A queda dos custos da energia renovável permitirá cada vez mais aos projetos de geração eólica e solar ganhar dinheiro sem os atuais subsídios, disseram executivos graduados da indústria de energia da Europa.
As grandes empresas do setor estão mais confiantes de que a energia renovável conseguirá atrair investimentos crescentes independentemente das políticas governamentais.
Peter Terium, executivo-chefe da Innogy da Alemanha, e Francesco Starece, seu colega da Enel da Itália, afirmam que a energia renovável terá de competir por vantagens econômicas com as fontes tradicionais de eletricidade, na medida em que os subsídios forem sendo retirados.
O anúncio feito este ano de que dois parques eólicos deverão ser construídos na Alemanha e vão operar sem subsídios, é um sinal do que vem por aí, disseram os dois executivos.
Em uma conferência sobre energia renovável realizada em Londres, na semana passada, Leonhard Birnbaum, diretor operacional de renováveis da Eon da Alemanha, também disse que as energias eólica e solar poderão prosperar sem ajuda.
“Nenhum outro setor tem retornos garantidos”, disse ele. “As energias renováveis sem subsídios precisam ser viáveis, caso contrário ficaríamos pedindo subsídios eternamente e não podemos esperar isso.”
Uma pesquisa divulgada na conferência pela Bloomberg New Energy Finance, projeta grandes quedas nos custos de geração de energias renováveis na medida do amadurecimento do setor.
As energias renováveis deverão receber quase três quartos dos investimentos globais de US$ 10,2 trilhões em novas tecnologias geradoras de energia até 2040. Nesse período, o custo da energia solar deverá cair mais 66% e o da geração de energia eólica em terra 47%, deixando para trás, até 2030, a maioria das usinas geradoras de energia que usam combustíveis fósseis.
Jérôme Pécresse, executivo-chefe de energia renovável da General Electric (GE), fabricante de turbinas eólicas, diz que a queda dos custos das energias renováveis superaram as intervenções políticas como principal força motriz por trás da revolução verde.
A GE pretende seguir com um projeto eólico de 2 gigawatts em Oklahoma – um dos maiores do mundo -, apesar da falta de apoio às energias renováveis da administração do presidente americano Donald Trump, que prefere os combustíveis fósseis.
Pécresse afirma que o projeto de Oklahoma “faz sentido em termos de custo de tecnologia”, e acrescenta: “O impacto da política está se tornando cada vez menos importante”.
a pesquisa da Bloomberg também prevê que a queda dos preços das baterias tornará os automóveis elétricos mais baratos do que os movidos a motores de combustão interna na maioria dos países até 2025-29. Isso levará os carros elétricos a representar por mais da metade das vendas de automóveis no mundo até 2040.
Starece disse que a Enel está investindo em 10 mil pontos de recarga elétrica na Itália, em suporte ao lançamento dos carros elétricos. Terium disse que a Innogy tem planos parecidos.
A infraestrutura para os carros elétricos é algo que “poderemos deixar para os chineses ou os coreanos em algum momento”, mas no curto prazo é importante estabelecer os padrões tecnológicos e ajudar a formar o mercado, disse Terium.
O executivo acrescentou que a mudança dos combustíveis fósseis para a energia elétrica no transporte rodoviário – cada vez mais vista como uma ameaça de longo prazo aos produtores de petróleo e gás – é uma grande oportunidade de crescimento para as companhias de serviços públicos.