Redação SI (31/03/06) – O produtor independente de suínos, Euclécio Pelizza, de Xavantina (SC), começou a incentivar entre seus integrados o envio de fêmeas para abate. Ele, que além de produzir compra animais de 97 pequenos produtores e vende para indústrias, diz que a situação está desesperadora e é preciso reduzir as matrizes.
Com o embargo russo, os preços aos produtores derreteram. Nesta semana, o animal já engordado, pronto para o abate, era vendido a R$ 1,20, valor mais baixo desde o início do embargo. Embora o preço estabelecido pelo Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados (Sindicarnes/SC) fosse de R$ 1,50, era difícil encontrar quem estivesse de fato conseguindo vender a esse valor.
A queda vem sendo gradual. De R$ 1,70 em dezembro, a cotação recuou para R$ 1,65 em fevereiro, para R$ 1,60 na semana passada, e na segunda-feira, para R$ 1,20.
A situação é inversa ao que os independentes viviam nos últimos anos, quando chegavam a vender a um preço cerca de 30% superior ao estabelecido pelo Sindicarnes. Com o cenário, piorado nos últimos dez dias, Pelizza pretende reduzir a produção em 40%. As vendas diárias de 350 animais devem cair para 200. “Estamos tendo prejuízo de R$ 60 por suíno”, afirma.
Outro agravante é o reflexo nos demais mercados. As agroindústrias paulistas estão pagando hoje praticamente o mesmo preço pelo quilo do suíno vivo que as catarinenses. “A diferença de preços tinha que ser de R$ 0,40 para compensar o frete. Hoje, ela estreitou e fica em R$ 0,10”.
Para o presidente da Organização das Cooperativas de Santa Catarina (Ocesc), Neivor Canton, o baixo custo de produção de suínos é o fator que ainda faz com que alguns produtores resistam diante da crise na parte comercial. Segundo ele, ainda não há no Estado redução dos plantéis. As agroindústrias em geral já reduziram o abate e, por enquanto, não devem aumentá-lo, já que não há sinais claros de que o mercado russo irá ser reaberto – e, se de fato for, não se sabe a que preço as vendas sairão.