Redação SI (18/07/06)- A Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS) não vê com bons olhos a possível compra da Perdigão pela Sadia. “A indústria vai ficar ainda mais concentrada, e os criadores terão menos empresas para negociar a produção”, justifica Wolmir de Souza, presidente da entidade.
Santa Catarina é o maior produtor de suínos do País, com uma fatia de 25% dos abates, que chegam a 560 mil animais por mês, em média. A maioria dos produtores do Estado vende a produção para cinco grandes empresas: Sadia, Perdigão, Seara, Aurora e Pamplona.
“Compreendo que do ponto de vista do mercado internacional a fusão de Sadia e Perdigão pode criar uma empresa mais competitiva e agressiva. Mas para o produtor a situação vai piorar”, avalia o presidente da ACCS. “O ideal seria que tivéssemos mais empresas para quem vender e não menos”.
A possibilidade de uma fusão entre as duas maiores empresas processadoras de suínos do país ocorre justo quando a suinocultora catarinense vive uma forte crise, provocada pelo aparecimento de casos de aftosa no Paraná e Mato Grosso do Sul no final do ano passado. Desde então, a Rússia proibiu as importações do Estado, o preço do suíno vivo caiu pela metade e os produtores se viram às voltas com um estoque de mais de 100 mil animais.
O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Rubens Valentini, não acredita que haverá grande mudança, para melhor ou para pior, para os criadores de suínos. “Hoje, um produtor integrado não tem flexibilidade para sair de uma empresa para outra e os produtores independentes têm que seguir os preços do mercado”, diz. O preço do suíno, argumenta, é definido pelo sindicato da indústria processadora de carne de Santa Catarina (Sindicarnes) e esse valor serve de referência para o país inteiro.
Sob outro aspecto, Valentini acredita que a fusão de Sadia e Perdigão pode beneficiar o produtor ao criar uma empresa mais competitiva, com aumento das exportações. “No mercado externo não agimos como um país inteligente até agora. Há certo canibalismo”, diz, referindo-se à guerra de preços entre as empresas para conseguir mais mercados. Juntas, Sadia e Perdigão processaram cerca de 920 mil toneladas de carne suína em 2005, cerca de um terço da produção nacional, de 2,708 milhões de toneladas.