lembrar de comentários feitos à luz do conhecimento de quem é mestre em mercado.
Quem somos nós, que estamos há apenas 10 meses frente à uma entidade de classe e que não temos os mesmos conhecimentos e nem o mesmo espaço dentro da economia e do mercado mundial? Muitas vezes, as portas que nos levam a estes caminhos são fechadas, cabendo-nos apenas o dever de produzir, obedecendo as regras do mercado. Mercado este, muitas vezes, manipulado pelo poder de quem tem caminhos limpos e portas escancaradas, tornando-nos reféns do nosso conhecimento. É preciso posicionar-nos. Temos que ter nossa opinião, tentar identificar os pontos que estrangulam nossa economia e buscar resolvê-los. Essa é a função de uma entidade.
Seria muito mais cômodo dizer o que os outros pregam e agir da mesma forma. Basta folhear algumas páginas para trás dos jornais que falam da nossa suinocultura e veremos posições e perspectivas trágicas para a atividade suinícola. Posições de quem manipula as informações em busca de reflexo favorável à sua classe e de lideranças não comprometidas com o setor e, que falam a mesma língua, até para não exigirem de si mesmo um propósito mais firme em defesa da nossa classe produtiva.
Alguns pontos precisam ser lembrados e analisados para que tenhamos ao menos um senso critico e não deixar nossos ouvidos tão sensíveis as inverdades. Quando a Rússia estipulou cotas para a carne suína brasileira, prejudicando nossas exportações, fazendo com que o preço pago ao produtor despencasse R$ 0,20, o fez também com o mercado de frango. No entanto, não se fez tamanhos comentários negativos, pois sabemos que a avicultura em nosso Estado é totalmente verticalizada e o comentário a esse respeito não traria maiores reflexos.
Onde estão os mais de dois milhões de cabeças de suínos represadas e as 644 toneladas de carcaças que sobram por dia, segundo informações do O Jornal, de Concórdia (07/02/2004, página 09), repassadas pelo Sindicarnes, que sinalizavam nova queda no preço do suíno?
O que se vê é uma considerável falta de suínos com o mercado paralelo pagando em torno de R$ 2,05 por quilo vivo, mercado esse que abastece parte das nossas próprias agroindústrias, que hora querem exterminar o produtor independente, hora pagam muito mais pelo seu suíno que do próprio integrado.
E a tão falada redução de plantel, que na prática de quem domina a produção não acontece, mas pregam como fator essencial, tão essencial quanto à redução do peso de carcaça em quatro quilos, assinalada como intenção, frente ao Ministro da Agricultura, mas que na prática obriga o produtor a aumentar em até 15 quilos?
É preciso posicionar-nos: é nosso dever colocarmo-nos lado a lado com o nosso produtor, alertá-lo quanto aos problemas, mas não nos esconder atrás de supostas crises, achando que nada pode ser feito. Esse é o momento em que começa se concretizar o que sempre acreditei e defendi: teremos um bom ano para nossa suinocultura, mas depende de nós”.