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Cotações do suíno no mercado catarinense caem

Preço do animal vivo registrou queda de R$ 3,20 para R$ 2,80 o quilo após início do embargo da Rússia.

Redação SIO 23/09/2004 – O embargo russo às carnes brasileiras já provoca queda de preços no mercado de suínos de Santa Catarina. O quilo do suíno vivo pago ao produtor independente, que havia atingido R$ 3,20 – patamar recorde em agosto – , voltou a R$ 2,80, de acordo com a Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS). A suspensão dos embarques, iniciada na segunda-feira, foi motivada pela descoberta de um foco de febre aftosa na cidade Careiro do Várzea, no Amazonas.

Produtores catarinenses, como Edílson Spironello, de São José dos Cedros, dizem que as empresas se aproveitaram da situação e baixaram o preço pago pelo suíno. “O impacto do embargo na comercialização da indústria não é imediato. E tem gente que nem exporta para a Rússia e que parou de comprar, querendo pagar menos”, afirma. Dono de um plantel de 500 matrizes, Spironello diz que chegou a vender o quilo vivo do suíno a R$ 3,20 no início do mês e agora ele não sai por mais que R$ 2,80. “Antes todo mundo queria produto. Agora, estamos tendo que ligar e implorar para que comprem”. Ele calcula que terá uma redução de R$ 40 mil em sua receita mensal por causa do preço mais baixo.

Os produtores independentes, conforme o presidente da ACCS, Volmir de Souza, foram os mais afetados até agora pelo embargo russo. Ele explica que este mercado está mais vulnerável porque não há um compromisso da indústria com este produtor, como ocorre nos chamados produtores integrados – que têm parcerias com os frigoríficos. “A indústria antes estava correndo atrás do independente para dar conta da demanda do mercado. E teve que bancar compras mais caras. Mas agora o processo se inverteu, ” comenta.

O produtor Gervásio Zanella, do município de Águas Frias, diz que o embargo ocasionou uma superoferta de suínos no mercado. “Quem tinha animal de 120 quilos (pronto para abate) para vender, estava esperando mais tempo porque achava que o preço subiria mais”, diz. Com o embargo, o produtor colocou o animal para venda com medo de queda maior de preços e também passou a ofertar suínos pensando 90 e 100 quilos.

O próprio Zanella diz que estava esperando os preços aumentarem mais. No seu plantel, ele explica, estão sobrando 700 animais gordos, com 100 quilos, hoje à espera de comprador. “Mas vou esperar mais uns 30 dias para vender a um preço melhor”, diz.

No porto de Itajaí, há dois navios russos, um atracado e outro ao largo, à espera de berço de atracação. As carnes que já estavam no porto para embarque estão sendo enviadas a Rússia sem restrição. Um dos navios começou o carregamento de congelados – 7 mil toneladas – e deve finalizar no sábado o embarque.

De acordo com o vice-presidente da Coopercentral Aurora, Mário Lanznaster, as 4 mil toneladas da indústria que estavam no porto estão sendo embarcadas. A Aurora pretende continuar abatendo 9,5 mil cabeças-dia mesmo com o embargo. “Vamos colocar a carne nas câmaras frias e se não houver normalização, vamos colocar o produto no mercado interno, o que não será bom para a indústria, nem para o produtor porque irá diminuir o preço do quilo”.

Lanznaster diz que a Aurora não parou de comprar suínos de produtores independentes, mas está pagando um preço mais baixo em função do mercado. Para ele, o embargo seria uma forma de a Rússia barganhar preço com o Brasil. “Em 2003, pagavam US$ 800/ tonelada de carcaça suína e neste ano já estavam pagando US$ 1,7 mil por tonelada”, afirma.

De janeiro a agosto, a Rússia importou do Brasil 199,5 mil toneladas de carne suína, 61% do total embarcado pelo país.