Da Redação 19/11/2002 – O consumidor sul-matogrossense já está sendo afetado diretamente pela “crise do milho”, desencadeada no Estado, com a escassez generalizada de grãos no País. O reflexo imediato deste quadro crítico na cadeia de produção é a alta de 22% no preço do quilo do frango abatido, que passou de R$ 1,80 em outubro para R$ 2,20, cotado ontem no atacado. Com isso, nas gôndolas de açougues e supermercados, o produto dificilmente é encontrado por menos de R$ 2,50 (a não ser em promoções). E os analistas avisam que a tendência é de novos aumentos em breve.
Outro produto que também será o próximo na lista de reajustes é a carne suína, que hoje está em promoção por menos de R$ 4 nos supermercados, mas deve ter reajuste na próxima semana. Atualmente o preço do suíno se mantém inalterado, mesmo diante das dificuldades na produção. Para se ter uma idéia, o custo de produção de um suíno de 100 quilos hoje seria de R$ 190, enquanto o preço pago no atacado estaria em R$ 150.
O motivo é a queda na produção, provocada pela falta de grãos. É que o Estado, assim como o restante do País, passa por uma escassez generalizada do produto, em função de produções baixas na safrinha e queda significativa no plantio da safra de verão. Além disso, o estoque regulador da Conab no Estado, que é de 117 mil toneladas, está sob o risco de ser retomado para ser leiloado no restante do País.
Diante da situação, o que se vê no setor de avicultura e suinocultura é preocupação dos produtores, que estão reduzindo a produção por falta de milho, demitindo funcionários e até fechando granjas.
Preços
Segundo Aldoir Czizeski, que atua como vendedor no setor de aves, a alta dos preços do frango no atacado foi de 22% em apenas 30 dias. “O valor do quilo abatido chega hoje a R$ 2,20”, destacou, lembrando que mesmo assim o mercado está comprador.
Ele destaca que normalmente em novembro há uma redução na compra de frangos, para que os varejistas adquiram mais carnes especiais, como peru, chester e também suínos, como lombo e pernil. No entanto, este ano a situação é atípica. “Estamos vendendo frango como nunca, mesmo diante dos aumentos de preço, e a tabela que muda quase toda semana”, frisou. Czizeski evita falar também sobre os preços das aves especiais. “Com esta indefinição no mercado, não sabemos nem como será a tabela destes produtos daqui pra frente, com a escassez de milho”, conclui.